Palavra do leitor
- 21 de fevereiro de 2011
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Fim do 'free-lunch': a irrelevância do fundamentalismo
Por volta de 1910–1915 Cristãos conservadores americanos assustaram-se com Darwin; idem à 'alta crítica' Alemã; a rejeição da infalibilidade (inerrância) das Escrituras; a influência de outros escritos sagrados de outras religiões e a rejeição da divindade de Cristo, agora competindo com outros luminares.
Pipocava o modernismo religioso e o liberalismo teológico nos seminários, nas escolas e nas igrejas históricas, o que levou um grupo de leigos a reagir.
Dois magnatas Cristãos da área do petróleo, Lymam e Milton Stewart, decidiram dar uma quantia respeitável em dinheiro para a divulgação de publicações que destacavam figuras de escol; artigos de reconhecidos estudiosos ortodoxos com destaque para figuras como B. B. Warfield, James Orr, R. A. Torrey, Arno Gaebelein e Arthur T. Pierson, clarificando os fundamentos da fé, tais como a inspiração das Escrituras, passando pelo nascimento virginal, a divindade de Cristo e a obra de expiatória, entre outras.
O trabalho resultou na publicação em 2 volumes, THE FUNDAMENTALS (AQUI), editados por R. A. Torrey. Ele e outros defenderam esses fundamentos que entraram para a história do evangelicalismo conservador fundamentalista e se espalharam pelo mundo. A Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil (AQUI).
Os tempos mudam e as palavras também. Em nossos dias, o termo ‘fundamentalista’ tomou um sentido pejorativo para muitos, sobretudo na academia. Soa retrógado. Sinal dos tempos!
O próprio Nicodemus tem um bom resumo sobre fundamentalismo (AQUI) de fácil leitura ao alcance de todos, onde historia os principais fatos desse movimento no Brasil também.
Duas coisas me chamaram a atenção nessa questão sobre o ‘fundamentalismo’ em o artigo postado na revista ULTIMATO por Augustus Nicodemus.
Ao final da primeira parte do artigo de Nicodemus (refiro-me agora ao artigo indicado no site acima e não no postado em ULTIMATO), lê-se: “... o fundamentalismo nos Estados Unidos continua firme e crescendo... [através da] multiplicação da mentalidade fundamentalista [menciona em seguida uma séria de instituições onde se dá o crescimento]...”.
Soa como retranca. Algo fortemente defensivo para não perder o jogo. No máximo, um empate no embate.
Não poderia haver maior distorção pessoal do ‘landscape’ social, político e cultural americano o ‘olhar’ de Nicodemus sobre o crescimento do fundamentalismo evangélico que tenha o peso que Nicodemus deseja. Não há. É puro chute.
Assemelha-se aqui ao artigo de Heber Carlos sobre as implicações de Clark Pinnock para uma ‘cosmovisão’. Qual? Cosmovisão ‘fundamentalista’? Godot não virá.
O segundo ponto é a incapacidade de pensar do ‘fundamentalismo’ em o novo mundo onde o consenso Judaico-Cristão dos últimos mil anos, pelo menos, cede cada vez mais lugar ao pós-moderno, pós-cristão, pós-cultura Ocidental, que por si só enfrenta uma crise de identidade avassaladora. (AQUI).
O Cristianismo surfou livremente, sem amarras, no caso de Galileu e o Vaticano. Este último dissera a Galileu que a Santa Sé não questionava a suas leituras sobre os astros, nem se o telescópio era made in China; mas a explicação que contrastava com a do Vaticano, à época. Era a Igreja, a definidora.
Galileu poderia discorrer sobre circunvoluções planetárias, mas não estava autorizado a dizê-lo publicamente porquanto a Igreja detinha a verdade; e o que Galileu tinha a dizer guilhotinava a credulidade da Cristandade.
O Cristianismo hoje não pode mais surfar gratuitamente como dantes, sob pena de perder mais ainda sua autoridade, ou pior, passá-la a pelegos da fé como R. R. Soares, Edir Macedo, Valdemiro e Renascer, só para ficar com alguns mais conhecidos aqui no Brasil e Joel Osteen, Lakewood Church (Texas). Todos com seus ‘experimentos’ religiosos de ‘sentimentos’, ‘curas’, e experiências motivacionais’.
Neles reside uma mistura fina de psicologia barata, animismo requentado, caldo cultural de imbecilidades e modernismo de shopping center com o aparato televisivo. Para essa turma de charlatães viciados na fé, foi-se Deus, entraram os deuses.
