Palavra do leitor
- 02 de agosto de 2011
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John Stott, o 'turrão' que deu certo!
Stott seria diplomata se...
Linguista, foi do tipo ‘summa cum laude’: aluno brilhante até quando voltou-se para a teologia. Filho de médico, frequentou desde cedo All Souls Church e lá ficou até o fim da vida. Começou como membro e terminou como pastor da igreja.
Era um britânico de ponta a ponta, na fleuma e na diplomacia. Nunca casou e tinha uma notável capacidade para o trabalho. Ornitofilia era-lhe uma quase obsessão tanto quanto o evangelismo.
Diante de oposição ou críticas trocava pontos de vista mas nunca se agradou de conflitos, preferindo o diálogo.
O único livro que li dele foi Basic Christianity nos tempos em que morava nos Estados Unidos. Meus interesses de estudo eram outros e Stott era mais evangélico conservador com conexões na InterVarsity e Billy Graham que não faziam o meu gênero.
Considerava a mente um dom de Deus e pelas suas andanças no mundo impressionou-se com a pobreza (social) tanto quanto começou a arrebanhar um grupo não de seguidores, mas pela via da exposição inteligente da Bíblia. Era diplomata ‘turrão’!
Com ele os evangélicos conservadores ganharam força e espaço no cenário mundial. Casava nele o comportamento evangélico arejado, aberto à época, com um estilo de enxergar o texto bíblico com novidade tal sem perder de vista os fundamentos da fé. O resto foi liderança.
Eis a palavra chave que parece se encaixar perfeitamente numa pessoa que por todos os padrões britânicos não era dado a surtos e arroubos de comportamento extravagante de modo a chamar a atenção.
Como se tornou um líder?
Li essa semana um artigo fascinante de Fernando Reinach, ex-professor da USP na área de biologia molecular, presidiu a Votorantim Novos Negócios e hoje é membro do Conselho da Amirys no Brasil.
‘O que faz um líder ser líder?’.
Imaginemos duas pessoas desejosas de encontrar no outro o parceiro, mas estão totalmente impedidos de se comunicar um com o outro. Tudo que se sabe é que ele vai todas as noites em certo Bar ‘A’, e ela todas as noites ao Bar ‘B’.
Como não podem comunicar um com outro para marcar o encontro, nunca se encontrarão. Se abandonarem seus bares preferidos e forem um no do outro, também não se encontrarão. Para o encontro é necessário que um seja ‘turrão’ (determinado): não abra mão de sua preferência; e o outro abra mão de seu bar. Alguém tem que saber negociar!
A única informação de que dispõem é o comportamento do parceiro na noite anterior. Se se amarem, um irá ao bar do outro, e não no seu: um vai o outro fica. Resultado, os dois se encontrarão todas as noites.
Imaginando que o sucesso reprodutivo é proporcional à sua necessidade de encontrar o parceiro ideal, construíram-se modelos matemáticos capazes de simular, variando de parâmetros, o surgimento de líderes e liderados baseado nessa determinação de ser ‘turrão’. Isto é, de se permanecer no bar ‘A’, esperando pelo outro.
O resultado mostra que a partir de uma população homogeneamente ‘turrona’ (chamemos de líderes), basta ocorrer uma mutação que aumente ou diminua o grau de intransigência de um membro para que em poucas gerações a população se divida em poucos líderes e muitos liderados. Nem todos serão estadistas, diplomatas e pastores de All Souls Church!
Alguém tem que ser ‘turrão’ o suficiente para mostrar que é tudo isso e mais. Se cada parceiro ficar no seu próprio bar, nunca se comunicarão.
Claro que as sociedades dos homens dependem de inteligência, ousadia e carisma, etc. A relação ‘líder-liderado’ é muito mais complexa. Mesmo assim, há que existir ‘determinação’.
Não é difícil imaginar que além de tudo o que se sabe sobre liderança, pouco se fala sobre o ‘momento’, as ‘circunstâncias’, a ‘época’ e uma gama de outros fatores na personalidade de um líder.
Eu quero ficar com apenas um. O ‘momento’ ou o ‘turno’ em que a pessoa ‘turrona’ aparece, e casar o ‘turrão’ com o ‘turno’.
Billy Graham iniciou aquilo que ficaria conhecido como a ‘evangelização do mundo’. Em 1966 sua organização avançou na tentativa de atrair e unir os evangélicos. Nasceram as cruzadas: Berlim, Singapura, Mineapolis, Bogotá, Austrália.
Em 1974, cerca de 2,700 participantes e convidados de mais de 150 países se reuniram em Lausanne na Suíça por 10 dias. Estavam lá Samuel Escobar, Francis Schaeffer, Carl Henry e Ralph Winter, entre outros.
Se não fosse a habilidade de um diplomata ‘turrão’ de qualidade excepcional e estadista de cepa britânica, a conferência contemplaria um racha, até entre os irmãos!
Esse ‘turrão’ era John Stott, presidente da Comissão que elaborou o Pacto de Lausanne. Aquele documento (‘tecido teológico’) que se puxasse demais esgarçaria e se duro demais não daria para fazer cobertor para mais de 150 representantes de nações.
Se era líder antes, quando chegou a sua ‘hora’, ou o seu ‘turno’, ele se consagrou. Aquele que se mostrou mais ‘turrão’, habilidoso e bateu o pé, viu seus liderados se reunir naquela que é hoje a maior conferência de evangélicos que o mundo já assistiu!
