Palavra do leitor
- 13 de abril de 2015
- Visualizações: 1997
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Igreja terceirizada
Em meio a mais essa celeuma sem fim da terceirização e suas implicações, me veio uma inquietação, por sinal sempre percebida intensamente, mas nunca discutida na igreja ou campo missionário, a ressignificação da situação do campo missionário: a terceirização do Reino de Deus.
Foi-se o tempo no qual eu achava romântico e belo trabalhar feito louco em troca de teto e pão na árdua lida do evangelismo, recuperação, teatro e tudo o mais que se pudesse fazer bem feito pela expansão do Reino; o trabalhador é digno do seu salário, é isso que a Bíblia ensina. Se alguém quer ser rico, que vá para outro campo, é impossível enriquecer servindo à Igreja, há ricos que dela se servem, fato. Há milionários inescrupulosos autoconsagrados bispos, apóstolos, mas esses, como eu digo, não servem à Igreja como se ao Cristo servissem, mas violentam o rebanho, comem-lhe a carne, bebem o sangue e ainda se vestem luxuosamente com a lã; e vendem os ossos e formam outro rebanho incauto para se manterem assim, parasitariamente.
Quando digo que não sou mais o romântico da década de 1980/90 quando a mim bastavam a alegria do serviço e a íntima satisfação de ver novos convertidos, em hipótese alguma tornei-me amargo ou ingrato, ainda vibro e ainda choro agradecido, da mesma forma com uma mão levantada no meio da multidão; mantenho-me no mesmo caminho, muitas vezes interrompido pela agonizante necessidade do pão e do teto; se quisesse vida fácil não cuidaria de moradores de rua.
Sendo missionário tenho oportunidade de conversar com muitas pessoas e ouvir muitas histórias tristes sobre o campo, e me uno a cada uma delas, todas verdadeiras, é lamentável a forma como a igreja trata o campo; não fosse o coração inclinado e generoso de irmãos e irmãs, estaríamos todos hoje terceirizados, ganhando o pão e não ganhando almas.
Há uma imbecilidade teológica na citação de São Paulo como exemplo de “fazedor de tendas” para legitimar o mau-caratismo da igreja à época, enviando e não sustentando, deixando o moço a coser couro para se alimentar e alimentar aos outros; a igreja gastava seu suado dinheirinho em mármores novos. A Igreja, feita por quem a lidera, foi generosa em produzir uma teologia pastoral, mas infame e omissa na produção de uma teologia missionária.
Chega a ser ofensivo a forma como “terceirizam” o campo missionário numa reconceituação bastarda, as pessoas quando não tem uma ocupação na igreja são transformadas em missionárias, mesmo sem estudo, preparo ou trabalho. A esposa do pastor, a irmã que faz jogral no aniversário, a filha do presbítero que recolhe cestas básicas para alimentar os necessitados; todas as tarefas da igreja e na igreja são importantes e delas necessitamos, mas não é trabalho missionário.
É por baratearem de forma tão covarde o trabalho missionário que tratam de forma tão barata os vocacionados e preparados e sempre dispostos missionários e missionárias que se gastam e se deixam gastar em busca daqueles por quem Cristo morreu. Terceirizaram o Reino de Deus, e já faz muito tempo, São Paulo foi o primeiro de que se tem notícia e a igreja usa seu exemplo até hoje para, de forma cruel, deixar à míngua aqueles a quem deveria ser por amiga e mãe, cuidando de quem cuida.
Sou grato a Deus por servir à Missão Vida, que tem por política propiciar a cada missionário e obreiro o mínimo decente e necessário, (sendo apenas sincero: de nada temos falta), sou grato a Deus por cada amigo, amiga e igreja cujos corações se inclinam para completar aquilo que a Missão Vida me oferece com tanto sacrifício e esmero e assim posso estudar, cuidar melhor das filhas, etc.
Há outro equívoco patético utilizado para tratar o campo missionário como quintal ou quarto de bagunça da igreja, o ensino sórdido de que sirvo à Deus e minha recompensa está no céu, deveriam pensar nisso quando votassem o aumento do salário dos líderes na mesma pauta em que votam o fim do subsídio missionário. Todo trabalhador é digno do seu salário, nada contra os salários pastorais, mas sim, contra a desimportância do labor missionário na pauta.
A maioria dos missionários e missionárias que conheço poderia viver folgadamente com seus talentos e habilidades profissionais, trabalhando de segunda a sexta de seis a oito horas por dia fazendo de conta que são pessoas normais, mas insistem, teimam e servem a cada humano que o Senhor lhes apresenta como quem serve ao próprio Senhor.
Eu não sirvo a Deus, Ele não precisa de mim, se eu me demitir ou morrer, o Reino não vai à falência, Deus não vai se descabelar por eu desistir; eu sirvo à Igreja. Sou filho de Deus, tardiamente aprendo, sou amigo de Deus.
