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Palavra do leitor

Fazer missão num mundo desumano: desafios e opções

A sociedade contemporânea - nos seus aspectos econômicos, sociais e culturais - tem sido reprodutora de desigualdades, promovendo exclusão e marginalização de grupos e parcelas da população no contexto da nova fase de acumulação capitalista, neoliberal e globalizante.

Contra a hegemonia global do deus-mercado, movimentos sociais, ONGs, redes religiosas comprometidas com a justiça e grupos organizados têm afirmado que Outro Mundo é Possível.

As Igrejas, como parte da sociedade civil, precisam ler os sinais dos tempos e, seguindo o exemplo de Jesus de Nazaré, fazer a opção pela afirmação da vida digna e plena, pela justiça social e pela igualdade de oportunidades como testemunho concreto de que o Reino-de-Deus-está-entre-nós.

Jesus fez a opção pela Galiléia. E nós?

A Opção Galiléia de Jesus situa sua atuação ministerial num contexto social, econômico e cultural em que a maioria era marginalizada e explorada pelo sistema sócio-político-cultural-religioso. Não é possível, dentro desse marco, fechar os olhos às situações de injustiça e marginalização. Ele nos ensina, por suas palavras e por suas atitudes, a sermos promotores de esperança, de justiça e de reconciliação num mundo marcado pelo consumo egoísta, pela indiferença cínica e pela banalização da violência e da morte.

Sob o ponto de vista missiológico, a missão integral da igreja se cumpre no acercamento compassivo e diaconal das massas sobrantes assim como daqueles grupos que têm seus direitos negados por sua condição social, etária, étnica, geográfica, de gênero etc, no capitalismo na sua forma contemporânea.

Então, qual o modus operandi?

A maneira de fazer missão de Jesus sugere para nós um estilo de vida atento aos seguintes compromissos: sair – ver – compadecer-se – identificar-se – solidarizar-se.

1. A transformação começa quando saímos de nossa situação confortável, do paradigma do templo-culto-domingo-clero e decidimos ir até aqueles que precisam de solidariedade. É preciso sair de nossos marcos teológicos e culturais limitados e cruzar as diferentes fronteiras que nos separam dos que estão à margem.

2. O sair se completa com o olhar atento. Precisamos de olhos bem treinados para ver. Precisamos rever as categorias com as quais lemos nossa realidade. As lentes das ciências humanas precisam ser postas a serviço de nosso olhar teológico da realidade. É claro que existem lentes e lentes. Escolher as ferramentas para nomear as coisas é uma parte muito importante do processo de ver e de ler.

3. Mas o ver deve estar acompanhado da compaixão. Devemos ver com-paixão, ou seja, precisamos estar sensíveis aos sofrimentos e clamores das pessoas que são injustiçadas e oprimidas. Sem compaixão, nos perdemos nas tecnicidades das estatísticas, dos levantamentos frios e análises formais.

4. A compaixão genuína desemboca na identificação, num compromisso com o encontro e o esforço de olhar a realidade como o outro a vê.

Já olhamos a realidade com as lentes do trabalho analítico de desvendar os mecanismos de marginalização e opressão, de nomear os poderes, de desnaturalizar o senso comum e os pré-conceitos que aprendemos e reproduzimos. Também já olhamos a realidade com as lentes do coração convertido à justiça, a partir da perspectiva misericordiosa de Deus que ouve o clamor do injustiçado.

Aqui, temos que buscar a perspectiva dos subalternizados pelo sistema, prestar atenção e incorporar suas categorias; entender como suportam a injustiça e como lutam para resistir e transformar a sociedade. Isso requer um esforço de encarnação, de decidir por interagir mais profundamente com o sofrimento e resistência das vítimas do sistema.

5. Este ciclo se completa com a solidariedade que é nada menos que colocar-se ao lado, tomando partido das lutas destes grupos marginalizados e oprimidos. Temos que assumir a tarefa de cooperar na sua organização e conscientização, correndo os riscos que implicam essa tarefa, especialmente quando temos que denunciar a ausência de políticas públicas ou interesses alheios à boa governança, republicana e democrática.

As mudanças que precisamos fazer

Para que as igrejas evangélicas dêem uma contribuição significativa para a transformação da injustiça será preciso:

1. Superar a lógica do conformismo, da apatia e da banalização da morte e da injustiça social para a tomada de posição, para a indignação moral e para a afirmação da vida, do valor da vida nos meios populares.

2. Superar a lógica do favor e da caridade para a lógica da defesa de direitos dos marginalizados e subalternizados considerando-os como sujeitos de direitos, portadores de direitos, não como pobres-coitados ou carentes que precisam de ajuda.

3. Superar a lógica das ações fragmentadas, pontuais e isoladas para a lógica do trabalho cooperativo, em rede, para a incidência nas políticas públicas.
Brasília - DF
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