Palavra do leitor
- 28 de julho de 2013
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Evangélicos sob inquisição II
O caso feliciano
Suzana Singer, "ombudsman" da Folha de São Paulo levanta questões de técnica / ética jornalística importantes em uma de suas considerações sobre a cobertura do episódio Marco Feliciano (atalho). Mas há um aspecto neste caso que temos que considerar. O Feliciano acaba sendo o ícone do "jeito evangélico de fazer política". Por que ele, do baixo clero da câmara (apesar dos seus votos), suplanta uma figura como o ex-deputado mineiro do PT, Gilmar Machado, batista e político experiente?
Enquanto ícone do "jeitinho evangélico de fazer política" o Feliciano destrói, do meu ponto de vista, o esforço que outros evangélicos (que vou chamar de "sérios", como o Gilmar - nota de rodapé: por discordar de alguns deslizes dele, ele não recebeu meu voto na última eleição para a câmara federal) têm feito para ajudar na construção do país. Para ser exato, vejo como erros básicos do Feliciano (e do grupo de políticos que representa), que são prejudiciais (aos evangélicos reais e, até certo ponto, a causa do Reino):
- visão de que temos que transformar a sociedade brasileira em uma extensão do Velho Testamento - uma teocracia dirigida por pastores evangélicos
- visão de que temos uma mensagem política de qualidade superior às dos demais e de que estes erram imperdoavelmente ao recusarem esta mensagem
- visão de que todos têm a obrigação de entender automaticamente nosso ponto de vista a partir de nosso linguajar próprio, não sendo necessário traduzi-lo para o comumente usado
- a este último está ligada intimamente a visão de que os não crentes têm que se dobrar à ética escriturística mesmo não acreditando nela, ou em Deus ou deuses
- como consequência final, a visão de que, inclusive enquanto políticos, os evangélicos são pessoas melhores que as outras, sempre tendo razão, por serem predestinadas por Deus àquela função legislativa
Nunca ouvi um político evangélico defender os pontos acima. Mas não são estas as ideias passadas de modo subliminar pelo discurso, pela postura, pelos atos? Não cabe nesta descrição o Silas Malafaia?
Não terá sido um grande erro político, com sérios danos aos evangélicos sérios, o Feliciano e companheiros terem se apossado da comissão de direitos humanos e numa manobra de 180º mudar seu percurso histórico em pouquíssimo tempo? Não foi uma insensibilidade? Não parece se encaixar nas observações que fiz acima?
o bullying cristão
Na seção curtas e diretas da Revista Cristianismo Hoje, de julho-agosto 2013 (pg 7 da revista) há uma pequena nota: "adolescentes cristãos americanos estão se mobilizando contra o que chamam bullying cristão. Eles protestam por serem considerados "fanáticos" e de "mente fechada" pelos colegas e pedem mais abertura para expressões de fé nas escolas". (atalho)
Aprendi, no exercício de minha profissão de médico, a me colocar no lugar do meu cliente / paciente, a fim de ver o seu ponto de vista, ver sua queixa como se fosse minha. Adotando o mesmo procedimento, coloco-me no lugar de um ateu que escuta um crente dizer que ele não tem um comportamento aceito por Deus.
Bem, se meu comportamento é inaceitável, ele é imoral; e, por extensão, eu sou imoral. Mas eu não acredito nesta divindade, e não há lei que me obrigue a tal. Portanto, que direito esta pessoa tem de vir fazer um julgamento moral sobre mim baseada numa alucinação religiosa?
Ora, se nós queremos o direito de expor o que acreditamos ser o ensino de nosso Deus, Senhor e Pai, e falarmos claramente do pecado do outro, por que não dar o mesmo direito a este outro, que se recusa a reconhecê-Lo como Deus, ou Senhor, ou Pai, de expressar o que pensa a nosso respeito? Não usamos a expressão "terroristas islâmicos"? "fanáticos xiitas"? Mas eles não se consideram assim. Qual é, exatamente, o sentimento que temos ao ler o salmista que proclama "diz o tolo / insensato / néscio no seu coração: não há Deus"? Seria este sentimento o mesmo daqueles que nos chamam de "fanáticos" e de "mente fechada"?
Acreditamos em milagres. Maria era virgem e Jesus Filho do Deus Altíssimo. Morreu pelos nossos pecados.
Para o descrente, o que esta mensagem parece? ignorância? superstição?
Quando não se consegue sentar no lugar do outro, como mero exercício acadêmico, ou como recurso para um diálogo produtivo, não seria correto usar o adjetivo de "mente fechada"?
Posso dizer que o outro é imoral, mas ele não pode dizer o que pensa ao meu respeito?