É emergente repensarmos o campo e suas atribuições, o campo e suas necessidades, o campo e suas derivações, pois que, no fim das contas, na ponta do lápis, igrejas não brotam, florescem ou frutificam caso não sejam plantadas e nós, missionários e missionárias, somos os semeadores de Deus; pense nisso de forma adulta e responsável, pense nisso.
http://www.magnoaquino.co
Foi-se o tempo no qual eu achava romântico e belo trabalhar feito louco em troca de teto e pão na árdua lida do evangelismo, recuperação, teatro e tudo o mais que se pudesse fazer bem feito pela expansão do Reino; o trabalhador é digno do seu salário, é isso que a Bíblia ensina. Se alguém quer ser rico, que vá para outro campo, é impossível enriquecer servindo à Igreja, há ricos que dela se servem, fato. Há milionários inescrupulosos autoconsagrados bispos, apóstolos, mas esses, como eu digo, não servem à Igreja como se ao Cristo servissem, mas violentam o rebanho, comem-lhe a carne, bebem o sangue e ainda se vestem luxuosamente com a lã; e vendem os ossos e formam outro rebanho incauto para se manterem assim, parasitariamente.
Quando digo que não sou mais o romântico da década de 1980/90 quando a mim bastavam a alegria do serviço e a íntima satisfação de ver novos convertidos, em hipótese alguma tornei-me amargo ou ingrato, ainda vibro e ainda choro agradecido, da mesma forma com uma mão levantada no meio da multidão; mantenho-me no mesmo caminho, muitas vezes interrompido pela agonizante necessidade do pão e do teto; se quisesse vida fácil não cuidaria de moradores de rua.
Sendo missionário tenho oportunidade de conversar com muitas pessoas e ouvir muitas histórias tristes sobre o campo, e me uno a cada uma delas, todas verdadeiras, é lamentável a forma como a igreja trata o campo; não fosse o coração inclinado e generoso de irmãos e irmãs, estaríamos todos hoje terceirizados, ganhando o pão e não ganhando almas.
Há uma imbecilidade teológica na citação de São Paulo como exemplo de “fazedor de tendas” para legitimar o mau-caratismo da igreja à época, enviando e não sustentando, deixando o moço a coser couro para se alimentar e alimentar aos outros; a igreja gastava seu suado dinheirinho em mármores novos. A Igreja, feita por quem a lidera, foi generosa em produzir uma teologia pastoral, mas infame e omissa na produção de uma teologia missionária.
Chega a ser ofensivo a forma como “terceirizam” o campo missionário numa reconceituação bastarda, as pessoas quando não tem uma ocupação na igreja são transformadas em missionárias, mesmo sem estudo, preparo ou trabalho. A esposa do pastor, a irmã que faz jogral no aniversário, a filha do presbítero que recolhe cestas básicas para alimentar os necessitados; todas as tarefas da igreja e na igreja são importantes e delas necessitamos, mas não é trabalho missionário.
É por baratearem de forma tão covarde o trabalho missionário que tratam de forma tão barata os vocacionados e preparados e sempre dispostos missionários e missionárias que se gastam e se deixam gastar em busca daqueles por quem Cristo morreu. Terceirizaram o Reino de Deus, e já faz muito tempo, São Paulo foi o primeiro de que se tem notícia e a igreja usa seu exemplo até hoje para, de forma cruel, deixar à míngua aqueles a quem deveria ser por amiga e mãe, cuidando de quem cuida.
Sou grato a Deus por servir à Missão Vida, que tem por política propiciar a cada missionário e obreiro o mínimo decente e necessário, (sendo apenas sincero: de nada temos falta), sou grato a Deus por cada amigo, amiga e igreja cujos corações se inclinam para completar aquilo que a Missão Vida me oferece com tanto sacrifício e esmero e assim posso estudar, cuidar melhor das filhas, etc.
Há outro equívoco patético utilizado para tratar o campo missionário como quintal ou quarto de bagunça da igreja, o ensino sórdido de que sirvo à Deus e minha recompensa está no céu, deveriam pensar nisso quando votassem o aumento do salário dos líderes na mesma pauta em que votam o fim do subsídio missionário. Todo trabalhador é digno do seu salário, nada contra os salários pastorais, mas sim, contra a desimportância do labor missionário na pauta.
A maioria dos missionários e missionárias que conheço poderia viver folgadamente com seus talentos e habilidades profissionais, trabalhando de segunda a sexta de seis a oito horas por dia fazendo de conta que são pessoas normais, mas insistem, teimam e servem a cada humano que o Senhor lhes apresenta como quem serve ao próprio Senhor.
Eu não sirvo a Deus, Ele não precisa de mim, se eu me demitir ou morrer, o Reino não vai à falência, Deus não vai se descabelar por eu desistir; eu sirvo à Igreja. Sou filho de Deus, tardiamente aprendo, sou amigo de Deus.
É emergente repensarmos o campo e suas atribuições, o campo e suas necessidades, o campo e suas derivações, pois que, no fim das contas, na ponta do lápis, igrejas não brotam, florescem ou frutificam caso não sejam plantadas e nós, missionários e missionárias, somos os semeadores de Deus; pense nisso de forma adulta e responsável, pense nisso.
http://www.magnoaquino.co
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
- 13 de abril de 2015
- Visualizações: 1997
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Revista Ultimato
- +lidos
- +comentados
- Por quê?
- O salário do pecado é a morte, em várias versões!
- Não andeis na roda dos escarnecedores: quais escarnecedores?
- É possível ser cristão e de "esquerda"?
- A democracia [geográfica] da dor!
- Os 24 anciãos e a batalha do Armagedom
- A religião verdadeira é única, e se tornou uma pessoa a ser seguida
- Mergulhados na cultura, mas batizados na santidade (parte 2)
- Não nos iludamos, animal é animal!
- Até aqui ele não me deixou