Palavra do leitor
- 27 de setembro de 2007
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Maria e a graça barata
Uma reflexão inteligente sobre a graça barata aplicada ao contexto brasileiro foi feita pelo leitor Almir Gonçalves neste espaço. Baseando-se na entrevista de Russel Schedd que mencionei em meu artigo "Está Cristo dividido?", o leitor de Juiz de fora mostrou assim sua preocupação com a situação atual e nosso evangelicalismo.
Este tema mexeu muito comigo por duas razões: a expressão "graça barata" foi criada por um teólogo alemão que tenho aprendido a respeitar muito e as circunstâncias que vivencio com meus pais que são católicos. Mas o que teria o catolicismo a ver com a Graça? Não é ali, mais que em qualquer outro ramo do cristianismo, que é pregado a salvação pelas obras?
Como bons católicos que são, papai e mamãe possuem a crença e devoção à Maria. Para os devotos marianos a mãe de Jesus possuiria atributos divinos como onisciência e onipresença, para alguns até a onipotência. Para nós evangélicos isso é um pecado óbvio que vai contra o segundo mandamento da lei divina.
Embora católicos confessem também a fé no Jesus histórico, sua ressurreição e divindade, todavia não é possuem aquela confiança exclusiva, pois apelam para outros "deuses" para os acudirem nas horas de aperto. É bom lembrar que Jesus em sua oração, definiu vida eterna como sendo conhecer ao Pai "só" por "único" Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem Ele enviou (Jo 17.3).
Sinto raiva e misericórdia para com meus pais. Raiva, porque ambos são pessoas estudadas, professores aposentados, que lêem a Bíblia e teriam assim por obrigação que ser mais atentos em suas conclusões lógicas relacionadas ao papel de Maria e as artimanhas católicas, coisas que por exemplo Leonardo Boff e frei Beto perceberam. Misericórdia, pois sei que eles são reféns de um forte e antigo sistema maligno e tradição religiosa os quais não lhes deixam quase nenhum direito ou opção de escolha. Sei que foi a bondade de Deus que me conduziu ao arrependimento e com eles será o mesmo caminho.
E nós protestantes? Até que ponto nós também não somos levados cativos pelas tradições evangélicas? E por causa disso também invalidamos o mandamento de Deus. Ao final da referida entrevista, Schedd diz com bom humor que se pudesse começar novamente quereria somente uma coisa, pecar menos. Talvez essa seja a grande encruzilhada na qual nos encontramos. Como pecar menos se somos vendidos sob o pecado?
Seria a "Mariolatria" a mesma coisa que uma avareza ou obstinação ou adultério (ainda que só no pensar) praticado por evangélicos? Será que o "não há mais condenação para os que estão em Cristo" inclui também católicos que crêem e evangélicos que mesmo crendo apelam para outras "seguranças" nada cristãs, e acabam pecando? Será que Deus não leva em conta essa "ignorância" e suporta sofregamente os gentios cristãos assim como fez com Israel por milênios?
O sr. Almir coloca muito sabiamente a resposta e saída para essas indagações: as práticas e ensinos bíblicos da santificação, da disciplina (que eu traduzo como discipulado – mais uma influência de Bonhoeffer) e da salvação. Tudo isso tem que nos levar a uma melhora de caráter e constante transformação.
Não vejo todavia, a salvação como um passo inicial. Talvez aí esteja o grande erro do evangelicalismo... Entendo todos esses processos (salvação, discipulado, santificação) como um só pacote com diferentes facetas que de acordo com o tempo ou circunstâncias vão assumindo importâncias distintas em nosso caminhar. Ter isso bem equilibrado e bem ensinado poderá nos levar de volta àquela boa tradição deixada pelos apóstolos. A qual infelizmente perdemos de vista com o passar dos anos e as mutações horrorosas que o evangelho sofreu.
Se existe o perigo de mutação do verdadeiro evangelho da graça de Jesus em algo banal, barato e ilógico, essa é com certeza a conseqüência inevitável de qualquer outro evangelho (se bem que não existe outro). Uma fé ou crença que se vale da ajuda mística ou dogmática de Maria, Lutero ou de um pastor Sicrano para seu sustento está fadado em se tornar em graça barata, que leva à perdição. Essas muletas ao invés de sustentarem a fé de uma pessoa a derrubam.
