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Palavra do leitor

Mil anos da Reforma: 2517 A.D.

Folhas são sopradas pelo vento da primavera nas ruas estreitas da cidade de Wittenberg numa Alemanha​ tantas vezes berço de mentes pródigas e revolucionárias. Máquinas voadoras se cruzam pelos ares levando pessoas e produtos a todos os lados. ​Notícias sobre as últimas viagens a Marte e outros planetas próximos estão expostas nos outdoors. Turistas olham, perplexos, as ruínas da igreja cujas portas, há mil anos atrás, receberam as manifestações que eclodiriam um dos maiores movimentos religiosos e políticos de toda a História, teses de um tal padre agostiniano insatisfeito com os descaminhos nos quais a maior religião de então adentrara. Dentro do templo, não há ninguém. Ao lado dele, grandes arranha-céus se destacam no horizonte cosmopolita mostrando a riqueza de uma Europa pós-cristã. O ano é 2517.

No ano em que comemoramos os 500 anos da Reforma Protestante, não poderia deixar de escrever algo sobre esse tema tão apaixonante. Porém, resolvi me adiantar um pouco no "kronos" e dar um salto imaginativo de 500 anos na História. E como nos filmes de ficção onde máquinas do tempo transportam homens a um futuro incerto, uso assim minha imaginação como um ​aprendiz de ​Júlio Verne que tenta visualizar o que ainda não tem forma, descrever aquilo que ainda não existe no presente, ​ mas apenas na mente finita dum ser finito.

Se Cristo não retornar antes para levar sua igreja e reinar com ela e estabelecer o fim do atual sistema mundial, um dia chegaremos em outubro de 2517. E me pergunto: como estará a igreja cristã nesta data? onde estarão os crentes em Jesus e o que estarão fazendo? que doutrinas e pregações estarão sendo apresentadas nos púlpitos? que comportamentos ou que novidades estarão sendo experimentadas, curtidas e compartilhadas pelo povo de então? Que versões da Bíblia estarão sendo usadas? que tipo de mensagem estará sendo pregada ao mundo do século 26? Aliás, ainda haverá alguma pregação? ainda haverá uma Bíblia? um templo cristão? um cristão? o nome de Deus ainda será mencionado ou já se terá dito que o filósofo estava com razão quando decretou sua morte no longínquo século 20 diante do fracasso humano em não construir uma sociedade perfeita e justa como pregavam os modernistas filhos do iluminismo? Aliás, o nome de Deus ainda será mencionado ou será encontrado apenas nos velhos livros ou nos arquivos salvos em alguma biblioteca digital ou numa "nuvem"?​

Analisando os dados e estimativas sobre comportamento e religião para as próximas décadas, não há como ficar reflexivo tentando imaginar o mundo vindouro. Observando as sociedades modernas, principalmente a americana e a europeia, seus valores e comportamentos eivados de hedonismo, relativismo e antropocentrismo, dentre outras filosofias que têm distanciado o homem cada vez mais de seu Criador, somos levados quase que automaticamente a visualizar um quadro totalmente caótico para o mundo daqui a 500 anos, mundo que fora um dia um grande e belo jardim onde Deus caminhava lado a lado com sua criação. Se hoje, 2017, vemos igrejas e templos sendo fechados ou transformados em museus, se nossas crianças estão sendo violadas com ensinamentos e conceitos totalmente contrários aos preceitos do Deus Bíblico, se a família sonhada por Deus está sendo vilipendiada e coisificada, como estaremos em cinco séculos? que modelos de vida estarão em vigor? Com lágrimas nos olhos, como o salmista, dirá algum remanescente fiel: Às margens dos rios da Babilônia, nos assentamos, chorando, lembrando-nos de Sião. (Sl 137.1)

500 anos se passaram desde que Lutero enfrentou a fúria e o poder de um sistema religioso podre e enganador onde a salvação era vendida por algumas moedas e as trevas encobriam qualquer possibilidade de se conhecer a Yaveh que se revelara em Cristo Jesus. Muitos tiveram a coragem e deram suas vidas pavimentando o caminho por onde milhões andariam e conheceriam a verdade libertadora. 500 anos de um processo que ainda não acabou. Talvez nunca houve uma época, como hoje, em que tanto precisássemos de reformadores. Hoje, a luta não é apenas contra um sistema religioso maquiavélico, mas contra um sistema filosófico viciado que tenta desvirtuar toda uma cultura judaico-cristã que durante séculos tem sustentado valores que dignificam e valorizam o ser humano e glorificam o seu Criador. E em 2517? que lutas estarão sendo travadas?

A História continua. Não sabemos até quando. Mas sabemos que o Senhor da História e do Universo, o Filho de Deus que veio para salvar e dar vida abundante, está no controle de tudo. Inclusive sobre os próximos séculos. O que deve nos acalmar diante de perspectivas tão negativas e sombrias? As palavras de Jesus: "Tudo está consumado".
Enquanto isso, preguemos a palavra, estejamos preparados a tempo e fora de tempo e ​vivamos como moradores da terra, mas cidadãos do céu.​ Enquanto isso, vivamos cada dia com toda alegria enquanto filhos do Deus Vivo, todavia, não esquecendo das palavras do Mestre: "...eis que venho sem demora" (Ap 22).
Brasília - DF
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