Mudanças estratégicas na Igreja

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Visando obter melhor adequação à realidade e lucros substanciais, geralmente ocorrem mudanças em diversos setores da sociedade. Isto é normal num mundo que vive e caminha sob a égide do capitalismo. A igreja, que também vive e participa desse mundo, ultimamente sofreu profundas mudanças - e algumas dessas mudanças foram muito prejudiciais e descaracterizaram a igreja.

Muitas igrejas hoje trabalham e agem como se fossem empresas e conseguem auferir lucros dignos de verdadeiras empresas multinacionais. Será que foi isto que Jesus nos ensinou? Cada vez mais os fiéis são constrangidos a ofertar e participar de campanhas e dizimar e colaborar... E muitos são até ameaçados dentro deste contexto de ganância e interesses que não têm limites.

Hoje, para muitos pastores, os dízimos já não são suficientes: há também as ofertas, os sacrifícios, os desafios, as "fogueiras santas" e afins. Isto me faz lembrar práticas ainda comuns no catolicismo. A igreja está cada vez mais rica e suntuosa enquanto os fiéis continuam pobres - e muitos, por conta disto, já abandonaram a fé. Alguns chegaram até a entrar na justiça reivindicando os seus bens de volta numa atitude de desespero diante da situação insustentável. Por isto sempre digo: fuja das igrejas que só pedem dinheiro. Toda contribuição deve ser voluntária, oferecida a Deus pela fé e em gratidão a Ele. (II Aos Corintios 9.7).

Se não bastasse essa ganância pelo dinheiro que tomou conta da maioria das igrejas, hoje ainda temos que conviver com algo talvez ainda mais desagradável. Ocorreram muitas mudanças na liturgia da maioria das igrejas e muitas foram transformadas em "casas de show" com direito a danças, requebros, palmas, coreografias, teatros e aplausos para Jesus. E todos são obrigados a participar, sob pena de serem questionados pelos dirigentes. Hoje literalmente se paga pelo show apresentado, e muitas vezes saimos da igreja com dor de cabeça.

Num desses cultos que assisti, o dirigente questionou os irmãos que não estavam participando da encenação acusando-os de não estarem adorando a Deus e foi categórico: "Vocês batem palmas para todo mundo, por que não aplaudem a Jesus?". Muitas pessoas confundem adoração sincera, em espírito e em verdade, com aplausos vazios, desconexos, sarcásticos e formais. Adoração é algo interior, profundo, que sai do âmago da alma. Ninguém pode obrigar outrem a adorar a Deus, pois isto é algo pessoal, espontâneo e espiritual.

Creio que a Igreja Assembléia de Deus (da qual faço parte) foi uma das últimas a aderir esse modismo. A primeiro vez que vi esse espetáculo fiquei muito preocupado. De repente o dirigente "entregou" o culto a um grupo de louvor e o líder desse grupo conclamou a igreja a se colocar em pé para adorar. Até aí, tudo normal. O líder do grupo mandou que todos cantassem batendo palmas, fazendo gestos e dançassem conforme o ritmo do hino. O que se viu a partir daí foi só barulho - e um sentimento de vazio e tristeza perpassou a igreja. Parecia um daqueles shows da televisão. O real sentido do culto deixou de existir dando lugar a algo formal e vazio. Todo mundo descontraido como se estivesse num salão social assistindo a um show. Que saudade que eu tenho dos cultos de louvor e adoração a Deus!

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Opinião do leitor