Qual então o valor de Maria, de Lutero, ou do pastor? Sei que minha fé não se apóia em sabedorias de homens, mas somente no poder de Deus. Então essas pessoas são somente testemunhas especiais da operação desse poder que tem sua expressão máxima na ressurreição de Jesus Cristo. E é nessa ressurreição dos mortos que eu quero ver se de alguma maneira posso chegar.
www.fraternus.de
Este tema mexeu muito comigo por duas razões: a expressão "graça barata" foi criada por um teólogo alemão que tenho aprendido a respeitar muito e as circunstâncias que vivencio com meus pais que são católicos. Mas o que teria o catolicismo a ver com a Graça? Não é ali, mais que em qualquer outro ramo do cristianismo, que é pregado a salvação pelas obras?
Como bons católicos que são, papai e mamãe possuem a crença e devoção à Maria. Para os devotos marianos a mãe de Jesus possuiria atributos divinos como onisciência e onipresença, para alguns até a onipotência. Para nós evangélicos isso é um pecado óbvio que vai contra o segundo mandamento da lei divina.
Embora católicos confessem também a fé no Jesus histórico, sua ressurreição e divindade, todavia não é possuem aquela confiança exclusiva, pois apelam para outros "deuses" para os acudirem nas horas de aperto. É bom lembrar que Jesus em sua oração, definiu vida eterna como sendo conhecer ao Pai "só" por "único" Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem Ele enviou (Jo 17.3).
Sinto raiva e misericórdia para com meus pais. Raiva, porque ambos são pessoas estudadas, professores aposentados, que lêem a Bíblia e teriam assim por obrigação que ser mais atentos em suas conclusões lógicas relacionadas ao papel de Maria e as artimanhas católicas, coisas que por exemplo Leonardo Boff e frei Beto perceberam. Misericórdia, pois sei que eles são reféns de um forte e antigo sistema maligno e tradição religiosa os quais não lhes deixam quase nenhum direito ou opção de escolha. Sei que foi a bondade de Deus que me conduziu ao arrependimento e com eles será o mesmo caminho.
E nós protestantes? Até que ponto nós também não somos levados cativos pelas tradições evangélicas? E por causa disso também invalidamos o mandamento de Deus. Ao final da referida entrevista, Schedd diz com bom humor que se pudesse começar novamente quereria somente uma coisa, pecar menos. Talvez essa seja a grande encruzilhada na qual nos encontramos. Como pecar menos se somos vendidos sob o pecado?
Seria a "Mariolatria" a mesma coisa que uma avareza ou obstinação ou adultério (ainda que só no pensar) praticado por evangélicos? Será que o "não há mais condenação para os que estão em Cristo" inclui também católicos que crêem e evangélicos que mesmo crendo apelam para outras "seguranças" nada cristãs, e acabam pecando? Será que Deus não leva em conta essa "ignorância" e suporta sofregamente os gentios cristãos assim como fez com Israel por milênios?
O sr. Almir coloca muito sabiamente a resposta e saída para essas indagações: as práticas e ensinos bíblicos da santificação, da disciplina (que eu traduzo como discipulado – mais uma influência de Bonhoeffer) e da salvação. Tudo isso tem que nos levar a uma melhora de caráter e constante transformação.
Não vejo todavia, a salvação como um passo inicial. Talvez aí esteja o grande erro do evangelicalismo... Entendo todos esses processos (salvação, discipulado, santificação) como um só pacote com diferentes facetas que de acordo com o tempo ou circunstâncias vão assumindo importâncias distintas em nosso caminhar. Ter isso bem equilibrado e bem ensinado poderá nos levar de volta àquela boa tradição deixada pelos apóstolos. A qual infelizmente perdemos de vista com o passar dos anos e as mutações horrorosas que o evangelho sofreu.
Se existe o perigo de mutação do verdadeiro evangelho da graça de Jesus em algo banal, barato e ilógico, essa é com certeza a conseqüência inevitável de qualquer outro evangelho (se bem que não existe outro). Uma fé ou crença que se vale da ajuda mística ou dogmática de Maria, Lutero ou de um pastor Sicrano para seu sustento está fadado em se tornar em graça barata, que leva à perdição. Essas muletas ao invés de sustentarem a fé de uma pessoa a derrubam.
Qual então o valor de Maria, de Lutero, ou do pastor? Sei que minha fé não se apóia em sabedorias de homens, mas somente no poder de Deus. Então essas pessoas são somente testemunhas especiais da operação desse poder que tem sua expressão máxima na ressurreição de Jesus Cristo. E é nessa ressurreição dos mortos que eu quero ver se de alguma maneira posso chegar.
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