Palavra do leitor
- 16 de junho de 2007
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Igreja, democracia ou ditadura?
Pensamos muitas vezes no papel da igreja em relação à política, o que não é nada fácil. Mais complicado ainda é entender a política na igreja.
Na igreja não deve, por definição, haver partidos. Somos um só corpo. Quanto mais harmonia melhor. Quanto maior o clima de cordialidade, paz e unanimidade melhor ainda. Mas será mesmo? O que diz a Bíblia sobre isso? Não seria isso uma ilusão, ou fantasia (aos moldes da entrevista fantástica dada pela psicóloga Gina Strozzi na última edição da Ultimato)?
Bonhoeffer fala com muita sabedoria que esse sonho de igreja perfeita aqui na terra só nos afasta da igreja real. E segue advertindo que o quanto antes nos livrarmos dele melhor para conviver bem em comunidade. Algumas piadas e frases vão se cristalizando em nosso meio criando algo como um folclore evangélico. Dois pelo menos tratam desse assunto: “vivermos com os crentes no céu ah... será a glória, convivermos com eles aqui, ah... isso já é outra história” e “onde dois ou três se reunirem no nome de Jesus, mais cedo ou mais tarde surgirão problemas!”
Se tem uma coisa que nos deixa apaixonados pela Bíblia é que ela é verdadeira em tudo, principalmente em mostrar nossas falhas. Nela não encontramos nenhuma maquiagem nos santos homens de Deus. Nossos heróis são apresentados ali nos seus altos e baixos. Se a 51 é uma boa idéia o Salmo 51 é uma melhor ainda. O apelo desesperado de Davi a Deus por misericórdia, purificação e tudo mais é mais embriagante que qualquer bebida e nos leva sobriamente a um processo de cura de qualquer sentimento atormentador de culpa. Da vida de Davi dá pra tirar bons exemplos de poítica, de governo, de como tomar decisões e conduzir um povo ou rebanho. O melhor deles é mesmo quando o pastor Davi, já ungido rei, enfrenta corajosamente Golias, prestando um enorme serviço à nação e glorificando a Deus. A conseqüência natural foi a conquista de popularidade e aclamação pelo povo.
O povo fez, todavia, várias vezes escolhas erradas, a pior delas foi a que levou Jesus à cruz. Todavia isso não pode ser um argumento contra a democracia, pois até ali Deus respeitou a escolha popular. A opção popular foi também desastrosa quando Israel pediu um rei, quando a maioria decidiu a não entrar na terra prometida e etc. Em todas elas Deus acatou o livre arbítrio coletivo, usando-o em parte para seus propósitos e em parte trazendo um juízo conseqüente. Se as decisões infelizes foram aceitas pelo Pai, não precisamos mencionar as felizes. Mas citemos pelo menos uma, quando o povo recebe e aclama Jesus em Jerusalém no domingo de ramos.
A sabedoria popular diz que a unanimidade é burra. E isso tem o seu fundo de verdade. Um líder ou um pastor que quer tomar decisões acima de toda crítica, discussão ou controvérsia está cavando sua própria sepultura. Vejo um Jesus que com toda a sua autoridade e poderes absolutos se deixava criticar, estava pronto a ouvir e discutir e se deixava influenciar por mulheres desesperadas, por homens aflitos e crianças indefesas. Vejo em homens como Pedro e Paulo, Barnabé e Tiago uma liderança plural que enfrentou seus rachas e conflitos, mas que aprenderam a respeitar visões e ministérios diferentes dos seus.
Se há um problema em nossa sociedade hoje que afeta a igreja é que acostumamos a valorizar homens que são prontos para irar, prontos para falar e tardios para ouvir. A esses consideramos líderes fortes e, ao contrário do que ordena a Bíblia, como verdadeiros homens de Deus. Que tragédia...
Na igreja não deve, por definição, haver partidos. Somos um só corpo. Quanto mais harmonia melhor. Quanto maior o clima de cordialidade, paz e unanimidade melhor ainda. Mas será mesmo? O que diz a Bíblia sobre isso? Não seria isso uma ilusão, ou fantasia (aos moldes da entrevista fantástica dada pela psicóloga Gina Strozzi na última edição da Ultimato)?
Bonhoeffer fala com muita sabedoria que esse sonho de igreja perfeita aqui na terra só nos afasta da igreja real. E segue advertindo que o quanto antes nos livrarmos dele melhor para conviver bem em comunidade. Algumas piadas e frases vão se cristalizando em nosso meio criando algo como um folclore evangélico. Dois pelo menos tratam desse assunto: “vivermos com os crentes no céu ah... será a glória, convivermos com eles aqui, ah... isso já é outra história” e “onde dois ou três se reunirem no nome de Jesus, mais cedo ou mais tarde surgirão problemas!”
Se tem uma coisa que nos deixa apaixonados pela Bíblia é que ela é verdadeira em tudo, principalmente em mostrar nossas falhas. Nela não encontramos nenhuma maquiagem nos santos homens de Deus. Nossos heróis são apresentados ali nos seus altos e baixos. Se a 51 é uma boa idéia o Salmo 51 é uma melhor ainda. O apelo desesperado de Davi a Deus por misericórdia, purificação e tudo mais é mais embriagante que qualquer bebida e nos leva sobriamente a um processo de cura de qualquer sentimento atormentador de culpa. Da vida de Davi dá pra tirar bons exemplos de poítica, de governo, de como tomar decisões e conduzir um povo ou rebanho. O melhor deles é mesmo quando o pastor Davi, já ungido rei, enfrenta corajosamente Golias, prestando um enorme serviço à nação e glorificando a Deus. A conseqüência natural foi a conquista de popularidade e aclamação pelo povo.
O povo fez, todavia, várias vezes escolhas erradas, a pior delas foi a que levou Jesus à cruz. Todavia isso não pode ser um argumento contra a democracia, pois até ali Deus respeitou a escolha popular. A opção popular foi também desastrosa quando Israel pediu um rei, quando a maioria decidiu a não entrar na terra prometida e etc. Em todas elas Deus acatou o livre arbítrio coletivo, usando-o em parte para seus propósitos e em parte trazendo um juízo conseqüente. Se as decisões infelizes foram aceitas pelo Pai, não precisamos mencionar as felizes. Mas citemos pelo menos uma, quando o povo recebe e aclama Jesus em Jerusalém no domingo de ramos.
A sabedoria popular diz que a unanimidade é burra. E isso tem o seu fundo de verdade. Um líder ou um pastor que quer tomar decisões acima de toda crítica, discussão ou controvérsia está cavando sua própria sepultura. Vejo um Jesus que com toda a sua autoridade e poderes absolutos se deixava criticar, estava pronto a ouvir e discutir e se deixava influenciar por mulheres desesperadas, por homens aflitos e crianças indefesas. Vejo em homens como Pedro e Paulo, Barnabé e Tiago uma liderança plural que enfrentou seus rachas e conflitos, mas que aprenderam a respeitar visões e ministérios diferentes dos seus.
Se há um problema em nossa sociedade hoje que afeta a igreja é que acostumamos a valorizar homens que são prontos para irar, prontos para falar e tardios para ouvir. A esses consideramos líderes fortes e, ao contrário do que ordena a Bíblia, como verdadeiros homens de Deus. Que tragédia...
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