Palavra do leitor
- 11 de dezembro de 2008
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Interiorização ou ação terapêutica?
Na busca de responder "quem é Jesus Cristo hoje?", que é o grande questionamento cristológico, Moltmann nos diz que há duas respostas que não se excluem, mas se complementam mutuamente. A primeira é a resposta da cristologia apologética que visa dar razão à nossa esperança, coletando dados da messianidade de Cristo para a nossa fé. A segunda, a terapêutica, é totalmente soteriológica; ou seja, ela apresenta a salvação que Cristo traz de modo salutífero na miséria da atualidade. A salvação tem força salvífica, do contrário não seria salvação.
Tal ação terapêutica é contra a dualidade existente entre o profano e o sagrado, pois no teológico a salvação é a salvação toda e a salvação do todo, ou então não é salvação de Deus da realidade que tudo determina.
Moltmann diz que nesse sentido, a salvação em Cristo tem que ser vista a partir de círculos concêntricos, ou seja, começa por meio da experiência individual, parte para a reconciliação do cosmos, do céu e da terra. Mas, salienta o seguinte:
Neste contexto é perigoso para a soteriologia cristã e destituído de sentido para as pessoas ocupar-se cada vez somente com a 'questão religiosa' numa sociedade, para mostrar a salvação de Cristo apenas nas misérias das pessoas supostamente religiosas nesta sociedade, pois a esfera do religioso é alienada por si só num sociedade alienada. Numa sociedade que declarou 'religião' como 'assunto particular', a salvação de Cristo pode ser apresentada somente como salvação particular quando a cristandade se envolve com essa questão religiosa da interiorização das pessoas produzida socialmente. Neste caso, porém, os pecados econômicos, sociais e políticos dos homens, que conduziram àquela individualização das pessoas e ao isolamento das almas, permanecem sem crítica libertadora e sem esperança da salvação do evangelho.
Mas adiante, o nosso teólogo diz que este evangelho que traz salvação é o evangelho do reino que não pode ser limitado nem à vida privada muito menos à vida religiosa. A conversão a este reino ou a este evangelho é em si uma antecipação da nova vida que o evangelho aponta e que o Espírito de Deus põe a vigorar. Conversão é vida na antecipação do reino de Deus com base na providência desse reino.
E este reino é o reino terapêutico onde Leonardo Boff diz que já não é mais uma utopia humana impossível. Mas porque a Deus nada é impossível (Lc 1:37), ele é uma realidade já incipiente dentro do nosso mundo. Com Jesus começou uma grande alegria para todos (Lc 2:10) porque já agora sabemos que, com a nova ordem introduzida por ele, será verdade aquilo que o Apocalipse nos prometia, como a irrupção do novo céu e nova terra (Ap 21:1,4)
Portanto, a salvação que vem do reino e do evangelho que é o próprio Cristo, segundo Moltmann:
É o resumo de todas as curas. Se ela está contida no domínio de Deus, então ela é tão abrangente como o próprio Deus e não pode ser reduzida a áreas parciais da criação. Não é a “salvação da alma”, embora também a alma das pessoas enfermas deva ser sarada. Também não se pode delimitar a salvação a uma área terrena, que então passa a ser denominada “bem-estar” e que é subtraída á influência do domínio de Jesus e da fé. Salvação é uma grandeza que inclui integralidade e bem estar dos homens, salvação para o totus homo, não simples salvação da alma para o indivíduo. Salvação não significa apenas “bens espirituais”, mas abrange, da mesma forma, a saúde do corpo. Jesus cura a pessoa toda –Jo 7:23.
Tal ação terapêutica é contra a dualidade existente entre o profano e o sagrado, pois no teológico a salvação é a salvação toda e a salvação do todo, ou então não é salvação de Deus da realidade que tudo determina.
Moltmann diz que nesse sentido, a salvação em Cristo tem que ser vista a partir de círculos concêntricos, ou seja, começa por meio da experiência individual, parte para a reconciliação do cosmos, do céu e da terra. Mas, salienta o seguinte:
Neste contexto é perigoso para a soteriologia cristã e destituído de sentido para as pessoas ocupar-se cada vez somente com a 'questão religiosa' numa sociedade, para mostrar a salvação de Cristo apenas nas misérias das pessoas supostamente religiosas nesta sociedade, pois a esfera do religioso é alienada por si só num sociedade alienada. Numa sociedade que declarou 'religião' como 'assunto particular', a salvação de Cristo pode ser apresentada somente como salvação particular quando a cristandade se envolve com essa questão religiosa da interiorização das pessoas produzida socialmente. Neste caso, porém, os pecados econômicos, sociais e políticos dos homens, que conduziram àquela individualização das pessoas e ao isolamento das almas, permanecem sem crítica libertadora e sem esperança da salvação do evangelho.
Mas adiante, o nosso teólogo diz que este evangelho que traz salvação é o evangelho do reino que não pode ser limitado nem à vida privada muito menos à vida religiosa. A conversão a este reino ou a este evangelho é em si uma antecipação da nova vida que o evangelho aponta e que o Espírito de Deus põe a vigorar. Conversão é vida na antecipação do reino de Deus com base na providência desse reino.
E este reino é o reino terapêutico onde Leonardo Boff diz que já não é mais uma utopia humana impossível. Mas porque a Deus nada é impossível (Lc 1:37), ele é uma realidade já incipiente dentro do nosso mundo. Com Jesus começou uma grande alegria para todos (Lc 2:10) porque já agora sabemos que, com a nova ordem introduzida por ele, será verdade aquilo que o Apocalipse nos prometia, como a irrupção do novo céu e nova terra (Ap 21:1,4)
Portanto, a salvação que vem do reino e do evangelho que é o próprio Cristo, segundo Moltmann:
É o resumo de todas as curas. Se ela está contida no domínio de Deus, então ela é tão abrangente como o próprio Deus e não pode ser reduzida a áreas parciais da criação. Não é a “salvação da alma”, embora também a alma das pessoas enfermas deva ser sarada. Também não se pode delimitar a salvação a uma área terrena, que então passa a ser denominada “bem-estar” e que é subtraída á influência do domínio de Jesus e da fé. Salvação é uma grandeza que inclui integralidade e bem estar dos homens, salvação para o totus homo, não simples salvação da alma para o indivíduo. Salvação não significa apenas “bens espirituais”, mas abrange, da mesma forma, a saúde do corpo. Jesus cura a pessoa toda –Jo 7:23.
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