Palavra do leitor
- 07 de abril de 2008
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Morte e Vida
"A Morte me ronda. Em alguns momentos quase posso sentir o seu hálito pútrido a me soprar o rosto. Quase posso vê-la, à espreita, por trás das esquinas, postes, carros e caçambas de lixo, aguardando o momento certo para agir. Diferentemente daquela clássica imagem já tão familiar ao imaginário popular, a caveira envolta num capuz preto a brandir sua foice, a mim ela se mostra de forma bem diferente. A mim ela não se mostra assim ameaçadora e repulsiva, mas, ao contrário, assume papéis que me atraem e quase seduzem. Talvez nisso esteja seu maior trunfo e principal virtude, na capacidade que tem de camuflar-se naquilo que é sua completa antítese. Como uma crisálida das trevas, a Morte se metamorfoseia e se me apresenta como tudo aquilo que não é, como uma miragem, uma imagem holográfica de satisfação e prazer.
Uma das formas que a Morte constantemente assume na sua tentativa de me persuadir a relacionar-me com ela, é a daquela minha colega de trabalho, casada, dona de lindos cabelos longos aloirados e pernas bronzeadas e bem torneadas, que insiste em me convidar para almoçar, sendo eu também casado e pai de dois filhos. Quantos desses 'inocentes' convites já recusei, quantas desculpas tolas e rotineiras já usei para driblar as suas investidas. Muitas situações embaraçosas preferi a capitular e entregar-me ao seu abraço gélido e corrosivo. Uma das mais comuns camuflagens da Morte é a do prazer fácil e descompromissado. Tantos lares já foram desfeitos, tantas famílias destruídas por um simples momento rápido e tênue de prazer inconseqüente. Por se deixar levar por essa face da Morte, caíram chefes de família, líderes religiosos, adolescentes despreparados. Mas contra esse tipo de truque eu já me vacinei. Eu disse à Sabedoria 'Tu és minha irmã', e chamei a prudência de minha parenta. Para que elas me guardem da mulher alheia, da estranha que lisonjeia com as suas palavras (Pv 7:4,5). A Morte terá que se esforçar bem mais do que isso se quiser me atrair.
Sabendo disso, na sua incansável missão de tentar me carregar consigo, a Morte partiu para outras frentes de batalha e apelou para outras armas.
Há algum tempo recebi uma promoção no trabalho. Junto com um pequeno aumento salarial veio uma grande responsabilidade. Meu chefe me deu o controle total das contas do escritório. Isso significa que eu posso utilizar os recursos disponíveis para as despesas administrativas da maneira como quero e acho melhor, sem ter que prestar contas a ninguém. É um escritório de médio porte e a verba chega fácil a casa dos milhares de reais. Contaram muito para essa promoção os vários anos de serviço dedicado e correto e o fato de eu nunca ter me envolvido em nada que fosse de longe parecido com uma fraude. Justamente nessa época passei por momentos financeiros difíceis, apesar do aumento de salário. Por causa de sérios problemas de saúde na família, todas as minhas economias esvaíram-se pelos meus dedos. Mais uma vez pude perceber a presença da Morte, insinuando-se pra mim. Facilmente eu poderia manipular as contas do escritório em meu favor e, ao menos, amenizar meus problemas financeiros. Mas novamente eu estava vacinado. O antídoto veio, de novo, na forma da Palavra: 'O que trabalha com mão enganosa empobrece, mas a mão dos diligentes enriquece (Pv 10:4)'. Nova tentativa frustrada, mas a Morte não desistiria tão facilmente. Ela ainda tinha algumas cartas na manga.
Uma dessas cartas era, justamente, eu mesmo. Isto é, a Morte tenta usar o que tenho de mais imperfeito, busca dentro de mim mesmo aquelas características que mais podem me afastar do Caminho e usa-as para cumprir o seu propósito. Devo admitir que essa é a melhor estratégia que a Morte pode escolher. Porque sou falho. Com mais freqüência do que gostaria, eu me pego no pleno exercício daquilo que me faz mais pecador: minha arrogância, meus olhos altivos. Aquilo que Deus odeia (Pv 6:16,17), disso mesmo é que sou feito. Como a cor de meus cabelos e o tamanho do meu nariz, assim a soberba é minha marca registrada, marcada indelevelmente no meu código genético espiritual. Luto contra isso. Busco incessantemente a presença do Senhor para que Ele me socorra e conserte este meu defeito de fabricação. Jogo-me em Seus braços, como uma criança assustada refugia-se no colo do pai, sabendo que ali encontrarei o Perdão e a Paz necessários para resistir aos apelos da Morte. Todo meu pecado, toda culpa, tudo que tenho e sou que não condiz com o que Deus espera de mim se dissipa, como a neblina noturna ao amanhecer do dia, na presença da Glória do Senhor Onipotente.
