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Palavra do leitor

Muito obrigado, por ser meu amigo!

Muito obrigado, por ser meu amigo!

"As colocações sobre uma oposição entre a dimensão espiritual e secular, sagrada e profana, transitória e eterna deve ser mais bem ponderada; afinal de contas, o evangelho da Graça se constitui e atenta para as questões últimas da existência humana e, então, toda e qualquer linha de posição, a qual se pauta em respectiva separação não pode prevalecer e muito menos ser aceita."

Não vos chamo de servos, mas sim de amigos. Ultimamente, tenho observado um discurso, a qual tem permeado abundantemente, os arraiais evangélicos, voltado a uma trajetória sofrível e de agruras, aqui neste mundo. Sem sombra de dúvida, de maneira alguma ouso pintar o quadro irreal de uma realidade desprovida de tensões, de ambiguidades, de contradições e incertezas. Agora, o por qual não nos alegramos com os vitoriosos, com os momentos de bem – estar, de mudanças benéficas, de extrair dádivas dos relacionamentos? Lamentavelmente, até parece que rir e sorrir representa um desrespeito, um descompromisso, um desatino e a aparência insensível simboliza uma conduta de respeito e integridade. Acredito que muitos já perceberam, como apresentamos uma dificuldade imensa de, simplesmente, compreender a importância da amizade, da alegria, do companheirismo e da bondade da beleza, ainda presentes. Evidentemente, passo a léguas de distância a fim de ditar e editar uma visão alienada da vida. Os episódios de violência estampam e têm estampado os jornais, a internet, os veículos midiáticos (via tv). A cada dia, episódio de mulheres vitima de mortes, de jovens negros ceifados (nas periferias), de um sistema cíclico chamado de corrupção (tratado como um mal endêmico inextirpável e a ser tolerado), de um quadro de desesperança, cada vez mais, estigmatizado, em nossa sociedade. Mesmo assim, a época de Jesus descortinava o cenário cru e nu do povo judeu subjugado pelos romanos, das rusgas entre judeus e samaritanos, da aparição de muitos messias que espertavam um descrédito na trajetória de Jesus. Eis os mosaicos de preconceitos, de discriminações, de ricos mais ricos, de pobres mais pobres, de uma espiritualidade para todos os paladares e vontades, de interesses escusos prevalecendo na eleição dos algozes e heróis. Digo isso, por que os meandros enfrentados pelo Cristo, indiscutivelmente, desembocou na realidade dos perseguidos, dos excluídos, dos aproveitadores, mas também não arredou o pé de resgatar a verdade, o viver, a candura, a sensibilidade, diante de cada situação que nos envolvem, nos enredam e nos formam. Em meio a tudo isso, não vos chamo de servos, mas sim de amigos; não vos chamo de doutores, mas sim de companheiros; não vos vamos de frequentadores de ritualismo, ruminadores de elucubrações teológicas e cognitivas, adeptos de êxtases espirituais, mas sim de gente próxima, ao lado, partícipe e intima. Sempre é de bom parecer enfocar, o quão fundamental significa ir ao próximo, ao nosso irmão e, sem delongas, expressar:

- Muito obrigado, irmão!

Aliás, acredito, piamente, os nossos encontros seriam, efetivamente, impetuosos e construtivos, porque não permaneceriam restritos a um dualismo, entre luz e escuridão, bem e mal. Vou adiante, muito obrigado, por ser meu amigo! Devo deixar bem claro, não um amigo imune as alternâncias e dilemas da vida. Em direção oposta, um amigo disposto a aprender e conviver. Nessa linha de raciocínio, vejo com temor a caminhada de uma gama ministérios evangélicos, por onde as pessoas entram e saem a fim de, depois de uma semana, retornam para um encontro casual. Isto sem falar, nos adeptos de um evangelho inclinado a atender minhas demandas e vontades. Ponto final! Indo as escrituras – sagradas, deparamo – nos com a insensibilidade dos próprios discípulos, quando das atitudes de Judas e de seu fim trágico; da omissão de Davi, diante das anomalias imperantes, em sua família. Por fim, Jesus entrou na humanidade e passou e perpassou pelo nascimento, pela morte, pelas revoluções, pelos justos, pelas injustiças, pelos por que (s), pelos afortunados, pelos desgraçados, pela ressurreição, pela morte no terceiro dia, pelas disputas entre seus seguidores e prosseguiu a olhar para existência com certa loucura de não aceitar as regras do jogo, do toma cá e da lá, da lei de talião, em função de que se inclinou para a mulher prestes a ser apedrejada, parou e ouviu o cego de Jericó, declarou viço em prol da mulher hemorrágica e outras situações de uma decisão e resposta pela vida.
São Paulo - SP
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