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Palavra do leitor

Jesus: messias-guerreiro ou messias-pastor?

A tradição messiânica no interior do judaísmo sempre esteve ligada à ascenção de Davi como rei. Esta história foi sendo lida a partir de dois pontos de vista distintos: um, é a tradição que surge do campo, relacionada a imagem de um Davi pastor, que vence os seus inimigos pela confiança em Javé, e não pela própria força. Outro, é a tradição palaciana, na qual a monarquia já está estabelecida, e Davi é encarado muito mais como um guerreiro, um rei-militar, que anexa territórios ao reino de Israel pela força de seus exércitos.

É a partir destas imagens que surgiram no interior do Judaísmo duas tradições messiânicas. Primeiro, temos um Messias Militar, com um caráter fortemente bélico. Trata-se de um messias que vem para reinar e devolver a Israel a glória da monarquia, livre de opressores estrangeiros. Esta expectativa está presente em diversos salmos (ver o Salmo 2, por exemplo).

Esta noção aparece também em textos apócrifos. Um trecho dos Salmos de Salomão pede a Deus: “Desperta-lhes um rei, o filho de Davi (...) cinge-o com o teu poder de modo que aniquile os tiranos ímpios e purifique a Jerusalém dos pagãos que a mancham com seus pés (...) Então ele reunirá um povo santo que ele governará com eqüidade, e julgará as tribos do povo santificado pelo Senhor seu Deus, e dividirá entre eles o país, e os estrangeiros não terão o direito de habitar no meio deles (...) O Rei [MESSIAS] tornará Jerusalém pura e santa como era no começo!”

A outra tradição messiânica surge do campo, e está relacionada à figura de um messias pastor. O profeta Isaías (Is 6.1 – 9.7 e Is 11.1-9), o profeta Miquéias (Mq5.2-5) e o profeta Zacarias (Zc 9.9-10) defendem esta tradição. Há, nesses textos, uma ruptura com a imagem do Messias proposto pela monarquia. O reinado do Messias não será pela força (bélico), mas sim pela paz: trata-se, aliás, de um Messias-menino que trará um reino de paz, justiça e direito (Is 9.6-7). O messias-menino marca o início de um novo tempo para Judá. Além disso, o messias-menino será guiado pelo Espírito de Javé, de sabedoria e inteligência, e não pelo poderio militar (Is 11.1-6).

Miquéias também compreende assim a vinda do Messias, incorporando outra imagem importante: o messias que vem é um pastor, isto é, aquele que cuida, apascenta, alimenta e protege suas ovelhas. Longe de ser um messias militar, que governará pela força, o messias esperado por Miquéias governará pela força de Javé, e esta atuação pastoral trará paz à terra. (Mq 5.2-5)

Zacarias, por sua vez, reproduz essas expectativas, falando da vinda de um Messias pobre, que vem como fonte de liberdade e alegria (Zc 9.9-10). O Messias de Zacarias é justo – sua justiça é evidenciada no cuidado com os pobres. O Messias é pobre (humilde), pois é aquele que revela que Deus assume a defesa dos oprimidos para libertá-los.

E quanto a Jesus? Que tipo de Messias os escritores do NT apresentam em suas páginas? E o próprio Senhor? Com qual tradição messiânica ele se identificava?

Para os evangelistas, o Cristo que veio está relacionado a esta tradição de um messias pastor. Mateus relê Isaías e Zacarias, aplicando o teor de suas profecias a Jesus (Mt 1.18-25; 21.1-11). Já João apresenta a função do Messias no Novo Testamento como pastoreio: Jesus é o bom pastor, que cuida e dá a sua vida pelas suas ovelhas (Jo 10).

Jesus também escolheu esta tradição. Percebendo que o título Messias trazia para os judeus conotações políticas – isto é, o Messias, pela força, libertaria Israel do poderio de Roma – Jesus decide, conscientemente, rejeitar qualquer proposta nesse sentido. Na tentação do deserto, por exemplo, a possibilidade de tornar-se este messias militar é enfaticamente recusada. A oferta de Satanás (“Se me adorares, tudo isto será teu”) continha exatamente a expectativa que o Judaísmo esperava do Messias: “ter a glória dos reinos” (Mt 4.8-10). Em outras palavras, era a tentação de assumir este papel político de conquista pela força. Jesus recusa veementemente este título de Messias como líder político revolucionário. Ele decide ser um messias mais humano!

Falar de um Messias aparentemente fraco – e, conseqüentemente, de uma comunidade que o segue – incomoda muitos que não conseguem aceitar a idéia de um Messias pastor. Mas é justamente essa figura que mais se aproxima do ministério de Jesus. Ele cuida de suas ovelhas, e mais: as conhece pelo nome. Ele as enxerga como pessoas que estão cansadas, sobrecarregadas e oprimidas, e a elas, Ele oferece seu fardo que é leve e suave.

Resta saber que tradição nós, seus discípulos, adotaremos em nossa jornada.
Petrópolis - RJ
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