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Palavra do leitor

Lá das bandas de Samaria

Lugar de desprezo e preconceitos, indigno para pessoas "justas e santas". De lá não se imaginaria surgir alguém de coração generoso, alguém que se identificasse com a dor do outro levando-lhe o bom perfume da graça.

Uma das parábolas mais conhecidas em todo o mundo, a do "Bom Samaritano", nos chama a atenção por vários motivos, a começar pelo título que é bem sugestivo. A ideia seria mostrar que dificilmente um morador desta região, odiada por judeus há séculos, seria capaz de um ato de filantropia, de uma atitude de misericórdia, afinal, eles, os tais samaritanos, eram considerados como pessoas desprovidas de dignidade e respeito. Ou seja, falar "o bom samaritano" seria uma figura de pensamento, uma ironia, uma simulação que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa.

Pois bem…Após ser inquirido por um perito da Lei em Israel sobre quem seria nosso próximo, Jesus não perdeu a oportunidade e no texto lucano conta esta parábola, uma verdadeira pérola da literatura oriental. Um homem estava de viagem, vindo de Jerusalém para Jericó, uma estrada bem perigosa na região da Judeia quando foi atacado por ladrões que lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. Muitas pessoas certamente passaram por ali e viram aquele pobre homem se contorcendo em dores, mas Jesus citou apenas dois: um sacerdote e um levita.

Os dois "judeus de verdade" tiveram a mesma oportunidade de fazer uma boa obra, mas não o fizeram. Pareciam estar ocupados demais com seus afazeres. Simplesmente passaram pro outro lado da estrada deixando o infeliz entregue à própria sorte. Muito provavelmente, estes dois últimos, assim como o tal morador de Samaria, vinham de algum compromisso religioso importante na cidade de Davi. Mas, como visto, as palavras ouvidas por lá reverberaram de maneira diferente em cada um. Isso me faz pensar sobre os milhões em nossos dias que lotam igrejas e catedrais, que fazem longas peregrinações sacrificiais e visitam lugares ditos santos, mas continuam com seus corações endurecidos e suas mentes cauterizadas.

Interessante a citação a esses dois personagens. Ambos estão ligados à religiosidade da época e à figura do templo. Um sacerdote, portanto alguém que fazia o "meio de campo" entre Jeová e o povo levando Àquele as demandas deste. Profissional da fé, conhecedor das Escrituras, deveria saber quem era seu próximo. O outro, um levita, da tribo responsável pelo louvor e adoração ao Deus Altíssimo. No templo, deveria ser alguém bem notável e respeitado. Alguém fora de qualquer suspeita. Mas fora dele… bem, o texto fala por si.

O terceiro viajante a ver o homem desfalecido no empoeirado chão é justamente um samaritano. Membros de uma etnia considerada, sem honra, sem cidadania, eles não deveriam nem ir ao templo. Eram chamados de idólatras. Porém, foi este indivíduo sem CPF, um apátrida, que se compadeceu da vítima em questão. Não apenas parou para averiguar sua situação, mas também deu-lhe os primeiros socorros derramando seus parcos e caros vinho e óleo sobre suas feridas, levando-lhe para uma hospedaria e ainda pagando adiantado os gastos que haveria pela frente.

De fato, este habitante das bandas de Samaria sabia quem era seu próximo: todo aquele que precisasse de uma mão estendida. E ainda não satisfeito com sua atuação, o bondoso homem voltou no dia seguinte ao local e deu parte do seu sofrido salário para o gerente do hotel pedindo-lhe para cuidar bem do amigo nos próximos dias. Certamente, aquele dinheiro faria falta nas dispensas de sua família, contudo o verdadeiro amor não procura seus próprios interesses.

O nazareno que narrou esta história, que também era um viajante assíduo, mais uma vez despedaça os pilares daqueles que se julgam superiores. Novamente nos ensina que religiosidade sem amor é mera tradição e formalismo, portanto, não é capaz de satisfazer o coração de Deus, não tem o condão de transformar realidades nem de impactar sociedades.

Penso em quantos feridos já encontrei pelo caminho e, de largo, também passei. Pergunto quantas desculpas mais darei para não me aproximar das chagas do outro. Pergunto quando deixaremos de perder tempo com coisas e passaremos a cuidar de gente. Quando deixaremos de teatralizar vivendo uma fé superficial, egoísta e falaciosa?

Penso no verdadeiro Bom Samaritano, Aquele que veio de muito longe para não somente nos visitar neste "vale da sombra da morte", mas nos curar de nossas patologias espirituais e emocionais e nos reconectar com o Pai. Aquele que deixou sua morada temporariamente para se hospedar conosco. E como o viajante acima, pagou adiantado nossa dívida.

Desejo que, no grande dia, possamos ouvir as acalentadoras palavras do Rei como prêmio, como reconhecimento por termos sido bons samaritanos nesta etapa terrena da existência: "Venham, benditos do meu Pai! Recebam como herança o reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo." Mt 25

Tony - Autor de PINGOS DA GRAÇA.
https://pingosdagraca.wordpress.com
Brasília - DF
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