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Palavra do leitor

Na mesa da intolerância: Ricardo Boechat e Silas Malafaia

Na mesa da intolerância: Ricardo Boechat e Silas Malafaia


''O evangelho apregoado por Cristo não se fechou para a realidade, com seus fragmentos, com suas contradições, com suas perdas e com suas revoltas.''


A palavra intolerância transita por todos os campos das relações humanas. Ao abrir as páginas da história, os judeus, no período do regime facinora do nazismo, sofreram nas câmaras de gás e outras atrocidades. Não por menos, os negros com a perseguição inexorável, no sul dos Estados - Unidos, com a morte deliberada de pessoas, por causa de sua pele. Vamos adiante, não para por aqui, os índios, quando do processo de colonização da América. Mais recentemente, os palestinos, os genocídios em Ruanda, as mulheres tratadas como peças de mercadorias, em muitos lugares. Sem sombra de dúvida, o próprio Jesus acabou e foi alvo de atos obstinados de intolerância, por parte dos fariseus, dos sauduceus, dos zelotes e de todos aqueles aversivos a pregação simples e de efeitos práticos.

Parto dessas ponderações, uma vez que as páginas não comportariam , aqui, para elucubrar, ruminar mesmo sobre o bate boca, ao qual entrelaçou o jornalista Ricardo Boechat e o Pastor Silas Malafaia. De um lado, o ancora da TV BANDEIRANTES pontuou a questão da intolerância de determinados âmbitos neopentecostais e de outro lado adveio a resposta. Pronto, eis o vaivém de farpas, de hostilidades, de um palavreado vil, vituperável e descortes, sem dó nem piedade.

Sempre é de bom alvitre ressaltar, os comentários proferidos pelo Pastor Silas, expressamente, vieram contagiados com um propósito desmedido e em nada trouxe de benefíco e útil. Em contrapartida, observo, sim e sim, a abordagem do jornalista, dentro de sua pontuação, aceitável, muito embora não me depare todo esse afã, quando nem sequer execra, repudia e refuta programas do perfil do Pânico.

Ora, indiscutivelmente, seria melhor e adequado o Pastor Silas Malafaia permanecer desvencilhado de tecer temerário e inocuo comentário. Afinal de contas, nada pode ser visto e notado de frutífero e me valho das palavras do Apóstolo Paulo (sobre a questão de evitar discussões vãs). Deveras, o próprio Jesus rechaçou a intolerância, quando do episódio da mulher flagrada em adultério, da mulher samaritana, da mulher sírio - fenícia, do centurião romano, dos leprosos e outros personagens de carne e osso, de alma e emoções, de espírito e ideías, de vontade e sonhos, pelo qual tiveram suas histórias impactadas pela Graça dos recomeços.

Aliás, de maneira alguma, devemos nos amoldar a atos deliberados de intolerância, seja de ordem religiosa, cultural, social, política e sei lá mais o que.

Deve ser dito, a intolerância com relação a menina de onze anos, no Rio de Janeiro, não pode ser aceita; a intolerância com relação a membros da Igreja Metodista mortos, nos Estados Unidos, nesta semana, idem; a intolerância que tem desmoronado patrimônios da humanidade, como as interferências do Estado Islâmico; a intolerância de jovens negros submetidos a truculência policial; a intolerância diante das mulheres, como no Brasil, vítimadas pela violência de seus parceiros; a intolerância causada por políticos corruptos, porque mantém milhões em bolsões de ignorância e outros mosaicos de intolerância.

Sinceramente, não acredito na possibilidade de sobrepujarmos a intolerância sem a capacidade de perdoarmos e olharmos para um futuro de recomeços, por onde os erros e equívocos devem ser corrigidos; como também, ir a direção de um resgate de ética de ver o próximo, dentro de uma ótica de respeito e elemento fundamental de uma realidade não perfeita, mas aberta para os acertos e ajustes.

Por fim, daqui há algumas semanas toda essa celeuma será soterrada e, mesmo assim, não deveríamos aproveitar e rever nossos enredos, segundo o texto de Efésios 4. 22 - 24 e Romanos 12. 2 - 3?
São Paulo - SP
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