Palavra do leitor
- 05 de setembro de 2021
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Meu pecado favorito!
"Não espere muito das pessoas, espere que sejam humanas e, logo, imperfeitas, como você’’.
Texto de Levítico 19.18
Se há ou poderíamos eleger um pecado favorito, arriscar-me-ia a nomear a vingança, como o meu pecado favorito. Faço essa afirmação, por vir travestido de um senso de justiça, de um acervo de justificativas e considerações. Indo a literatura, o Mercador de Veneza, ato 3, cena 1, escrito por Shakespeare, apresenta o personagem Shylock, ao descrever a vingança como parte da nossa natureza, como algo necessário e esperado: ‘’Se nos espetas, não sangramos? Se nos fazes cócegas, não devemos nos vingar?’’. Em contrapartida, ao ler o texto de Levítico 19.18, direciona-nos para amar o próximo como a nós mesmos e não nos vingarmos. Então, a partir da mensagem extraída, acima, faz-se necessário relevarmos quem nos ofendeu, deixar para lá, porque o tempo cura tudo e o acerto final será com Deus? Afinal de contas, todos somos imperfeitos, sujeitos a vacilos e equívocos, a maus momentos e a reprováveis escolhas? Vou adiante, a vingança não pertence ao Senhor e ponto final? Será que devo ou devemos deixar para lá mesmo, deixar tudo como está ou por isso mesmo? Acredito, com toda a propriedade, as escrituras procuram nos preservar de sermos reféns, em nosso ser, com o ofensor na condição de domínio sobre nós. Obviamente, ninguém, aqui, pede para ser sangue de barata, fingir que nada aconteceu, em função de que aconteceu. Simplesmente, quanto mais alimento a espera de haver um revide, seja por meio da justiça de Deus ou de outros meios, delego a quem me ofendeu ainda mais poder sobre mim.
Nessa linha de raciocínio, bastaria reconhecer o perdão de Deus, conosco, e estendermos para os outros, de que devemos perdoar setenta vezes sete? A resposta para essa encruzilhada, esse aparente beco sem saído semântico, encontra-se em compreender a diferença entre o não desculpar e o perdoar, porque ao perdoar não deixo de atentar para a maneira como agiram com impulsos egoístas e de indiferença, sem integridade e decência, mas em favor de si mesmo, de olhar para os lados e, apesar dos pedaços, poder se refazer. O ofensor não merece tanta projeção, tanto desperdício de tempo e recursos, você não merece carregar uma esperança mórbida, morta e mortífera, de se ver como um nada, com pena de si mesmo (a), como um zero a esquerda. A partir das colocações feitas, adentro nos enredos narrativos da história crua e nua de José e seus irmãos, vendido pelos irmãos, levado para ser escravo no Egito e, lá, chega a posição de governador e, durante um período de escassez, aonde havia recursos apenas no local que o outrora irmão desprezado exercia uma condição de liderança. Eis a oportunidade de José ir a desforra, de dar a volta por cima, de confirmar a justiça e mostrar que estava certo. Os irmãos de José movido por atos desprezível e cruel, sórdido e deplorável, e não teria o ofendido, o lesado, o enganado, o prejudicado descarregar todo seu ressentimento, viver sua vingança e acertas as contas? O interessante por José escolher reconciliar-se com sua família, embora com as cicatrizes, e seguir adiante. Quem já não escutou relatos de entes familiares que romperam e não se falam a anos. Talvez, lá no fundo, buscamos a vingança, como uma forma de reaver o poder, o controle perdido, por nos concebermos sem nenhuma condição, diante de quem nos enganou, nos traiu, nos machucou, nos decepcionou, nos desrespeitou, como se tivesse um domínio sobre nós e tentarmos derrubar isso, a todo e qualquer custo. Sejamos honestos, não dispomos de instrumentos para reescrever o ocorrido, ocorreu, e a virtude de se refazer envolve deletar ou remover quem nos ofendeu de nossa alma, de nosso ser e saírmos do estado de vítima e de coitados para protagonistas de nossa própria vida. Isso nos ajuda a não perder nossa integridade, a sermos inteiros, sem a intenção de dizer que tudo vai se apagar das nossas memórias e lembranças, entretanto, quando vier não serei mais tomado pelo ressentimento e muito menos pelo rancor. Volto a dizer, não digo para aceitarmos o termo desculpas, no caso apresentado, como se situações ruins, graves e danosas são devido as imperfeições das pessoas e devemos deixar para trás, para lá, não. De certo, não, em função de as pessoas serem responsáveis por suas escolhas e decisões. Deve ser anotado, quando a bíblia falar de e sobre perdão, remete-nos a não sermos um campo de infecções, em nossa mente, em nosso espírito e em nossas emoções, por poder nos levar a suspeitar de tudo e de todos, de não separar quando for necessário criticar, mas sem generalizações (de grupos, de etnias, de povos, de raças, de tribos, de nações, de pessoas, de credos).
O perdão pode reconciliar, como também nos levar a caminhos distintos, poupa-nos de consumir nossa existência, com aquilo que não traz nada de vida, permite-nos, chorar, irritar-se, indignar-se e nos presta o favor de fazer um bem para nós mesmos.
