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Palavra do leitor

Homenagem a Ricardo Gondim; "os fariseus somos nós"

“O que os evangélicos não falam” - Ricardo Gondim aparece na minha vida colocando em cheque algumas certezas que eu tinha. Alguém já disse que você pode conhecer o Gondim através do que ele escreve – e, acredite, isso não acontece com a maioria de nós.

Quando escreve, usando uma expressão dele mesmo, Gondim deixa vazar sua humanidade. Ternamente nos leva a uma reflexão profunda e ao mesmo tempo óbvia; tão óbvia que só se discerne espiritualmente.

É claro que nós, obcecados com o conteúdo da crença (e negligentes com o desafio da fé), precisamos de alguém que leia na nossa cartilha e escreva no nosso idioma. Quem ousar ultrapassar nossos limites com certeza sofrerá a mesma sanção que aplicamos a Jesus: terá seus ensinos mais subversivos e radicais sensatamente desbastados.

Porque na verdade foi o que fizemos (e fazemos) em dois milênios. Criamos a religião dominical das crenças corretas – e elas estão aí pra quem quiser ver: trindade, morte substitutiva, pecado original, criação, dilúvio. Já o que realmente importa (“ofereça a outra face”, “dê também a túnica”, “ande a segunda milha”, “venda tudo que tem e dê aos pobres”, “ame os que te odeiam e ore por eles”), graças à teologia e à erudição cristã, foi colocado de lado, em um distante segundo plano, onde não nos incomodam na nossa pretensão de sermos discípulos de Jesus.

Absolutamente central no ensino de Jesus está a certeza de que nenhuma lição basta. Ele veio, contra a vontade de sua época, colocar a moral num limite inatingível, distante ao ponto do infinito. O que fazemos, contra a vontade daquele que afirmamos seguir, é colocar novos limites de comportamento moral, de modo a satisfazer nosso apetite pela zona de conforto. Iguais aos fariseus, nosso apego é pela literalidade, pela letra, pelo que mata – enquanto o espírito confere vida. Seguir regras em nome do Filho do homem é prestar-lhe insubordinação.

Enquanto Gondim escreve o que quer, uma pessoa pode escolher o que quer e o que não quer dele. O que importa na verdade é o compromisso que ambos possuem com aquele mandamento de Jesus (amar ao próximo como a si mesmo). Mandamento aliás que possui a marca dos ensinos de Jesus: o amor não contém sua própria definição. Colocarmos limites ao mandamento do amor é justamente negá-lo.

Iguais aos fariseus, somos zelosos em relação às Escrituras; escrupulosos em nossas ofertas; dedicados a viver sem ser maculados pelo mal do mundo; ardorosos na antecipação da libertação de Deus; conscienciosos na obediência aos mandamentos de Deus. E, justamente por tudo isso, não reconheceram aquele a quem juravam servir. Os fariseus não entenderam aquele homem sustentar ao mesmo tempo os títulos de filho de Deus e amigo de prostitutas e beberrões.

Nós também não entendemos o seu ensino.

Esquecemos passagens marcantes e angustiantes (“quando disserem 'o Cristo está aqui' não acreditem, porque o reino de Deus estará em vocês”, “a letra mata, o espírito confere vida”, “por que vocês mesmos não julgam o que é certo?”). O que queremos quando lemos a Bíblia é um conjunto de regras muito claras e um Mestre para nos tirar as eventuais dúvidas. Nada poderia ser pior.

Ricardo Gondim, meu primeiro grande “herege”, foi para longe dessa zona de conforto e abraçou desafios abertos. Deve ter acertado, deve ter cometido alguns erros. E, enquanto procurarmos Jesus onde a convenção prescreve que ele esteja (textos, músicas, igrejas), continuaremos a negligenciar onde ele realmente está: onde alguém ousa derramar o sempre inédito espírito do amor.

Muito obrigado, Ricardo Gondim.
Rio De Janeiro - RJ
Textos publicados: 35 [ver]

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