Pelo que depreendi de alguns artigos do Luiz Felipe Pondé, na Folha de São Paulo, este tipo de comportamento, que se melindra com a opinião do outro, é infantilidade. Estou inclinado a concordar com ele quase que em 100%.
publicado no crer pensar
Suzana Singer, "ombudsman" da Folha de São Paulo levanta questões de técnica / ética jornalística importantes em uma de suas considerações sobre a cobertura do episódio Marco Feliciano (atalho). Mas há um aspecto neste caso que temos que considerar. O Feliciano acaba sendo o ícone do "jeito evangélico de fazer política". Por que ele, do baixo clero da câmara (apesar dos seus votos), suplanta uma figura como o ex-deputado mineiro do PT, Gilmar Machado, batista e político experiente?
Enquanto ícone do "jeitinho evangélico de fazer política" o Feliciano destrói, do meu ponto de vista, o esforço que outros evangélicos (que vou chamar de "sérios", como o Gilmar - nota de rodapé: por discordar de alguns deslizes dele, ele não recebeu meu voto na última eleição para a câmara federal) têm feito para ajudar na construção do país. Para ser exato, vejo como erros básicos do Feliciano (e do grupo de políticos que representa), que são prejudiciais (aos evangélicos reais e, até certo ponto, a causa do Reino):
- visão de que temos que transformar a sociedade brasileira em uma extensão do Velho Testamento - uma teocracia dirigida por pastores evangélicos
- visão de que temos uma mensagem política de qualidade superior às dos demais e de que estes erram imperdoavelmente ao recusarem esta mensagem
- visão de que todos têm a obrigação de entender automaticamente nosso ponto de vista a partir de nosso linguajar próprio, não sendo necessário traduzi-lo para o comumente usado
- a este último está ligada intimamente a visão de que os não crentes têm que se dobrar à ética escriturística mesmo não acreditando nela, ou em Deus ou deuses
- como consequência final, a visão de que, inclusive enquanto políticos, os evangélicos são pessoas melhores que as outras, sempre tendo razão, por serem predestinadas por Deus àquela função legislativa
Nunca ouvi um político evangélico defender os pontos acima. Mas não são estas as ideias passadas de modo subliminar pelo discurso, pela postura, pelos atos? Não cabe nesta descrição o Silas Malafaia?
Não terá sido um grande erro político, com sérios danos aos evangélicos sérios, o Feliciano e companheiros terem se apossado da comissão de direitos humanos e numa manobra de 180º mudar seu percurso histórico em pouquíssimo tempo? Não foi uma insensibilidade? Não parece se encaixar nas observações que fiz acima?
o bullying cristão
Na seção curtas e diretas da Revista Cristianismo Hoje, de julho-agosto 2013 (pg 7 da revista) há uma pequena nota: "adolescentes cristãos americanos estão se mobilizando contra o que chamam bullying cristão. Eles protestam por serem considerados "fanáticos" e de "mente fechada" pelos colegas e pedem mais abertura para expressões de fé nas escolas". (atalho)
Aprendi, no exercício de minha profissão de médico, a me colocar no lugar do meu cliente / paciente, a fim de ver o seu ponto de vista, ver sua queixa como se fosse minha. Adotando o mesmo procedimento, coloco-me no lugar de um ateu que escuta um crente dizer que ele não tem um comportamento aceito por Deus.
Bem, se meu comportamento é inaceitável, ele é imoral; e, por extensão, eu sou imoral. Mas eu não acredito nesta divindade, e não há lei que me obrigue a tal. Portanto, que direito esta pessoa tem de vir fazer um julgamento moral sobre mim baseada numa alucinação religiosa?
Ora, se nós queremos o direito de expor o que acreditamos ser o ensino de nosso Deus, Senhor e Pai, e falarmos claramente do pecado do outro, por que não dar o mesmo direito a este outro, que se recusa a reconhecê-Lo como Deus, ou Senhor, ou Pai, de expressar o que pensa a nosso respeito? Não usamos a expressão "terroristas islâmicos"? "fanáticos xiitas"? Mas eles não se consideram assim. Qual é, exatamente, o sentimento que temos ao ler o salmista que proclama "diz o tolo / insensato / néscio no seu coração: não há Deus"? Seria este sentimento o mesmo daqueles que nos chamam de "fanáticos" e de "mente fechada"?
Acreditamos em milagres. Maria era virgem e Jesus Filho do Deus Altíssimo. Morreu pelos nossos pecados.
Para o descrente, o que esta mensagem parece? ignorância? superstição?
Quando não se consegue sentar no lugar do outro, como mero exercício acadêmico, ou como recurso para um diálogo produtivo, não seria correto usar o adjetivo de "mente fechada"?
Posso dizer que o outro é imoral, mas ele não pode dizer o que pensa ao meu respeito?
Pelo que depreendi de alguns artigos do Luiz Felipe Pondé, na Folha de São Paulo, este tipo de comportamento, que se melindra com a opinião do outro, é infantilidade. Estou inclinado a concordar com ele quase que em 100%.
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