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Palavra do leitor

Jesus se foi, embora…

Sair à procura dos rastros históricos de Jesus pode ser uma tarefa enfadonha, além de ilusória. Não tiro os méritos da arqueologia ou mesmo da hermenêutica, mas elas só são peças pequeninhas que se encontram fora do motor da fé. Josh Mcdowell e suas jornadas históricas, como a "More than a carpenter" (mais que um carpinteiro), na verdade, não conseguem ir além do fato que houve um carpinteiro, e nada mais. Ai de nós se não fosse a ajuda das mãos arqueológicas do Espírito, como disse Alysson Amorim.

Foi Dostoievski quem afirmou que mesmo se lhe provassem que Cristo nunca existiu, continuaria acreditando nele. Parece que a ciência moderna já chegou a muito a essa conclusão. O nascimento através de uma virgem, 40 dias sem comer e beber, os tantos milagres e sua ressurreição são só algumas das coisas que a ciência refuta. Segundo o cronista mineiro Fernando Sabino, já houve alguém tido como inteligente e culto, que um dia seriamente lhe afirmou ser um absurdo acreditar hoje em dia na ascensão de Jesus aos céus, pois está cientificamente provado que ao atingir a estratosfera ele explodiria.

Após sua ascensão, temos que adimitir, aqui e acolá Jesus dá as caras. Até mesmo no livro de Atos. Estêvão o contemplou no trono celestial. Os perseguidores da igreja e principalmente Saulo o encontraram no caminho de Damasco. Paulo recebeu sua visita encorajadora na prisão. Todas essa aparições são, porém bem diferentes da presença cotidiana do carpinteiro de Nazaré. Existe uma quase oposição entre o Jesus terreno e o Cristo extraterrestre como explica Paulo Purim.

Do Jesus terreno Atos nos deixa só duas frases inéditas. Aliás a quase ausência de doutrinas e ensinos no segundo livro destinado ao Amigo de Deus (Teófilo) faz pensar que o autor, evitando toda repetição (daquilo que já havia escrito no primeiro), levou muito a sério o ditado que diz, "suas obras falam mais alto que suas palavras". Inquestionavelmente a ênfase do livro faz jus ao nome que lhe deram: Atos.

Restam-nos somente duas referências diretas àquilo que o Mestre disse e ensinou enquanto andou pelas estradas de Israel. Uma é encontrada nos lábios de seu discípulo Pedro: "E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo" (At 11.16). O dito em si não é novo, pois aparece várias vezes nos Evangelhos, mas sempre pronunciado por João Batista. Lucas, na verdade, no início do livro de Atos coloca Jesus mesmo relembrando deste dito (At 1.4-5).

A vinda do Espírito Santo sem dúvida revela a presença do Senhor aqui nessa terra, e isso de forma dupla. Primeiramente em sua igreja, a qual é na prática a presença corpórea de Jesus nesse mundo. Os discípulos do Senhor que comem do mesmo pão e bebem do mesmo cálice formam um só corpo, o corpo vivo de Cristo. O problema é que nesse caso, como Igreja Evangélica, vivemos nossa crise de identidade e estamos como minha mamãe, olhando para os céus aflitos e suspirando: "Eu estou sentindo é uma falta de mim mesmo!"

Mas Cristo se faz presente também através do sopro livre e libertador: O Paráclito que foi enviado e está a nossa volta, que não se prende às paredes institucionais. Na realidade não podemos vê-lo, mas podemos ouvir o seu sussurro.

Se um desses sussurros, originalmente infundidos por Lucas no seu Livro, nos revela o paradeiro do Nazareno, então não seria errado supor que o outro atingiria também o mesmo propósito. Ele se encontra nos lábios de Paulo: "Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os 'enfermos', e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At 20.35).

Essa doação altruísta seria a porta mágica que nos abre passagem para o outro universo onde nosso Senhor se esconde. Para entendermos isso temos que recorrer aos Evangelhos para extrair aquilo que Ele mesmo disse: "Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me" (Mt 25.35-36). Ali o Rabi se esconde e se escondia, nesse alguém, nos enfermos ou fracos que Pedro, Paulo e outros seguindo seu exemplo ajudaram.

Embora o Mestre esteja presente nos bilhões de excluídos deste mundo ele pode nos continuar ausente, se não tivermos a ousadia necessária para tocar na maçaneta da porta mágica. Às vezes precisamos abri-la para acolher alguém, às vezes para adentrar onde alguém está desacolhido. Só que não raro estamos como Felipe a suplicar: "Senhor, mostra-nos o 'Filho', o que nos basta". E o Espírito nos responde da mesma forma, calma e mansamente: "Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido?"

É verdade mesmo, Jesus se foi, embora esteja conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.
Fürth - EX
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Site: http://teologia-livre.blogspot.de/

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