A Morte me corteja e quase me seduz. Mas eu amo a Vida e tenho com ela um compromisso eterno, firmado em Jesus."
Uma das formas que a Morte constantemente assume na sua tentativa de me persuadir a relacionar-me com ela, é a daquela minha colega de trabalho, casada, dona de lindos cabelos longos aloirados e pernas bronzeadas e bem torneadas, que insiste em me convidar para almoçar, sendo eu também casado e pai de dois filhos. Quantos desses 'inocentes' convites já recusei, quantas desculpas tolas e rotineiras já usei para driblar as suas investidas. Muitas situações embaraçosas preferi a capitular e entregar-me ao seu abraço gélido e corrosivo. Uma das mais comuns camuflagens da Morte é a do prazer fácil e descompromissado. Tantos lares já foram desfeitos, tantas famílias destruídas por um simples momento rápido e tênue de prazer inconseqüente. Por se deixar levar por essa face da Morte, caíram chefes de família, líderes religiosos, adolescentes despreparados. Mas contra esse tipo de truque eu já me vacinei. Eu disse à Sabedoria 'Tu és minha irmã', e chamei a prudência de minha parenta. Para que elas me guardem da mulher alheia, da estranha que lisonjeia com as suas palavras (Pv 7:4,5). A Morte terá que se esforçar bem mais do que isso se quiser me atrair.
Sabendo disso, na sua incansável missão de tentar me carregar consigo, a Morte partiu para outras frentes de batalha e apelou para outras armas.
Há algum tempo recebi uma promoção no trabalho. Junto com um pequeno aumento salarial veio uma grande responsabilidade. Meu chefe me deu o controle total das contas do escritório. Isso significa que eu posso utilizar os recursos disponíveis para as despesas administrativas da maneira como quero e acho melhor, sem ter que prestar contas a ninguém. É um escritório de médio porte e a verba chega fácil a casa dos milhares de reais. Contaram muito para essa promoção os vários anos de serviço dedicado e correto e o fato de eu nunca ter me envolvido em nada que fosse de longe parecido com uma fraude. Justamente nessa época passei por momentos financeiros difíceis, apesar do aumento de salário. Por causa de sérios problemas de saúde na família, todas as minhas economias esvaíram-se pelos meus dedos. Mais uma vez pude perceber a presença da Morte, insinuando-se pra mim. Facilmente eu poderia manipular as contas do escritório em meu favor e, ao menos, amenizar meus problemas financeiros. Mas novamente eu estava vacinado. O antídoto veio, de novo, na forma da Palavra: 'O que trabalha com mão enganosa empobrece, mas a mão dos diligentes enriquece (Pv 10:4)'. Nova tentativa frustrada, mas a Morte não desistiria tão facilmente. Ela ainda tinha algumas cartas na manga.
Uma dessas cartas era, justamente, eu mesmo. Isto é, a Morte tenta usar o que tenho de mais imperfeito, busca dentro de mim mesmo aquelas características que mais podem me afastar do Caminho e usa-as para cumprir o seu propósito. Devo admitir que essa é a melhor estratégia que a Morte pode escolher. Porque sou falho. Com mais freqüência do que gostaria, eu me pego no pleno exercício daquilo que me faz mais pecador: minha arrogância, meus olhos altivos. Aquilo que Deus odeia (Pv 6:16,17), disso mesmo é que sou feito. Como a cor de meus cabelos e o tamanho do meu nariz, assim a soberba é minha marca registrada, marcada indelevelmente no meu código genético espiritual. Luto contra isso. Busco incessantemente a presença do Senhor para que Ele me socorra e conserte este meu defeito de fabricação. Jogo-me em Seus braços, como uma criança assustada refugia-se no colo do pai, sabendo que ali encontrarei o Perdão e a Paz necessários para resistir aos apelos da Morte. Todo meu pecado, toda culpa, tudo que tenho e sou que não condiz com o que Deus espera de mim se dissipa, como a neblina noturna ao amanhecer do dia, na presença da Glória do Senhor Onipotente.
A Morte me corteja e quase me seduz. Mas eu amo a Vida e tenho com ela um compromisso eterno, firmado em Jesus."
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