Palavra do leitor
- 11 de abril de 2024
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Haverá algo que esteja no seu devido lugar ou no seu estado?
Poucos evangélicos sabem que o pai da pedagogia moderna era protestante. João Amós Comenius (1592-1670) foi o primeiro a instituir a educação como uma ciência sistemática e a aplicar métodos de ensinos abrangentes e eficazes. Pastor moraviano (Bendito pietismo!) estabeleceu os fundamentos de uma educação científica, distanciando-se do maléfico ensino católico-escolástico da sua época. Apesar de muitos educadores "modernos" tentarem ridicularizar a pessoa de Comenius, a maioria deles docentes que nunca nasceram de novo e não entendem a maléfica, destruidora e mortal ação do pecado na vida das pessoas, o pedagogo cristão conseguiu colocar um ponto de partida à educação da humanidade. Aqui transcrevo um pequeno excerto da obra Magna Didática, no qual o autor descreve o contexto social destrutivo do seu tempo muito parecida com o momento atual do Brasil.
"Na verdade, do que existe em nós ou do que a nós pertence, haverá algo que esteja no seu devido lugar ou no seu estado? Nada, em parte alguma. Invertido e estragado, tudo está destruído ou arruinado. No lugar da inteligência, pela qual deveremos igualar os anjos, está, na maior parte de nós, uma estupidez tão grande que, precisamente como os animais brutos, ignoramos até as coisas que mais necessidade temos de saber. No lugar da prudência, pela qual, sendo nós destinados à eternidade, deveremos preparar nos para a eternidade, está um tão grande esquecimento, não só da eternidade, mas até da morte, que a maior parte dos homens são presa de coisas terrenas e passageiras e até de iminentíssima morte. No lugar da sabedoria celeste, pela qual nos fora concedido reconhecer e venerar os aspectos ótimos das coisas ótimas e saborear, por isso, os seus frutos dulcíssimos, está uma repugnantíssima aversão àquele Deus que nos dá a vida, o movimento e o ser, e uma estultíssima irritação contra a sua divina potência. No lugar do amor mútuo e da mansidão, estão ódios recíprocos, inimizades, guerras e carnificinas. No lugar da justiça, está a iniquidade, a injustiça, as opressões, os furtos e as rapinas. No lugar da castidade, está a impureza e a obscenidade dos pensamentos, das palavras e das ações. No lugar da simplicidade e da veracidade, estão as mentiras, as fraudes e os enganos. No lugar da humildade, está o fausto e a soberba de uns para com os outros. E nós estamos completamente perdidos. Ai de ti, infeliz geração, que degeneraste tanto! «O Senhor olha do céu para os filhos dos homens, para ver se há quem tenha prudência e busque a Deus. Todos à uma se extraviaram e se perverteram; não há quem faça o bem, não há sequer um» (Salmo 13, 2-3). Mesmo aqueles que se apresentam como guias de outros seguem por caminhos maus e tortuosos; aqueles que deveriam ser portadores de luz, a maioria das vezes, difundem trevas. Efetivamente, se, aqui ou além, há um pouquinho de bem e de verdade, é mutilado, débil e disperso, não passando de uma sombra, de uma opinião, se se confronta com aquilo que verdadeiramente deveria ser. Se há alguém que se não aperceba disto, saiba que sofre de vertigens: os sábios, contemplando as coisas que lhes dizem respeito e as alheias, não com os óculos das opiniões comuns, mas com a luz clara da verdade, vêem aquilo que vêem. Duplo conforto: 1 - O Paraíso eterno. Resta, todavia, para nós um duplo conforto. Primeiro: Deus prepara para os seus eleitos o paraíso eterno, onde readquirirão a perfeição e até uma perfeição mais plena e mais sólida que aquela primeira perfeição, agora perdida. Nesse paraíso habita Cristo (Lucas, 23, 43), a ele foi arrebatado Paulo (Coríntios, II, 12, 4), e João pôde ver a sua glória (Apocalipse, 2, 7 e 21, 10). Também aqui, de tempos a tempos, se pode renovar o paraíso da Igreja. O segundo conforto vem do fato de que Deus, costuma renovar, de tempos a tempos, mesmo aqui na terra, a sua Igreja, e transformar os desertos num jardim de delícias, como o mostram precisamente as promessas divinas acima referidas. Sabemos que, destas transformações, algumas foram feitas de modo solene: depois da Queda; depois do Dilúvio; depois da entrada do povo hebreu na terra de Canaan; no tempo de David e no tempo de Salomão; depois do regresso da Babilônia e da reedificação de Jerusalém; depois da ascensão de Cristo ao céu e da pregação do Evangelho aos gentios; no tempo de Constantino e em outras ocasiões. Se, porventura, também agora, após os furores de guerras tão atrozes e após tão grandes devastações de nações, o Pai das misericórdias se prepara para nos olhar com uma face mais benigna, somos obrigados a caminhar ao encontro de Deus e a concorrer também nós para o aperfeiçoamento da nossa vida, segundo os modos e os caminhos que nos mostrar o mesmo sapientíssimo Deus, o qual ordena tudo conforme os seus caminhos."
