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Palavra do leitor

Muitos morrem de pena, ninguém de pena de morte e todos penam

O que acontece hoje no Brasil é que a igreja precisa oferecer à sociedade respostas que vão de encontro aos problemas que lhe oprimem. A violência que assistimos, toleramos e sob a qual somos afligidos ultrapassou há muito a linha do que poderia ser chamado de administrável. Como alguém já expressou: "vivemos uma doença social crônica". Desta doença a violência é sintoma, mas também causa. Cabe a nós como igreja oferecermos aos responsáveis pelo judicário no país o que a Bíblia diz sobre o assunto, e lá há muito sobre a pena de morte, quer isso agrade nossa veia pacifista ou não.

Normalmente o cristianismo prega o amor, o pacifismo, a graça, mas também a justiça e o juízo. Contudo, há infelizmente um exagero no que diz respeito ao aspecto pacífico que nos leva à uma indesejada pacividade ou omissão. Misericórdia demonstrada a criminosos pode ser uma total falta de misericórdia com as vítimas, familiares e toda a sociedade.

A Bíblia tem muitos exemplos onde a pena de morte foi exercida pelo povo de Deus sob a ordenança divina, a história do cristianismo também mostra que a pena de morte esteve presente ao longo da civilização cristã. Não se pode simplesmente com base no mandamento, não matarás, argumentar contra a pena capital. Esse mandamento por si só reforça ainda mais o estabelecimento de uma punição que defenda a vida humana. Erros judiciais, embora lamentáveis, não podem ser uma justificativa para a impunição, seja ela qual for. Pena e punição em níveis sociais é um encargo do Estado. Se a pena de morte é aceita pela constituição brasileira em tempos de guerra, e isso é bom assim, deveríamos nos questionar se já há muito não estamos vivendo em guerra. Há um verdadeiro clima de terror em solo brasileiro. Quem já viveu fora e chega ao Brasil percebe essa diferença de forma ainda mais gritante.

Por mais que entendamos que as causas da violência estejam intimamente ligadas à miséria e à injustiça social, temos que entender também que é uma questão de moral e índole, pois nem todo miserável é criminoso. E nem todo rico é cidadão de bem e intocável. Quantos destes "poderosos" não são os responsáveis por assassinatos e crimes hediondos e riem sadicamente da justiça brasileira e de suas vítimas?

A idéia não é estabelecer uma caça às bruxas, mas sim um linha clara do que é tolerável e o que não é. Crianças (ou mesmo adultos) serem torturadas até a morte é por exemplo, pra mim, algo pra lá de intolerável.

Fico mais uma vez com o teólogo alemão que disse em sua resistência ao então regime nazista que se um maníaco está na direção de um carro a ponto de atropelar uma família, sua função como pastor é não somente consolar os familiares das vítimas, mas fazer de tudo para tirar o maníaco do volante, antes que a tragédia aconteça.

Quantas tragédias não acontecem diariamente no Brasil por deixarmos maníacos livres? Quantas ainda não acontecerão porque simplesmente falta-nos ainda o senso de justiça e a coragem suficientes para dizermos a uma pessoa comprovadamente criminosa e maníaca: isto foi mau e digno de morte, nossa sociedade à luz da ética cristã não tolera esse tipo de coisa em hipótese alguma? 

A pena de morte seria a solução? Claro que não. Mas ela juntamente com outras  medidas poderiam levar toda a sociedade brasileira a uma nova consciência e a padrões melhores de justiça e de convivência humana. O que não se pode é deixar a coisa correr solta em nome de uma falsa paz e amor cristãos, enquanto pessoas dignas, famílias e cidades inteiras são privadas cada vez mais de segurança, da paz e da vida.
Fürth - EX
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Site: http://teologia-livre.blogspot.de/

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