Palavra do leitor
- 11 de abril de 2008
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Milagres e a amizade
O fato que comecei a relatar em Milagres acontecem, às vezes mexeu com minhas convicções religiosas. Tudo aconteceu quando perdi o emprego, o apartamento e estava completamente duro.
Estava uma manhã gostosa. Acordei e fui coar um café - "Onde estavam os filtros que eu trouxera do antigo apartamento?" A esta altura já havia sido “despejado” do meu apartamento e estava morando de favor com um camarada que virou um grande amigo. Tive várias pessoas amigas a meu lado em Viena, que foram gentis comigo, mas o Ronald foi mesmo um bom amigo. Fiquei arrasado quando, há alguns anos atrás, recebi a notícia do seu falecimento.
Naquela manhã estava pensando na alegria experimentada pelo Ronald. Se bem que no princípio ele estava bem desesperado:
- “Brandão” - como ele me chamava – “o meu vôo é daqui a algumas horas e meu dinheiro não chegou, como vou fazer?” Tinha comprado passagens para a Tailândia e reservado hotel e estava já com as malas prontas. Só faltava o cheque que normalmente era enviado pelo correio.
- “Calma, Ronald, senta aí e vamos tomar um café... no final tudo dá certo”. Falei eu pensando na situação difícil dele, que de certa forma, nem se comparava com a minha que era bem pior. Mas claro que o sufoco dele me consolava, afinal não era só eu quem estava com a corda no pescoço! No fundo não tinha muita esperança nem que o problema dele fosse se resolver, muito menos que o meu. Tomamos o café, enquanto isso tentava acalmar meu amigo autríaco-brasileiro. Como ele era um fleumático isso não era uma tarefa difícil, ele sempre acabava rindo de minhas piadas sem graça.
- “Ronald, por que você usa esses filtros enormes em um coador tão pequeno? Onde estão os filtros menores que eu trouxe?” - resmungava eu - “Brandão, não enche...” - resmungava ele.
Obviamente cumprimos a agenda religiosa: lemos juntos alguns versículos bíblicos e oramos. Se não me engano logo depois do almoço a campainha tocou. Era o carteiro. Era o cheque. Vocês imaginem a euforia do Ronald! O cara era só alegria. “Deus existe, Brandão!” Pegou o telefone ligou pro pai. Deu o testemunho. Pegou a mala e zarpou para Bangkok... E com ele foi embora a pouca alegria que me restava naqueles dias amargos.
Sem trabalho, sem salário, sem apartamento (se bem que esse problema estava temporariamente resolvido) e ainda no estrangeiro. Agora era só eu na forca.
No dia seguinte estava pensando em meu amigo: “Ronald, que figura ímpar! Tailândia, hotel, praias... agora ele pelo menos está feliz! Eu não tenho nem onde cair morto... como posso entender Deus? Melhor tomar um café e não ficar pensando nessas coisas. Mas onde foram parar os malditos filtros de café?”
Estava uma manhã gostosa. Acordei e fui coar um café - "Onde estavam os filtros que eu trouxera do antigo apartamento?" A esta altura já havia sido “despejado” do meu apartamento e estava morando de favor com um camarada que virou um grande amigo. Tive várias pessoas amigas a meu lado em Viena, que foram gentis comigo, mas o Ronald foi mesmo um bom amigo. Fiquei arrasado quando, há alguns anos atrás, recebi a notícia do seu falecimento.
Naquela manhã estava pensando na alegria experimentada pelo Ronald. Se bem que no princípio ele estava bem desesperado:
- “Brandão” - como ele me chamava – “o meu vôo é daqui a algumas horas e meu dinheiro não chegou, como vou fazer?” Tinha comprado passagens para a Tailândia e reservado hotel e estava já com as malas prontas. Só faltava o cheque que normalmente era enviado pelo correio.
- “Calma, Ronald, senta aí e vamos tomar um café... no final tudo dá certo”. Falei eu pensando na situação difícil dele, que de certa forma, nem se comparava com a minha que era bem pior. Mas claro que o sufoco dele me consolava, afinal não era só eu quem estava com a corda no pescoço! No fundo não tinha muita esperança nem que o problema dele fosse se resolver, muito menos que o meu. Tomamos o café, enquanto isso tentava acalmar meu amigo autríaco-brasileiro. Como ele era um fleumático isso não era uma tarefa difícil, ele sempre acabava rindo de minhas piadas sem graça.
- “Ronald, por que você usa esses filtros enormes em um coador tão pequeno? Onde estão os filtros menores que eu trouxe?” - resmungava eu - “Brandão, não enche...” - resmungava ele.
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Sem trabalho, sem salário, sem apartamento (se bem que esse problema estava temporariamente resolvido) e ainda no estrangeiro. Agora era só eu na forca.
No dia seguinte estava pensando em meu amigo: “Ronald, que figura ímpar! Tailândia, hotel, praias... agora ele pelo menos está feliz! Eu não tenho nem onde cair morto... como posso entender Deus? Melhor tomar um café e não ficar pensando nessas coisas. Mas onde foram parar os malditos filtros de café?”
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