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Palavra do leitor

Há vida em nossa verdade e verdade em nossa vida?

Há vida em nossa verdade e verdade em nossa vida?

‘’Os cristãos se tornam, cada vez mais, discípulos de uma cruz formada com as madeiras de um conformismo individualista e utilitarista; por isso, toda e qualquer enfoque sobre serviço perpassa como palavras, até adequadas para o discurso, mas sem qualquer condição de fecundar a vida. ’’

O encontro dessas duas palavras, verdade e vida, apresentam toda uma multiplicidade de interpretações, posições e definições. Sejamos, então, sinceros para reconhecer o quão intricado representa a questão voltada a abordar a verdade e a vida. Para uns, em busca da verdade, a vida, em certos momentos, deve ser sacrificada.

Agora, uma verdade a qual permaneça sem nos levar a vida, por sua vez, também deve ser vista como uma fantasia, uma lorota, uma perda de tempo.

Ora, se partirmos de uma perspectiva de avaliação, segundo as descrições efetuadas pela biologia, dentro dos princípios do evolucionismo (transposto para campo das inter – relações humanas), a vida nos confirma que estamos em dissolução. Negar seria uma temeridade, afinal de contas, pujança, vigor, vitalidade e mortalidade, dissolução, declínio são partes de um mesmo processo.

Mesmo diante dessa abordagem e, devo admitir, superficialíssima, o homem, de maneira alguma, perfaz o caminho em direção a vida, aspira por ela, sonha com ela, muito embora traga a finitude, a destruição e a morte. Faz – se anotar, apenas o homem, eu e você, o humanus, pode perguntar sobre como viver e conviver na realidade?

Arrisco dizer ser essa a mais basilar das indagações do ser humano, muito embora a vida como se apresenta e tem se apresentado, com suas guerras, disparidades, violências, indiferenças, iniquidades, injustiças, impurezas.

Nessa linha de raciocínio, o homem tem traçado respostas ou justificativas, através de inúmeros ideais e idealismos.

Mais recentemente, a crença no progresso e no desenvolvimento cultural foi vistos como os pontos cardeais e basilares compromissados a alterar quadros de discrepâncias e vergonhosas desigualdades.

Mesmo assim, com o advento da tecnologia de ponta, da informação em tempo real, da interligação de fatos (proporcionado pela internet), da disseminação de um mundo conectado, não conseguimos sobrepujar a intolerância de uns para com os outros.

Atrevo – me a cravar as estacas no texto de João 10.10 e enfatizar uma questão escasseadamente trabalhada, com seriedade e honestidade, nos enredos cristãos, ou seja, falo da contradição, do antagonismo, da cisão denominada de mal e de pecado. Sem sombra de dúvida, evito estabelecer uma delimitação dessas duas palavras aos delírios de uma conotação sexual. Vou além, exponho a discussão como uma outrora justa, boa, pacifica e amorosa conciliação com a vida, o próximo e o Senhor solapada.

Eis aqui a diferença concreta do evangelho de Cristo, uma vez que o homem até possa intervir nas inter – relações humanas, no entanto, permanece no lado de fora no tocante a dimensão íntima do ser, ou do coração e isto tem sua extensão na relação entre o homem e Deus.

Parto dessas colocações e vejo o sentido da trajetória de Cristo, ao qual propôs e propõe um retornar ao estado de confiança que apenas pode ser alcançado, por meio da aceitação da boa ajuda de Deus, ao qual mostra em sim mesmo ser imagem e semelhança de Deus.

Evidentemente, para uma realidade pós – moderna misturada de posições evolucionistas e idealistas, relativistas e utilitaristas, cosificadas e individualistas, reconhecer o elo de reconciliação, essa ponte, essa ancora, essa mão estendida de Deus e proporcionar um caminho em favor do homem, eu, você e cada um que medita no presente texto, soa como uma tagarelice pueril, aberrante e infantil.

A situação piora ainda mais, a partir do momento que nos deparamos com um evangelho de araque, de ajuntamentos, de lideranças personalistas. Deveras, o evolucionismo não conseguiu trazer uma resposta convincente aos anseios mais profundos do homem e muito menos os apologistas do progresso.

No escoar da questão levantada, ha verdade em nossa vida e vida em nossa verdade, remeto – me ao que professamos ou interpretamos como cristãos ou, lá no fundo não externamos uma salvação que se encaixa aos muitos idealismos de nossos dias?
São Paulo - SP
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