Palavra do leitor
- 13 de abril de 2015
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Igreja terceirizada
Em meio a mais essa celeuma sem fim da terceirização e suas implicações, me veio uma inquietação, por sinal sempre percebida intensamente, mas nunca discutida na igreja ou campo missionário, a ressignificação da situação do campo missionário: a terceirização do Reino de Deus.
Foi-se o tempo no qual eu achava romântico e belo trabalhar feito louco em troca de teto e pão na árdua lida do evangelismo, recuperação, teatro e tudo o mais que se pudesse fazer bem feito pela expansão do Reino; o trabalhador é digno do seu salário, é isso que a Bíblia ensina. Se alguém quer ser rico, que vá para outro campo, é impossível enriquecer servindo à Igreja, há ricos que dela se servem, fato. Há milionários inescrupulosos autoconsagrados bispos, apóstolos, mas esses, como eu digo, não servem à Igreja como se ao Cristo servissem, mas violentam o rebanho, comem-lhe a carne, bebem o sangue e ainda se vestem luxuosamente com a lã; e vendem os ossos e formam outro rebanho incauto para se manterem assim, parasitariamente.
Quando digo que não sou mais o romântico da década de 1980/90 quando a mim bastavam a alegria do serviço e a íntima satisfação de ver novos convertidos, em hipótese alguma tornei-me amargo ou ingrato, ainda vibro e ainda choro agradecido, da mesma forma com uma mão levantada no meio da multidão; mantenho-me no mesmo caminho, muitas vezes interrompido pela agonizante necessidade do pão e do teto; se quisesse vida fácil não cuidaria de moradores de rua.
Sendo missionário tenho oportunidade de conversar com muitas pessoas e ouvir muitas histórias tristes sobre o campo, e me uno a cada uma delas, todas verdadeiras, é lamentável a forma como a igreja trata o campo; não fosse o coração inclinado e generoso de irmãos e irmãs, estaríamos todos hoje terceirizados, ganhando o pão e não ganhando almas.
Há uma imbecilidade teológica na citação de São Paulo como exemplo de “fazedor de tendas” para legitimar o mau-caratismo da igreja à época, enviando e não sustentando, deixando o moço a coser couro para se alimentar e alimentar aos outros; a igreja gastava seu suado dinheirinho em mármores novos. A Igreja, feita por quem a lidera, foi generosa em produzir uma teologia pastoral, mas infame e omissa na produção de uma teologia missionária.
Chega a ser ofensivo a forma como “terceirizam” o campo missionário numa reconceituação bastarda, as pessoas quando não tem uma ocupação na igreja são transformadas em missionárias, mesmo sem estudo, preparo ou trabalho. A esposa do pastor, a irmã que faz jogral no aniversário, a filha do presbítero que recolhe cestas básicas para alimentar os necessitados; todas as tarefas da igreja e na igreja são importantes e delas necessitamos, mas não é trabalho missionário.
É por baratearem de forma tão covarde o trabalho missionário que tratam de forma tão barata os vocacionados e preparados e sempre dispostos missionários e missionárias que se gastam e se deixam gastar em busca daqueles por quem Cristo morreu. Terceirizaram o Reino de Deus, e já faz muito tempo, São Paulo foi o primeiro de que se tem notícia e a igreja usa seu exemplo até hoje para, de forma cruel, deixar à míngua aqueles a quem deveria ser por amiga e mãe, cuidando de quem cuida.
Sou grato a Deus por servir à Missão Vida, que tem por política propiciar a cada missionário e obreiro o mínimo decente e necessário, (sendo apenas sincero: de nada temos falta), sou grato a Deus por cada amigo, amiga e igreja cujos corações se inclinam para completar aquilo que a Missão Vida me oferece com tanto sacrifício e esmero e assim posso estudar, cuidar melhor das filhas, etc.
Há outro equívoco patético utilizado para tratar o campo missionário como quintal ou quarto de bagunça da igreja, o ensino sórdido de que sirvo à Deus e minha recompensa está no céu, deveriam pensar nisso quando votassem o aumento do salário dos líderes na mesma pauta em que votam o fim do subsídio missionário. Todo trabalhador é digno do seu salário, nada contra os salários pastorais, mas sim, contra a desimportância do labor missionário na pauta.
A maioria dos missionários e missionárias que conheço poderia viver folgadamente com seus talentos e habilidades profissionais, trabalhando de segunda a sexta de seis a oito horas por dia fazendo de conta que são pessoas normais, mas insistem, teimam e servem a cada humano que o Senhor lhes apresenta como quem serve ao próprio Senhor.
Eu não sirvo a Deus, Ele não precisa de mim, se eu me demitir ou morrer, o Reino não vai à falência, Deus não vai se descabelar por eu desistir; eu sirvo à Igreja. Sou filho de Deus, tardiamente aprendo, sou amigo de Deus.
