Palavra do leitor
- 19 de outubro de 2021
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Fastos e Nefastos
Dia desses em análise semântica o contexto pôs em evidência os termos "fastos e nefastos" sendo este, bastante familiar entretanto, tendo "fastos" como contraponto foi necessário submetê-lo ao exame diacrônico, para o deslinde conotativo.
A palavra tem origem no latim {fastus}, derivada de fas, que significa "aquilo que é permitido", ou seja: "que é legítimo aos olhos dos deuses". De maneira que nos dias fastos, os negócios podiam ser realizados sem incorrer em falta de fé, ao contrário dos nefastos, nos quais, assembleias e cortes não deviam reunir-se.
Satisfeita a curiosidade semântica, é oportuno uma consideração teológica temática, de conotação bíblica. Houve um tempo de "dias fastos" anterior ao pecado, em que havia o pacto edênico entre Deus e o ser humano, quando movido pelo verdadeiro amor, praticava-se o que é lícito aos olhos do Eterno.
Neste estado bem aventurado e perfeito, o humano contemplava a face de Deus, e o Senhor via neles a própria imagem, Gn 1;26,27. Nele o humano também se espelhava. O texto diz que o Senhor "... passeava no jardim pela viração do dia" Gn 3;8, e assim havia mútua contemplação.
Neste estágio não havia o ego, o qual veio à luz após a queda, quando a alma divorciou-se do espírito unindo-se à carne, Gn 6;3. Até então, o humano podia ver a face de Deus sem morrer, Êx 33;20.
Após a transgressão edênica, os olhos do Senhor perderam a perspectiva da própria imagem no humano, visto que a luz da Vida sofreu neles o canho apagão. Pois, haviam pecado e por isso, até a brisa suave característica da presença do Senhor soprou de forma assombrosa, e o próprio Éden se mostrou tenebroso.
Com peso no coração Aquele, que vê o invisível, não pode mais contemplar o protótipo feito à sua Imagem. Diante dessa fúnebre situação, a luz cedeu lugar às trevas, a comunhão reverteu em pânico; a Vida foi engolida pela morte.
Aquela barganha à sombra da árvore do conhecimento colocou fim nos "dias fastos", quando o ser humano refletia a perfeita imagem do Criador, e se alimentava da Árvore da Vida, que foi abandonada após a fatídica orgia, ao pé da fronde interdita.
O evento no Éden implica abandono da luz, e nefasto romance com as trevas, quebrando o pacto divino, trocando o lícito pelo ilícito, colocando o ego à frente da vontade de Deus. Em lugar da luz intrínseca, as criaturas exibiam remendo extrínseco - ardil humano - no afã de remediar o irremediável, de conciliar o inconciliável.
Diante do estupendo levante, a viração do dia, que se fazia acompanhar da Luz, havia se tornado tenebroso tufão. Neste estado crítico o Senhor indaga à alma humana: "Onde estás?", Gn 3;9. Na resposta obtida é perceptível a síndrome da "árvore" sinistra, e o sentido de cobrir-se com "folhas", que implica aparência de piedade e temor, porém não passa de simulacro inválido, e ineficaz.
O drama do pecado implica que no Éden, o homem via a face de Deus e vivia. Após a transgressão e queda, a palavra enfatiza: "Nenhum homem verá a minha face, e viverá" Êx 33;20. Por esta razão, "Moisés encobriu o rosto, porque temeu olhar para Deus" Êx 3;6.
O mesmo pavor sentiu Isaías quando viu o Senhor: "Ai de mim..!", Is 6;5. No caminho de Damasco Paulo ao contemplar Seu resplendor caiu do cavalo, e perdeu a visão. Atos 9;1-9. Neste caso o apóstolo não viu a face, apenas o resplendor divino. Por esta perspectiva, é possível entender porque a alma em pecado foge sem que haja perseguição, Pv 28;1.
O dilema e efeito vivenciado nos dias nefastos, implica que antes o humano contemplava a face de Deus, e tinha n’Ele seu deleite. Após o pecado, não pode olhar para Ele, que também não pode ver Sua imagem no humano. Em ambas situações, há o dilema de olhos que não se veem, e no humano um coração repelente ao Senhor. Que coisa nefasta o pecado!
Portanto, nesta perspectiva está escrito: "... agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido", 1 Co 13;12.
Entretanto, o protótipo original perdido em Adão foi trazido à Luz em Cristo, o "Último Adão", que é Espírito vivificante, 1 Co 15;45. Quando Ele tomou a forma humana, mas sem pecado, a pergunta, "Onde estás..?" feita há séculos foi respondida, na seguinte exclamação: "Este é meu Filho amado, em Quem me comprazo!", Mt 3;17.
Isso implica que, em meio à situação nefasta, o Senhor abdicou da Glória, e deu Sua Vida em resgate de muitos. Nele, e por meio d’Ele a imagem divina é restaurada através da "lavagem da regeneração" Tt 3;5, não com "folhas de figueira", mas pelo sangue de Cristo vertido na Cruz do gólgota.
Na ressurreição, o humano será semelhante aos anjos, os quais, "... contemplam a face do Eterno" Mt 18;10. Como o fato edênico caracteriza nefasto apagão, a entrada pelos portais eternos com Cristo, implica ascender à Luz, retornar à casa Paterna na presença de Deus, e andar não mais por fé, mas à vista dos olhos, 2 Co 5;7; serão eternos; bem aventurados dias fastos!
