Igrejas missionais

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De Gênesis a Apocalipse é possível ver um Deus que está  em missão. A História da Igreja na Idade Média, nos tempos modernos e atuais continua a revelar um Deus presente, atuante e em missão: o resgate do homem, a reconciliação da criatura com seu Criador. Como parte de Sua missão, Deus escolhe um homem. A partir desse homem, Ele escolhe uma nação. Para conduzir essa nação em Sua missão, Deus levanta juízes e profetas. A nação escolhida, Israel, como se sabe, teima em voltar-se contra o seu Criador por diversas vezes. Mas em todas elas, apesar de não deixar de realizar Seu juízo, o Senhor jamais declinou de Sua missão: salvar o homem.

O amor de Deus por Sua criação e Seu comprometimento para com a missão tem seu ápice na cruz. Ali, o Pai faz o que nenhuma criatura poderia fazer. Ali, a missão chega a um nível que nem o inferno pode suportar: a morte é vencida e o homem pode se ver livre. Jesus ascende aos céus, mas a Trindade continua com o homem a partir do envio do Espírito Santo. Agora, o homem reconciliado, justificado e resgatado também precisa tomar sua posição na missão. A partir de corações missionais, o Evangelho ultrapassou as fronteiras de Israel, chegou à Ásia, à África, à Europa, enfrentou martírios e perseguições, séculos de densas trevas e frieza espiritual e chegou até o novo mundo, à Oceania, à América, a nós.

Uma igreja missional é, portanto, aquela que se identifica com a missão de Deus. Igor Miguel, pastor da Igreja Esperança, destaca que se trata de uma igreja que "se mistura sem ser absorvida, formada por cristãos que se relacionam autêntica e intencionalmente com as pessoas, fazendo com que Cristo seja apresentado a partir da concretude de suas vidas e testemunho". "É uma igreja na qual o que acontece de segunda a sábado é imensamente mais importante do que as atividades que acontecem no dia de domingo. De segunda a sábado se dá a missão.", elucida o pastor Ricardo Agreste. É uma igreja que funciona mais para fora do que para dentro, em que a agenda externa é mais produtiva e encorajada.

Ora, se é mais voltada para seu entorno do que para seu interior, a igreja missional não pode deixar de se relacionar com a cidade, com suas mazelas, com suas dúvidas, com suas acusações e com seus pedidos de socorro. "É aquela comunidade que entende sua vocação e seu chamado. Ela entende que não é um fim em si mesma. Compreende sua relevância diante da sociedade, principalmente daqueles que não conhecem o amor de Deus.", complementa o pastor Caio Batista, da Hub Sorocaba.

Talvez a característica mais confrontante de uma igreja missional é a de que ela é uma comunidade de missionários. Não nos referimos aqui a membros que possuem cargos de missionários, como ocorrem em algumas denominações. Falamos de corações missionários, de gente que compreendeu, de fato, o que é pertencer ao Reino, já que, como afirma Igor Miguel: "Gente cheia do Evangelho evangelizará!"

Em seu clássico Igreja Centrada, o pastor Tim Keller sugere seis marcas da igreja missional:
1. A igreja precisa confrontar os ídolos da sociedade;
2. A igreja precisa se contextualizar com habilidade e se comunicar em linguagem coloquial;
3. A igreja precisa preparar seus membros para missão em todas as áreas da vida;
4. A igreja precisa ser uma contracultura para o bem comum;
5. A igreja precisa ser contextualizada e deve esperar que não crentes, interessados e pessoas em busca de espiritualidade se envolvam em quase todos os aspectos de sua vida e ministério;
6. A igreja precisa exercitar a união.

Fechamos esse texto com a ideia de que uma igreja missional é formada por pessoas missionais, convidando o leitor para uma reflexão acerca de seu comprometimento, entrega e constância na missão de Deus.

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Opinião do leitor