Igreja – toda ela Sacerdotal, Batista, Apostólica e Carismática

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Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pedro 2:9).

Uma das grandes "sacadas" da Reforma Protestante foi redescobrir o princípio bíblico do sacerdócio universal de todos os crentes. Essa nova e antiga visão teve um impacto muito grande na teologia, na liturgia e na estrutura eclesiástica. Na teologia, mais especificamente, na cristologia, Jesus passou a ser visto como Supremo Sacerdote e Único Mediador entre Deus e os homens sem a necessidade de diversos intermediários (santos e anjos) para o acesso ao Pai. Na liturgia, o culto não é meramente prestado por sacerdotes e levitas profissionais, mas agora toda a congregação é convocada a participar ativamente da adoração e não apenas assistir. Desse impacto cúltico decorre o impacto eclesiástico-estrutural. A igreja não é vista apenas como uma instituição e organização hierarquizada de padres, bispos e papas, mas sim um corpo vivo onde cada leigo é um sacerdote, cada crente, um servo, cada discípulo, um adorador. Portanto, a igreja, toda ela, passa a ser entendida como sacerdotal.

Da sacerdotalidade geral dos crentes se inferem os outros princípios. Para ser sacerdote na igreja é necessário pertencer ao Corpo de Cristo. E para fazer parte do corpo é imprescindível o batismo. E aqui não me refiro ao batismo ritual (pois é possível que alguém o receba sem ser convertido), mas ao batismo espiritual que é condição sine qua non para o pertencimento a igreja invisível, ou seja, o Batismo com Espírito Santo: "Pois TODOS nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e TODOS temos bebido de um Espírito" (1 Coríntios 12:13). Todos os convertidos autênticos são batizados e habitados pelo Espírito Santo: Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Romanos 8:9). A igreja, portanto, toda ela é batista no sentido de ser imersa na comunidade dos santos pela operação do Espírito de Deus.

Mas a igreja não pode fechar-se em si mesma, uma vez que ela foi desafiada com a Grande Comissão. A igreja é missionária e como tal é apostólica. É apostólica por está fundamentada na doutrina apostólica e por ser enviada. Originalmente, a palavra apóstolo tem esse significado: enviado. Por conseguinte, a igreja segue o ciclo do envio: o Pai envia o Filho que, por sua vez, envia o Espírito Santo que envia a igreja. Entretanto, a missão é grandiosa, desafiadora e abrangente. Para tanto, a igreja necessita de "empoderamento" espiritual que é dado pelo Espírito: Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra (Atos 1:8).

Para alcançar esse objetivo de evangelização mundial, a multiforme graça (caris) de Deus é distribuída a igreja em forma de dons espirituais (carismata). Os dons espirituais são as capacitações do Espírito para realização do ministério da igreja (evangelização, missões, adoração, ação social e pastoral). Por isso, toda a igreja pode ser considerada toda ela carismática, uma vez que todos recebem, pelo menos, um dom espiritual: "Mas a manifestação do Espírito é dada a CADA UM, para o que for útil" (1 Coríntios 12:7). Na epístola aos Coríntios, Paulo não proibi o uso dos dons espirituais, mas adverte quanto ao abuso na utilização deles no culto, por isso estabelece algumas diretrizes que nos servem até hoje: A) O culto deve ser feito com ordem e decência: "Mas faça-se tudo decentemente e com ordem" (1 Coríntios 14:40). B) O culto deve ter um equilíbrio entre razão e emoção: "Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento" (1 Coríntios 14:15). C) O culto deve voltar-se mais para edificação coletiva em detrimento da edificação pessoal: "O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja" (1 Coríntios 14:4). D) O culto deve primar por ser inteligível, compreensível e racional: "Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida" (1 Coríntios 14:19). E) O culto deve ser para glória de Deus e não para a promoção humana: "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (1 Coríntios 10:31).

Diante do exposto, chego à conclusão de que a igreja é chamada, toda ela, a ser uma comunidade sacerdotal, batista, apostólica e carismática no sentido acima explicado. E que possamos cumprir essa missão na força do Espírito Santo de Deus! (Por Isaac Vieira).

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Opinião do leitor