A variante Cristã, ‘fundamentalista’ também perdeu seu vigor. Engessou-se e não passa do plano confessional reduzido a rincões eclesiásticos. No mundo da pesquisa, seus paradigmas são totalmente dispensáveis. Circula na periferia da fé.
Não tem mais almoço de graça, infelizmente.
Pipocava o modernismo religioso e o liberalismo teológico nos seminários, nas escolas e nas igrejas históricas, o que levou um grupo de leigos a reagir.
Dois magnatas Cristãos da área do petróleo, Lymam e Milton Stewart, decidiram dar uma quantia respeitável em dinheiro para a divulgação de publicações que destacavam figuras de escol; artigos de reconhecidos estudiosos ortodoxos com destaque para figuras como B. B. Warfield, James Orr, R. A. Torrey, Arno Gaebelein e Arthur T. Pierson, clarificando os fundamentos da fé, tais como a inspiração das Escrituras, passando pelo nascimento virginal, a divindade de Cristo e a obra de expiatória, entre outras.
O trabalho resultou na publicação em 2 volumes, THE FUNDAMENTALS (AQUI), editados por R. A. Torrey. Ele e outros defenderam esses fundamentos que entraram para a história do evangelicalismo conservador fundamentalista e se espalharam pelo mundo. A Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil (AQUI).
Os tempos mudam e as palavras também. Em nossos dias, o termo ‘fundamentalista’ tomou um sentido pejorativo para muitos, sobretudo na academia. Soa retrógado. Sinal dos tempos!
O próprio Nicodemus tem um bom resumo sobre fundamentalismo (AQUI) de fácil leitura ao alcance de todos, onde historia os principais fatos desse movimento no Brasil também.
Duas coisas me chamaram a atenção nessa questão sobre o ‘fundamentalismo’ em o artigo postado na revista ULTIMATO por Augustus Nicodemus.
Ao final da primeira parte do artigo de Nicodemus (refiro-me agora ao artigo indicado no site acima e não no postado em ULTIMATO), lê-se: “... o fundamentalismo nos Estados Unidos continua firme e crescendo... [através da] multiplicação da mentalidade fundamentalista [menciona em seguida uma séria de instituições onde se dá o crescimento]...”.
Soa como retranca. Algo fortemente defensivo para não perder o jogo. No máximo, um empate no embate.
Não poderia haver maior distorção pessoal do ‘landscape’ social, político e cultural americano o ‘olhar’ de Nicodemus sobre o crescimento do fundamentalismo evangélico que tenha o peso que Nicodemus deseja. Não há. É puro chute.
Assemelha-se aqui ao artigo de Heber Carlos sobre as implicações de Clark Pinnock para uma ‘cosmovisão’. Qual? Cosmovisão ‘fundamentalista’? Godot não virá.
O segundo ponto é a incapacidade de pensar do ‘fundamentalismo’ em o novo mundo onde o consenso Judaico-Cristão dos últimos mil anos, pelo menos, cede cada vez mais lugar ao pós-moderno, pós-cristão, pós-cultura Ocidental, que por si só enfrenta uma crise de identidade avassaladora. (AQUI).
O Cristianismo surfou livremente, sem amarras, no caso de Galileu e o Vaticano. Este último dissera a Galileu que a Santa Sé não questionava a suas leituras sobre os astros, nem se o telescópio era made in China; mas a explicação que contrastava com a do Vaticano, à época. Era a Igreja, a definidora.
Galileu poderia discorrer sobre circunvoluções planetárias, mas não estava autorizado a dizê-lo publicamente porquanto a Igreja detinha a verdade; e o que Galileu tinha a dizer guilhotinava a credulidade da Cristandade.
O Cristianismo hoje não pode mais surfar gratuitamente como dantes, sob pena de perder mais ainda sua autoridade, ou pior, passá-la a pelegos da fé como R. R. Soares, Edir Macedo, Valdemiro e Renascer, só para ficar com alguns mais conhecidos aqui no Brasil e Joel Osteen, Lakewood Church (Texas). Todos com seus ‘experimentos’ religiosos de ‘sentimentos’, ‘curas’, e experiências motivacionais’.
Neles reside uma mistura fina de psicologia barata, animismo requentado, caldo cultural de imbecilidades e modernismo de shopping center com o aparato televisivo. Para essa turma de charlatães viciados na fé, foi-se Deus, entraram os deuses.
A variante Cristã, ‘fundamentalista’ também perdeu seu vigor. Engessou-se e não passa do plano confessional reduzido a rincões eclesiásticos. No mundo da pesquisa, seus paradigmas são totalmente dispensáveis. Circula na periferia da fé.
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