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Palavra do leitor

Ex-pescador

Mar da Galiléia, últimos raios solares indicando o início de um novo dia, o sexto, o último de labuta antecedendo o Shabbat. Pedro e seus dois sócios, Tiago e João, companheiros de longa data, após dias de resultados ruins, empurram seus barcos em direção à última pesca da semana. Necessitados, mas esperançosos, eles antecipam o frequente horário de saída para ter mais possibilidades de trazer sustento aos seus. Pedro, líder e responsável, pensa em suas famílias e tenta manter o semblante tranquilo. Eles adentram numa longa noite de pescaria.

Novamente o sol resplandece, agora indicando o fim da jornada, nossos experientes pescadores nada apanharam. O silêncio e corações apreensíveis tomam o ambiente. Triste. Apesar disso, eles cumprem o protocolo: arrumam o barco, tudo no devido lugar e, por fim, lavam as redes para guardá-las. Pedro tenta arrumar algumas palavras para despedi-los.

Nesse ínterim, João, o mais novo, alerta a todos apontando para longe: Que multidão é aquela?! Eles diminuem o ritmo de trabalho observando aquela massa de gente seguindo um homem, vindo em sua direção. Eles chegam, e o homem, sem falar nada, sobe no barco de Pedro e pede que o afastem um pouco. A multidão parecia sufocá-lo. Os pescadores, sem entenderem e curiosos, lhe atendem.

O homem começa a falar para multidão por um longo período ensinando-lhes sobre um reino, o Reino de Deus. Os homens do mar logo esquecem dos seus problemas, aquietam seus corações admirados com palavras nunca ouvidas. Mesmo sem entenderem tudo, se apaixonam por aquilo. O pregador se identifica como Jesus de Nazaré, o Redentor esperado pela nação.

Jesus despede a multidão, se direciona aos pescadores, fita os olhos em Pedro, e diz: Vai ao mar alto e lançai as redes para pescar. Pedro, ainda sem entender o que lhes sobreviera, mas, na sua boa intuição de pescador, percebe ali algo relevante e verdadeiro. De prontidão, impetuoso como de costume, responde: Senhor, nada apanhamos a noite toda, mas sobre tua palavra lançarei as redes. O Mestre se alegra com essa atitude. Eles partem para o lugar profundo cheios de uma esperança não muito racional, mas real.

Lançando as redes, logo de imediato se encheram de peixes quase virando o barco de tão grande quantidade, tendo que pedir ajuda aos outros. Um misto de alegria e espanto tomava o semblante de todos. Tiago grita eufórico: Pesca maravilhosa! Pesca Maravilhosa! Como que apelidando o acontecido. João abre um largo sorriso.

Quando retornam para praia, Pedro se prostra diante de Jesus admirado com o milagre e lhe diz: Não somos dignos de tua presença, somos pecadores. Todos os outros, ao redor de Pedro e Jesus, temerosos, observam. O Mestre, depois de um breve silêncio, entre olhares penetrantes, com muito amor os direciona com mais uma palavra de ousadia: Não temas! De agora em diante vocês não mais serão pescadores de peixes, mas de homens. Novamente Pedro, sem titubear, lhe responde: Sim senhor. Os outros, um por um, vão respondendo afirmativamente meneando suas cabeças e falando baixinho: "sim". Cristo os abraça calorosamente. Eles se regozijam sobremaneira. Outra vez as multidões se aproximam e ficam também admirados com a quantidade de peixes.

Pedro, sem ninguém pedir, ou autorizar, movido por algo dentro de si, convida a todos para pegar peixes, tanto quanto quiserem e puderem levar. Ele se desfaz ali da "Pesca Maravilhosa". Diz ao Mestre: Recebemos pela tua graça e assim o damos. O ambiente à beira do lago de Genezaré é festivo. Jesus se alegra muitíssimo.

Depois que todos se retiram, ficando somente Jesus e os três inseparáveis amigos, Pedro, Tiago e João, o Mestre diz: Está na hora, vamos! E sai andando lentamente, olha pra trás e fala outra vez: Vamos! Há mais pescas maravilhosas à espera. Todos, alegres e confiantes, levantam-se e vão, repetindo a alcunha de Tiago: Pesca Maravilhosa! Pesca maravilhosa!
Rio De Janeiro - RJ
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Site: http://albanisioribeiro.blogspot.com.br/

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