É emergente repensarmos o campo e suas atribuições, o campo e suas necessidades, o campo e suas derivações, pois que, no fim das contas, na ponta do lápis, igrejas não brotam, florescem ou frutificam caso não sejam plantadas e nós, missionários e missionárias, somos os semeadores de Deus; pense nisso de forma adulta e responsável, pense nisso.
http://www.magnoaquino.co
Foi-se o tempo no qual eu achava romântico e belo trabalhar feito louco em troca de teto e pão na árdua lida do evangelismo, recuperação, teatro e tudo o mais que se pudesse fazer bem feito pela expansão do Reino; o trabalhador é digno do seu salário, é isso que a Bíblia ensina. Se alguém quer ser rico, que vá para outro campo, é impossível enriquecer servindo à Igreja, há ricos que dela se servem, fato. Há milionários inescrupulosos autoconsagrados bispos, apóstolos, mas esses, como eu digo, não servem à Igreja como se ao Cristo servissem, mas violentam o rebanho, comem-lhe a carne, bebem o sangue e ainda se vestem luxuosamente com a lã; e vendem os ossos e formam outro rebanho incauto para se manterem assim, parasitariamente.
Quando digo que não sou mais o romântico da década de 1980/90 quando a mim bastavam a alegria do serviço e a íntima satisfação de ver novos convertidos, em hipótese alguma tornei-me amargo ou ingrato, ainda vibro e ainda choro agradecido, da mesma forma com uma mão levantada no meio da multidão; mantenho-me no mesmo caminho, muitas vezes interrompido pela agonizante necessidade do pão e do teto; se quisesse vida fácil não cuidaria de moradores de rua.
Sendo missionário tenho oportunidade de conversar com muitas pessoas e ouvir muitas histórias tristes sobre o campo, e me uno a cada uma delas, todas verdadeiras, é lamentável a forma como a igreja trata o campo; não fosse o coração inclinado e generoso de irmãos e irmãs, estaríamos todos hoje terceirizados, ganhando o pão e não ganhando almas.
Há uma imbecilidade teológica na citação de São Paulo como exemplo de “fazedor de tendas” para legitimar o mau-caratismo da igreja à época, enviando e não sustentando, deixando o moço a coser couro para se alimentar e alimentar aos outros; a igreja gastava seu suado dinheirinho em mármores novos. A Igreja, feita por quem a lidera, foi generosa em produzir uma teologia pastoral, mas infame e omissa na produção de uma teologia missionária.
Chega a ser ofensivo a forma como “terceirizam” o campo missionário numa reconceituação bastarda, as pessoas quando não tem uma ocupação na igreja são transformadas em missionárias, mesmo sem estudo, preparo ou trabalho. A esposa do pastor, a irmã que faz jogral no aniversário, a filha do presbítero que recolhe cestas básicas para alimentar os necessitados; todas as tarefas da igreja e na igreja são importantes e delas necessitamos, mas não é trabalho missionário.
É por baratearem de forma tão covarde o trabalho missionário que tratam de forma tão barata os vocacionados e preparados e sempre dispostos missionários e missionárias que se gastam e se deixam gastar em busca daqueles por quem Cristo morreu. Terceirizaram o Reino de Deus, e já faz muito tempo, São Paulo foi o primeiro de que se tem notícia e a igreja usa seu exemplo até hoje para, de forma cruel, deixar à míngua aqueles a quem deveria ser por amiga e mãe, cuidando de quem cuida.
Sou grato a Deus por servir à Missão Vida, que tem por política propiciar a cada missionário e obreiro o mínimo decente e necessário, (sendo apenas sincero: de nada temos falta), sou grato a Deus por cada amigo, amiga e igreja cujos corações se inclinam para completar aquilo que a Missão Vida me oferece com tanto sacrifício e esmero e assim posso estudar, cuidar melhor das filhas, etc.
Há outro equívoco patético utilizado para tratar o campo missionário como quintal ou quarto de bagunça da igreja, o ensino sórdido de que sirvo à Deus e minha recompensa está no céu, deveriam pensar nisso quando votassem o aumento do salário dos líderes na mesma pauta em que votam o fim do subsídio missionário. Todo trabalhador é digno do seu salário, nada contra os salários pastorais, mas sim, contra a desimportância do labor missionário na pauta.
A maioria dos missionários e missionárias que conheço poderia viver folgadamente com seus talentos e habilidades profissionais, trabalhando de segunda a sexta de seis a oito horas por dia fazendo de conta que são pessoas normais, mas insistem, teimam e servem a cada humano que o Senhor lhes apresenta como quem serve ao próprio Senhor.
Eu não sirvo a Deus, Ele não precisa de mim, se eu me demitir ou morrer, o Reino não vai à falência, Deus não vai se descabelar por eu desistir; eu sirvo à Igreja. Sou filho de Deus, tardiamente aprendo, sou amigo de Deus.
É emergente repensarmos o campo e suas atribuições, o campo e suas necessidades, o campo e suas derivações, pois que, no fim das contas, na ponta do lápis, igrejas não brotam, florescem ou frutificam caso não sejam plantadas e nós, missionários e missionárias, somos os semeadores de Deus; pense nisso de forma adulta e responsável, pense nisso.
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