A palavra tem origem no latim {fastus}, derivada de fas, que significa "aquilo que é permitido", ou seja: "que é legítimo aos olhos dos deuses". De maneira que nos dias fastos, os negócios podiam ser realizados sem incorrer em falta de fé, ao contrário dos nefastos, nos quais, assembleias e cortes não deviam reunir-se.
Satisfeita a curiosidade semântica, é oportuno uma consideração teológica temática, de conotação bíblica. Houve um tempo de "dias fastos" anterior ao pecado, em que havia o pacto edênico entre Deus e o ser humano, quando movido pelo verdadeiro amor, praticava-se o que é lícito aos olhos do Eterno.
Neste estado bem aventurado e perfeito, o humano contemplava a face de Deus, e o Senhor via neles a própria imagem, Gn 1;26,27. Nele o humano também se espelhava. O texto diz que o Senhor "... passeava no jardim pela viração do dia" Gn 3;8, e assim havia mútua contemplação.
Neste estágio não havia o ego, o qual veio à luz após a queda, quando a alma divorciou-se do espírito unindo-se à carne, Gn 6;3. Até então, o humano podia ver a face de Deus sem morrer, Êx 33;20.
Após a transgressão edênica, os olhos do Senhor perderam a perspectiva da própria imagem no humano, visto que a luz da Vida sofreu neles o canho apagão. Pois, haviam pecado e por isso, até a brisa suave característica da presença do Senhor soprou de forma assombrosa, e o próprio Éden se mostrou tenebroso.
Com peso no coração Aquele, que vê o invisível, não pode mais contemplar o protótipo feito à sua Imagem. Diante dessa fúnebre situação, a luz cedeu lugar às trevas, a comunhão reverteu em pânico; a Vida foi engolida pela morte.
Aquela barganha à sombra da árvore do conhecimento colocou fim nos "dias fastos", quando o ser humano refletia a perfeita imagem do Criador, e se alimentava da Árvore da Vida, que foi abandonada após a fatídica orgia, ao pé da fronde interdita.
O evento no Éden implica abandono da luz, e nefasto romance com as trevas, quebrando o pacto divino, trocando o lícito pelo ilícito, colocando o ego à frente da vontade de Deus. Em lugar da luz intrínseca, as criaturas exibiam remendo extrínseco - ardil humano - no afã de remediar o irremediável, de conciliar o inconciliável.
Diante do estupendo levante, a viração do dia, que se fazia acompanhar da Luz, havia se tornado tenebroso tufão. Neste estado crítico o Senhor indaga à alma humana: "Onde estás?", Gn 3;9. Na resposta obtida é perceptível a síndrome da "árvore" sinistra, e o sentido de cobrir-se com "folhas", que implica aparência de piedade e temor, porém não passa de simulacro inválido, e ineficaz.
O drama do pecado implica que no Éden, o homem via a face de Deus e vivia. Após a transgressão e queda, a palavra enfatiza: "Nenhum homem verá a minha face, e viverá" Êx 33;20. Por esta razão, "Moisés encobriu o rosto, porque temeu olhar para Deus" Êx 3;6.
O mesmo pavor sentiu Isaías quando viu o Senhor: "Ai de mim..!", Is 6;5. No caminho de Damasco Paulo ao contemplar Seu resplendor caiu do cavalo, e perdeu a visão. Atos 9;1-9. Neste caso o apóstolo não viu a face, apenas o resplendor divino. Por esta perspectiva, é possível entender porque a alma em pecado foge sem que haja perseguição, Pv 28;1.
O dilema e efeito vivenciado nos dias nefastos, implica que antes o humano contemplava a face de Deus, e tinha n’Ele seu deleite. Após o pecado, não pode olhar para Ele, que também não pode ver Sua imagem no humano. Em ambas situações, há o dilema de olhos que não se veem, e no humano um coração repelente ao Senhor. Que coisa nefasta o pecado!
Portanto, nesta perspectiva está escrito: "... agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido", 1 Co 13;12.
Entretanto, o protótipo original perdido em Adão foi trazido à Luz em Cristo, o "Último Adão", que é Espírito vivificante, 1 Co 15;45. Quando Ele tomou a forma humana, mas sem pecado, a pergunta, "Onde estás..?" feita há séculos foi respondida, na seguinte exclamação: "Este é meu Filho amado, em Quem me comprazo!", Mt 3;17.
Isso implica que, em meio à situação nefasta, o Senhor abdicou da Glória, e deu Sua Vida em resgate de muitos. Nele, e por meio d’Ele a imagem divina é restaurada através da "lavagem da regeneração" Tt 3;5, não com "folhas de figueira", mas pelo sangue de Cristo vertido na Cruz do gólgota.
Na ressurreição, o humano será semelhante aos anjos, os quais, "... contemplam a face do Eterno" Mt 18;10. Como o fato edênico caracteriza nefasto apagão, a entrada pelos portais eternos com Cristo, implica ascender à Luz, retornar à casa Paterna na presença de Deus, e andar não mais por fé, mas à vista dos olhos, 2 Co 5;7; serão eternos; bem aventurados dias fastos!
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