Texto de Levítico 19.18
Se há ou poderíamos eleger um pecado favorito, arriscar-me-ia a nomear a vingança, como o meu pecado favorito. Faço essa afirmação, por vir travestido de um senso de justiça, de um acervo de justificativas e considerações. Indo a literatura, o Mercador de Veneza, ato 3, cena 1, escrito por Shakespeare, apresenta o personagem Shylock, ao descrever a vingança como parte da nossa natureza, como algo necessário e esperado: ‘’Se nos espetas, não sangramos? Se nos fazes cócegas, não devemos nos vingar?’’. Em contrapartida, ao ler o texto de Levítico 19.18, direciona-nos para amar o próximo como a nós mesmos e não nos vingarmos. Então, a partir da mensagem extraída, acima, faz-se necessário relevarmos quem nos ofendeu, deixar para lá, porque o tempo cura tudo e o acerto final será com Deus? Afinal de contas, todos somos imperfeitos, sujeitos a vacilos e equívocos, a maus momentos e a reprováveis escolhas? Vou adiante, a vingança não pertence ao Senhor e ponto final? Será que devo ou devemos deixar para lá mesmo, deixar tudo como está ou por isso mesmo? Acredito, com toda a propriedade, as escrituras procuram nos preservar de sermos reféns, em nosso ser, com o ofensor na condição de domínio sobre nós. Obviamente, ninguém, aqui, pede para ser sangue de barata, fingir que nada aconteceu, em função de que aconteceu. Simplesmente, quanto mais alimento a espera de haver um revide, seja por meio da justiça de Deus ou de outros meios, delego a quem me ofendeu ainda mais poder sobre mim.
Nessa linha de raciocínio, bastaria reconhecer o perdão de Deus, conosco, e estendermos para os outros, de que devemos perdoar setenta vezes sete? A resposta para essa encruzilhada, esse aparente beco sem saído semântico, encontra-se em compreender a diferença entre o não desculpar e o perdoar, porque ao perdoar não deixo de atentar para a maneira como agiram com impulsos egoístas e de indiferença, sem integridade e decência, mas em favor de si mesmo, de olhar para os lados e, apesar dos pedaços, poder se refazer. O ofensor não merece tanta projeção, tanto desperdício de tempo e recursos, você não merece carregar uma esperança mórbida, morta e mortífera, de se ver como um nada, com pena de si mesmo (a), como um zero a esquerda. A partir das colocações feitas, adentro nos enredos narrativos da história crua e nua de José e seus irmãos, vendido pelos irmãos, levado para ser escravo no Egito e, lá, chega a posição de governador e, durante um período de escassez, aonde havia recursos apenas no local que o outrora irmão desprezado exercia uma condição de liderança. Eis a oportunidade de José ir a desforra, de dar a volta por cima, de confirmar a justiça e mostrar que estava certo. Os irmãos de José movido por atos desprezível e cruel, sórdido e deplorável, e não teria o ofendido, o lesado, o enganado, o prejudicado descarregar todo seu ressentimento, viver sua vingança e acertas as contas? O interessante por José escolher reconciliar-se com sua família, embora com as cicatrizes, e seguir adiante. Quem já não escutou relatos de entes familiares que romperam e não se falam a anos. Talvez, lá no fundo, buscamos a vingança, como uma forma de reaver o poder, o controle perdido, por nos concebermos sem nenhuma condição, diante de quem nos enganou, nos traiu, nos machucou, nos decepcionou, nos desrespeitou, como se tivesse um domínio sobre nós e tentarmos derrubar isso, a todo e qualquer custo. Sejamos honestos, não dispomos de instrumentos para reescrever o ocorrido, ocorreu, e a virtude de se refazer envolve deletar ou remover quem nos ofendeu de nossa alma, de nosso ser e saírmos do estado de vítima e de coitados para protagonistas de nossa própria vida. Isso nos ajuda a não perder nossa integridade, a sermos inteiros, sem a intenção de dizer que tudo vai se apagar das nossas memórias e lembranças, entretanto, quando vier não serei mais tomado pelo ressentimento e muito menos pelo rancor. Volto a dizer, não digo para aceitarmos o termo desculpas, no caso apresentado, como se situações ruins, graves e danosas são devido as imperfeições das pessoas e devemos deixar para trás, para lá, não. De certo, não, em função de as pessoas serem responsáveis por suas escolhas e decisões. Deve ser anotado, quando a bíblia falar de e sobre perdão, remete-nos a não sermos um campo de infecções, em nossa mente, em nosso espírito e em nossas emoções, por poder nos levar a suspeitar de tudo e de todos, de não separar quando for necessário criticar, mas sem generalizações (de grupos, de etnias, de povos, de raças, de tribos, de nações, de pessoas, de credos).
O perdão pode reconciliar, como também nos levar a caminhos distintos, poupa-nos de consumir nossa existência, com aquilo que não traz nada de vida, permite-nos, chorar, irritar-se, indignar-se e nos presta o favor de fazer um bem para nós mesmos.
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