Linguista, foi do tipo ‘summa cum laude’: aluno brilhante até quando voltou-se para a teologia. Filho de médico, frequentou desde cedo All Souls Church e lá ficou até o fim da vida. Começou como membro e terminou como pastor da igreja.
Era um britânico de ponta a ponta, na fleuma e na diplomacia. Nunca casou e tinha uma notável capacidade para o trabalho. Ornitofilia era-lhe uma quase obsessão tanto quanto o evangelismo.
Diante de oposição ou críticas trocava pontos de vista mas nunca se agradou de conflitos, preferindo o diálogo.
O único livro que li dele foi Basic Christianity nos tempos em que morava nos Estados Unidos. Meus interesses de estudo eram outros e Stott era mais evangélico conservador com conexões na InterVarsity e Billy Graham que não faziam o meu gênero.
Considerava a mente um dom de Deus e pelas suas andanças no mundo impressionou-se com a pobreza (social) tanto quanto começou a arrebanhar um grupo não de seguidores, mas pela via da exposição inteligente da Bíblia. Era diplomata ‘turrão’!
Com ele os evangélicos conservadores ganharam força e espaço no cenário mundial. Casava nele o comportamento evangélico arejado, aberto à época, com um estilo de enxergar o texto bíblico com novidade tal sem perder de vista os fundamentos da fé. O resto foi liderança.
Eis a palavra chave que parece se encaixar perfeitamente numa pessoa que por todos os padrões britânicos não era dado a surtos e arroubos de comportamento extravagante de modo a chamar a atenção.
Como se tornou um líder?
Li essa semana um artigo fascinante de Fernando Reinach, ex-professor da USP na área de biologia molecular, presidiu a Votorantim Novos Negócios e hoje é membro do Conselho da Amirys no Brasil.
‘O que faz um líder ser líder?’.
Imaginemos duas pessoas desejosas de encontrar no outro o parceiro, mas estão totalmente impedidos de se comunicar um com o outro. Tudo que se sabe é que ele vai todas as noites em certo Bar ‘A’, e ela todas as noites ao Bar ‘B’.
Como não podem comunicar um com outro para marcar o encontro, nunca se encontrarão. Se abandonarem seus bares preferidos e forem um no do outro, também não se encontrarão. Para o encontro é necessário que um seja ‘turrão’ (determinado): não abra mão de sua preferência; e o outro abra mão de seu bar. Alguém tem que saber negociar!
A única informação de que dispõem é o comportamento do parceiro na noite anterior. Se se amarem, um irá ao bar do outro, e não no seu: um vai o outro fica. Resultado, os dois se encontrarão todas as noites.
Imaginando que o sucesso reprodutivo é proporcional à sua necessidade de encontrar o parceiro ideal, construíram-se modelos matemáticos capazes de simular, variando de parâmetros, o surgimento de líderes e liderados baseado nessa determinação de ser ‘turrão’. Isto é, de se permanecer no bar ‘A’, esperando pelo outro.
O resultado mostra que a partir de uma população homogeneamente ‘turrona’ (chamemos de líderes), basta ocorrer uma mutação que aumente ou diminua o grau de intransigência de um membro para que em poucas gerações a população se divida em poucos líderes e muitos liderados. Nem todos serão estadistas, diplomatas e pastores de All Souls Church!
Alguém tem que ser ‘turrão’ o suficiente para mostrar que é tudo isso e mais. Se cada parceiro ficar no seu próprio bar, nunca se comunicarão.
Claro que as sociedades dos homens dependem de inteligência, ousadia e carisma, etc. A relação ‘líder-liderado’ é muito mais complexa. Mesmo assim, há que existir ‘determinação’.
Não é difícil imaginar que além de tudo o que se sabe sobre liderança, pouco se fala sobre o ‘momento’, as ‘circunstâncias’, a ‘época’ e uma gama de outros fatores na personalidade de um líder.
Eu quero ficar com apenas um. O ‘momento’ ou o ‘turno’ em que a pessoa ‘turrona’ aparece, e casar o ‘turrão’ com o ‘turno’.
Billy Graham iniciou aquilo que ficaria conhecido como a ‘evangelização do mundo’. Em 1966 sua organização avançou na tentativa de atrair e unir os evangélicos. Nasceram as cruzadas: Berlim, Singapura, Mineapolis, Bogotá, Austrália.
Em 1974, cerca de 2,700 participantes e convidados de mais de 150 países se reuniram em Lausanne na Suíça por 10 dias. Estavam lá Samuel Escobar, Francis Schaeffer, Carl Henry e Ralph Winter, entre outros.
Se não fosse a habilidade de um diplomata ‘turrão’ de qualidade excepcional e estadista de cepa britânica, a conferência contemplaria um racha, até entre os irmãos!
Esse ‘turrão’ era John Stott, presidente da Comissão que elaborou o Pacto de Lausanne. Aquele documento (‘tecido teológico’) que se puxasse demais esgarçaria e se duro demais não daria para fazer cobertor para mais de 150 representantes de nações.
Se era líder antes, quando chegou a sua ‘hora’, ou o seu ‘turno’, ele se consagrou. Aquele que se mostrou mais ‘turrão’, habilidoso e bateu o pé, viu seus liderados se reunir naquela que é hoje a maior conferência de evangélicos que o mundo já assistiu!
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