Geração virtual ou relacional?

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Estamos vivendo em tempos de intensa produção dos mais variados e exóticos aparelhos eletrônicos de comunicação, especialmente os smartphones. No Brasil, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, já são 250 milhões de aparelhos ativos. Não resta dúvida, a conexão e a comunicação virtual entre as pessoas têm sido de grandes proporções e, ao mesmo tempo, intensa. Podemos entrar em contato virtual por meio da voz, da escrita, de fotos ou filmagens com quem está perto ou longe.

O mundo virtual está aí diante da maioria das pessoas, de uma forma ou de outra. Entretanto, em nosso modo de ver, ele vai além dos smartphones e abarca tudo o que envolve a exploração de imagens e mensagens que chegam por meio da indústria eletrônica. Nesse sentido, o virtual está nas ruas, nas rodovias, nos prédios, nas salas de espera e nos mais diversos ambientes públicos e privados.

Tal presença virtual, por melhor que seja e por mais que alivie em certos casos à distância entre as pessoas, é limitada e tal limitação se dá pelo fato do virtual não ter a condição de superar o relacionamento pessoal e presencial. Posso falar com o outro por meio eletrônico, posso mandar um abraço para o outro eletronicamente, posso sorrir para o outro por meio de imagens eletrônicas, mas, ainda assim, será tudo eletrônico.

A onda virtual não só está diante de nós, ela se agiganta dia após dia e, por conseguinte, apresenta desdobramentos amplos e complexos, especialmente no modo de viver de parte da sociedade atual, voltada para o consumo acelerado de tudo que o mercado oferece nesse setor e em outros a ele associados. Nessa desenfreada relação, o diálogo pessoal e presencial se tornou secundário e o distanciamento entre as pessoas seu algoz.

Todavia, se acreditamos que o ser humano depende de relações interpessoais e presenciais para desenvolver suas habilidades, ampliar o conhecimento de si mesmo e até mesmo do que ele considera suprarracional, é preciso parar, refletir e tomar medidas que cooperem no sentido de não sermos engolidos por uma onda que tire de nós a capacidade de exercer um convívio social que preze pela relação face a face, corporal e humana.

Caro leitor, nosso propósito nessa breve mensagem não foi e jamais seria de condenar o avanço da tecnologia virtual. Mas, simplesmente, lembrar que ela é eletrônica, digital, não presencial por mais presencial que pareça, e um meio de conexão que não é sinônimo de materialização e encarnação de relações humanas reais e tangíveis.

Finalmente e felizmente, ainda é possível aprender a viver numa dimensão relacional, mesmo em um mundo que insiste em nos distanciar uns dos outros com seus ardis. Sim, o Caminho está diante de nós e Ele pode ser conhecido por meio do Verbo que ser fez carne, por meio de Jesus que, movido por amor, habitou entre os seres humanos. Nesse sentido, por meio dele, podemos ainda construir amizades verdadeiras e permanentes, manter elos e alianças que nem mesmo a morte consegue deletar. Que geração somos ou queremos ser?

Ueslei Fatareli, pastor, servindo e cooperando atualmente na Igreja Presbiteriana de Sousas em Campinas SP, redator, compositor, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie de São Paulo.

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Opinião do leitor