Palavra do leitor
- 26 de novembro de 2014
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Mentiroso social
Por muitas vezes se tem afirmado por ai que as palavras são portas e janelas. Se destranco as portas, a história do mundo me visita, se me debruço e olho através das janelas descubro o mundo.
Fascinante é ainda certificar-se de que o homem e todo o universo foram criados a partir da palavra: faça-se a luz, façam-se as águas, faça-se o céu, faça-se o homem...(Gênesis 1). A palavra, de fato, realiza aquilo que prenuncia.
E pode a palavra fazer mais para o homem do que remediar sua solidão? Vejo duas espécies de solidão: uma que inibe e a outra que desafia. Padecendo da primeira, o homem se vê só e sem força movedora para encontrar-se nas relações, fecha-se e sofre. Na segunda, a dor é menor, mesmo sabendo se condenado à solidão, o sujeito procura, busca, insiste em estar com alguém. E é nesse contexto, que os argumentos, que a necessidade de se fazer notar pelo outro ganha uma grande dimensão social: eu preciso justificar minhas faltas, minhas falhas a qualquer preço.
Um argumento, há séculos, já sabiam os gregos, pode ser definido como uma afirmação acompanhada de justificativa (retórica) ou como uma justaposição de duas afirmações opostas, argumento e contra-argumento, por outro lado, em nossas práticas sociais, ao fazermos uso da palavra, estamos constantemente, consciente ou inconscientemente, transformando nossos argumentos em uma falácia, ou seja, um argumento inválido que parece válido, ou um argumento válido com premissas "disfarçadas". Resumindo: o ser humano vive numa busca incessante pela aceitação e essa busca faz com que se crie a necessidade de justificar-se.
Por vezes, mentimos... erramos e perante a consciência do nosso ato, procuramos justificar esses atos, tentando encontrar uma explicação tanto para nós como para aqueles que magoamos. Os argumentos usados de uma maneira negativa, sempre nos impede de crescermos e nos impele a sermos grandes '' mentirosos sociais'', pois através deles, justificamos as nossas pequenas mentiras, ''não tive tempo para cumprir um compromisso porque meu carro estragou, minha unha quebrou, não podia faltar à academia, estava chovendo'' e assim por diante.
Nesse sentido, o argumento que não argumenta, se torna uma falácia, que apenas serve de desculpa, é servil e esta sempre a serviço de determinados caprichos. Não podemos ficar ''mal na fita'', assumimos compromissos que sabemos que não seremos capazes de cumprir e assim, exercitamos nossa lábia de cada dia, comprometida com o não compromisso, com a nossa conveniência.
A vida não é tão delinear, porém isto não deve ser uma justificativa a favor de meus falsos argumentos, quando eu me torno um mentiroso social e não cumpro com meus compromissos.
Alessandra Dantas
Fascinante é ainda certificar-se de que o homem e todo o universo foram criados a partir da palavra: faça-se a luz, façam-se as águas, faça-se o céu, faça-se o homem...(Gênesis 1). A palavra, de fato, realiza aquilo que prenuncia.
E pode a palavra fazer mais para o homem do que remediar sua solidão? Vejo duas espécies de solidão: uma que inibe e a outra que desafia. Padecendo da primeira, o homem se vê só e sem força movedora para encontrar-se nas relações, fecha-se e sofre. Na segunda, a dor é menor, mesmo sabendo se condenado à solidão, o sujeito procura, busca, insiste em estar com alguém. E é nesse contexto, que os argumentos, que a necessidade de se fazer notar pelo outro ganha uma grande dimensão social: eu preciso justificar minhas faltas, minhas falhas a qualquer preço.
Um argumento, há séculos, já sabiam os gregos, pode ser definido como uma afirmação acompanhada de justificativa (retórica) ou como uma justaposição de duas afirmações opostas, argumento e contra-argumento, por outro lado, em nossas práticas sociais, ao fazermos uso da palavra, estamos constantemente, consciente ou inconscientemente, transformando nossos argumentos em uma falácia, ou seja, um argumento inválido que parece válido, ou um argumento válido com premissas "disfarçadas". Resumindo: o ser humano vive numa busca incessante pela aceitação e essa busca faz com que se crie a necessidade de justificar-se.
Por vezes, mentimos... erramos e perante a consciência do nosso ato, procuramos justificar esses atos, tentando encontrar uma explicação tanto para nós como para aqueles que magoamos. Os argumentos usados de uma maneira negativa, sempre nos impede de crescermos e nos impele a sermos grandes '' mentirosos sociais'', pois através deles, justificamos as nossas pequenas mentiras, ''não tive tempo para cumprir um compromisso porque meu carro estragou, minha unha quebrou, não podia faltar à academia, estava chovendo'' e assim por diante.
Nesse sentido, o argumento que não argumenta, se torna uma falácia, que apenas serve de desculpa, é servil e esta sempre a serviço de determinados caprichos. Não podemos ficar ''mal na fita'', assumimos compromissos que sabemos que não seremos capazes de cumprir e assim, exercitamos nossa lábia de cada dia, comprometida com o não compromisso, com a nossa conveniência.
A vida não é tão delinear, porém isto não deve ser uma justificativa a favor de meus falsos argumentos, quando eu me torno um mentiroso social e não cumpro com meus compromissos.
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