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Palavra do leitor

Na rua com Jesus

Há um dilema interessante quando misturamos a necessidade de evangelizar com a possibilidade dos resultados desse serviço alterar nossas vidas; gente de todo tipo todos os dias vem pra Jesus como resultado dos esforços da Igreja no evangelismo. Eu sei que há certo modismo nesse trem de serem crentes; lá em Minas uns amigos se entusiasmaram e inventaram de serem crentes, mas durou pouco, vida dura não atrai muita gente. Moda passa.

Diferente da maioria das religiões, o Evangelho atrai qualquer um, independente da raça, nacionalidade, estampa social ou quantidade e gravidade de problemas, todos igualmente são atraídos pela cruz e para a cruz. Enquanto nós selecionamos e blindamos nosso círculo, Jesus arrebanha, “tá nem aí de onde o sujeito veio”. Não dá é pra falar do amor de Jesus, o Cristo de Deus e ignorar o que vem depois; a boa notícia alcança e refrigera a alma de todos os sobrecarregados e cansados.

Ando por aí, pelas igrejas a falar do que fazemos aqui na Missão Vida: Recuperação de Mendigos. É isso que fazemos aqui. Falo da simplicidade do Evangelho e da complexidade da recuperação, um processo demorado, doloroso e continuado. Quase ninguém se envolve efetivamente neste serviço do Reino; as implicações de evangelizar e cuidar e conviver.
Infinitamente menos desconfortável é gastar energia e tempo em abordagens periféricas; nulidades repetidas exaustivamente não ameaçam nosso padrão crente de viver inutilmente. Vez em quando Deus, inesperado como Ele só, me surpreende com notícias muito boas.

Diogo da Gisele me ligou, cedo demais até pra mim que madrugo, o moço estava eufórico, ligou pra pedir vagas pra moradores de rua, pois ele e vários irmãos e várias irmãs (incluam adolescentes aí), da Cristã Evangélica de Brasília saíram de madrugada pelas ruas da asa norte levando comida, agasalhos em bom estado e palavras de vida eterna.

Diogo estava ansioso pra contar da reação da turma, a perplexidade tomou-lhes, assustaram-se com a quantidade de gente que mora nas ruas, vive nas ruas, rouba e usa drogas nas ruas, e provavelmente morrerá nas ruas. Gente assim desaparece quando o sol aparece e se cala quando começa o barulho do dia, dos carros. Diogo também ligou pra dizer da alegria daqueles irmãos e irmãs ao falarem do amor de Deus pra pessoas com quem normalmente eles não falariam.

Contou das conversas e das conversões (trocadilhos infames me perseguem), da sede e da fome de justiça das gentes que abordaram com as mãos repletas de pão da vida, e por fim, do desapontamento por algumas daquelas pessoas não aparecerem ao local combinado pra serem trazidos pra Missão Vida. “Esquenta não, Diogo, a partir de agora você e os crentes da asa norte não conseguirão passar por um mendigo e achar que ele nasceu ali, que nem erva daninha nasce”.

Coisas assim melhoram meu dia, pois mesmo no meu particular modo de pensar, creio na experiência de conversão das pessoas que eles encontraram e anunciaram a salvação. Pra mim funciona desse jeito, levantou a mão e aceitou Jesus, é de Jesus (eu sou antigo, a Bíblia mais ainda) e o resto é serviço pesado: abstinência, as enfermidades que estavam incubadas pipocam todas de uma vez, de crise renal a dor de dente, ex-mendigo em recuperação sofre de tudo; mentiras, péssimos hábitos e a mania de furtar “uns trem”, boca suja e por aí vai. Mas pra esse trabalho pesado a Missão Vida prepara gente disposta.

A parte difícil era sair de casa, sair da igreja e estender a mão e gastar o tempo com gente assim, a partir de agora a mais comum consequência é que essas pessoas, carentes de coisas e de cuidados farão parte do nosso mundo.

Quanto mais crentes olharem pra porta de saída da igreja e nela enxergarem a porta de entrada do campo missionário, mais crentes novos teremos; quanto mais cedo deixarmos de viver essa “inutilidade evangélica” (por nascermos crentes ou sermos crentes a tempo demais), coisas muito boas vão acontecer e nos constrangerão por serem as implicações do amor de Deus.

Enquanto o Diogo da Gisele falava pausada e alegremente, eu daqui assuntava, pois se tem “uns trem” que sempre acontece quando saímos às ruas e falamos do amor de Deus pras pessoas, é que essas pessoas, todas elas cansadas e sobrecarregadas se convertem de quando em vez. Aí então elas frequentarão nossas vidas, e na igreja chamaremos essa gente de “irmão” e teremos sua companhia ali do lado, no mesmo banco de EBD. E nas ruas, onde não moram mais, serão elas que sairão conosco pra buscar mais gente assim.
Londrina - PR
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