"Na verdade, do que existe em nós ou do que a nós pertence, haverá algo que esteja no seu devido lugar ou no seu estado? Nada, em parte alguma. Invertido e estragado, tudo está destruído ou arruinado. No lugar da inteligência, pela qual deveremos igualar os anjos, está, na maior parte de nós, uma estupidez tão grande que, precisamente como os animais brutos, ignoramos até as coisas que mais necessidade temos de saber. No lugar da prudência, pela qual, sendo nós destinados à eternidade, deveremos preparar nos para a eternidade, está um tão grande esquecimento, não só da eternidade, mas até da morte, que a maior parte dos homens são presa de coisas terrenas e passageiras e até de iminentíssima morte. No lugar da sabedoria celeste, pela qual nos fora concedido reconhecer e venerar os aspectos ótimos das coisas ótimas e saborear, por isso, os seus frutos dulcíssimos, está uma repugnantíssima aversão àquele Deus que nos dá a vida, o movimento e o ser, e uma estultíssima irritação contra a sua divina potência. No lugar do amor mútuo e da mansidão, estão ódios recíprocos, inimizades, guerras e carnificinas. No lugar da justiça, está a iniquidade, a injustiça, as opressões, os furtos e as rapinas. No lugar da castidade, está a impureza e a obscenidade dos pensamentos, das palavras e das ações. No lugar da simplicidade e da veracidade, estão as mentiras, as fraudes e os enganos. No lugar da humildade, está o fausto e a soberba de uns para com os outros. E nós estamos completamente perdidos. Ai de ti, infeliz geração, que degeneraste tanto! «O Senhor olha do céu para os filhos dos homens, para ver se há quem tenha prudência e busque a Deus. Todos à uma se extraviaram e se perverteram; não há quem faça o bem, não há sequer um» (Salmo 13, 2-3). Mesmo aqueles que se apresentam como guias de outros seguem por caminhos maus e tortuosos; aqueles que deveriam ser portadores de luz, a maioria das vezes, difundem trevas. Efetivamente, se, aqui ou além, há um pouquinho de bem e de verdade, é mutilado, débil e disperso, não passando de uma sombra, de uma opinião, se se confronta com aquilo que verdadeiramente deveria ser. Se há alguém que se não aperceba disto, saiba que sofre de vertigens: os sábios, contemplando as coisas que lhes dizem respeito e as alheias, não com os óculos das opiniões comuns, mas com a luz clara da verdade, vêem aquilo que vêem. Duplo conforto: 1 - O Paraíso eterno. Resta, todavia, para nós um duplo conforto. Primeiro: Deus prepara para os seus eleitos o paraíso eterno, onde readquirirão a perfeição e até uma perfeição mais plena e mais sólida que aquela primeira perfeição, agora perdida. Nesse paraíso habita Cristo (Lucas, 23, 43), a ele foi arrebatado Paulo (Coríntios, II, 12, 4), e João pôde ver a sua glória (Apocalipse, 2, 7 e 21, 10). Também aqui, de tempos a tempos, se pode renovar o paraíso da Igreja. O segundo conforto vem do fato de que Deus, costuma renovar, de tempos a tempos, mesmo aqui na terra, a sua Igreja, e transformar os desertos num jardim de delícias, como o mostram precisamente as promessas divinas acima referidas. Sabemos que, destas transformações, algumas foram feitas de modo solene: depois da Queda; depois do Dilúvio; depois da entrada do povo hebreu na terra de Canaan; no tempo de David e no tempo de Salomão; depois do regresso da Babilônia e da reedificação de Jerusalém; depois da ascensão de Cristo ao céu e da pregação do Evangelho aos gentios; no tempo de Constantino e em outras ocasiões. Se, porventura, também agora, após os furores de guerras tão atrozes e após tão grandes devastações de nações, o Pai das misericórdias se prepara para nos olhar com uma face mais benigna, somos obrigados a caminhar ao encontro de Deus e a concorrer também nós para o aperfeiçoamento da nossa vida, segundo os modos e os caminhos que nos mostrar o mesmo sapientíssimo Deus, o qual ordena tudo conforme os seus caminhos."
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