Palavra do leitor
- 07 de agosto de 2009
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Está na hora de repensar o testemunho evangélico - parte 2
O "Painel do Leitor" da Folha de S Paulo, do dia 31 de julho 2009, página A3, traz comentários de leitores da crônica do Juca Kfouri, que serviu de pretexto para analisar o testemunho evangélico neste espaço. Alguns dos comentários publicados pelo editor responsável pela coluna fornecem novos pontos a considerar.
1. "quero expressar apoio...manifestações religiosas...são perigosas, pois o fanatismo exibicionista de alguns pode despertar a intolerância violenta de outros"
* Não enxergo fanatismo na exibição de mensagens religiosas pelos jogadores, ou o elevar as mãos para os céus. Uns fazem dança do canguru, do peixinho, balançam o berço, etc. Cada um comemora seu gol com o que vai no coração naquele momento. Fanatismo, segundo o Aulete, é "paixão cega e obstinada...que leva a praticar atos criminosos", dentre outros significados. Na crítica deste leitor vejo um ponto positivo: o que ele chama de exibicionismo pode despertar reações - neste ponto, talvez o objetivo do "testemunho" seja atingido, ou seja, pode ser estabelecido um diálogo onde as razões da fé de cada um são apresentadas e confrontadas num clima de respeito mútuo (desnecessário dizer, não violento).
2. "comentário tão inoportuno quanto ofensivo...querer vetar uma manifestação é algo inaceitável...os referidos atos em nada ofendem ou atingem a moral de qualquer pessoa. São apenas uma forma de expressar sentimento e confiança em um ser maior."
* Não considero inoportuno nem me ofende pessoalmente. Oportuno é aquilo que ocorre no momento certo, que é o caso da crônica. Ofensivo, depende de quem lê. Desenhos do Profeta Maomé são ofensivos aos muçulmanos, mas desenhos de Jesus, Deus Pai ou do Espírito Santo não ferem os sentimentos da cristandade - antes, fazem parte de sua manifestação religiosa. Neste ponto, as manifestações podem ofender sim, o que traz à tona qual deve ser a reação do ofendido.Aquele que se sente ultrajado tem recursos legais a usar, sendo o emprego da violência mais ofensivo que a sua causa. Mas vivemos em uma sociedade plural, multicultural, multiconfessional, onde temos de aprender a aceitar o direito de qualquer credo religioso se expressar até o ponto permitido pelo nosso acordo comum de convivência, chamado de lei, função do parlamento.
3. "Juca deveria respeitar homens e mulheres horados, que por meio de seu exemplo tentam mostrar ao mundo que existe uma maneira diferente de viver...ver homens dispostos a demonstrar diferenças no meio de uma sociedade falida"
* Este comentário vai ao cerne do postado anteriormente no Crer é Pensar. Qual o testemunho que está sendo dado? As frases nas camisetas incomodam porque remetem ao comportamento do atleta em campo, "fair play"? Nas atitudes durante o treino e no relacionamento com os colegas? Estampar uma declaração de fé ou amor (etc) a Jesus é coerente com o atleta? Suas declarações públicas demonstram preocupação prática com o amor ao próximo, com a justiça social, com a defesa "dos órfãos e das viúvas"? Se for esta a razão do incômodo, os atletas dentro e fora do campo incomodam pelo seu jeito alternativo de viver, o Juca está errado. Mas se as declarações de fé e amor forem incoerentes com o proceder de quem as faz, dentro e fora do campo, ele estão certo ao acusar a violação do mandamento "não usarás o nome do Senhor teu Deus em vão".
Pergunto-me: quem são os cristãos que se tem destacado positivamente na sociedade brasileira?
4. "a crença religiosa é elemento da vida privada que não deve ser misturado com a atividade da pessoa"
* Neste caso, temos uma esquizofrenia. As pessoas são diferentes conforme o gosto de quem as vê, e não seres integrais, complexos, com suas incongruências, impedidas de se manifestarem com decoro onde se apresentam. Esta visão conduz ao caminho da uniformidade acrítica da sociedade, ao monopólio comportamental, cultural, ético e religioso. Quem vai ao campo, vai assistir um jogo disputado por pessoas; jogos sem emoções e manifestações particulares somente eletrônicos.
5. "será que esse pessoal acha que Deus não tem outras coisas para fazer a não ser 'manipular' resultados de futebol"
* Outro comentário que ecoa no já postado: as atitudes dos atletas dão testemunho de quê? Em uma situação de tempo extremamente reduzida, o momento do gol, temos apenas imagem. E esta vale por mil palavras. E a interpretação da imagem é não direcionada - quem a faz tem pouco controle sobre o quê o leitor vai entender. Será que a mensagem passada pela imagem é aquela desejada pelo seu autor?
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Postado no Crer é Pensar em 08/01/2009
1. "quero expressar apoio...manifestações religiosas...são perigosas, pois o fanatismo exibicionista de alguns pode despertar a intolerância violenta de outros"
* Não enxergo fanatismo na exibição de mensagens religiosas pelos jogadores, ou o elevar as mãos para os céus. Uns fazem dança do canguru, do peixinho, balançam o berço, etc. Cada um comemora seu gol com o que vai no coração naquele momento. Fanatismo, segundo o Aulete, é "paixão cega e obstinada...que leva a praticar atos criminosos", dentre outros significados. Na crítica deste leitor vejo um ponto positivo: o que ele chama de exibicionismo pode despertar reações - neste ponto, talvez o objetivo do "testemunho" seja atingido, ou seja, pode ser estabelecido um diálogo onde as razões da fé de cada um são apresentadas e confrontadas num clima de respeito mútuo (desnecessário dizer, não violento).
2. "comentário tão inoportuno quanto ofensivo...querer vetar uma manifestação é algo inaceitável...os referidos atos em nada ofendem ou atingem a moral de qualquer pessoa. São apenas uma forma de expressar sentimento e confiança em um ser maior."
* Não considero inoportuno nem me ofende pessoalmente. Oportuno é aquilo que ocorre no momento certo, que é o caso da crônica. Ofensivo, depende de quem lê. Desenhos do Profeta Maomé são ofensivos aos muçulmanos, mas desenhos de Jesus, Deus Pai ou do Espírito Santo não ferem os sentimentos da cristandade - antes, fazem parte de sua manifestação religiosa. Neste ponto, as manifestações podem ofender sim, o que traz à tona qual deve ser a reação do ofendido.Aquele que se sente ultrajado tem recursos legais a usar, sendo o emprego da violência mais ofensivo que a sua causa. Mas vivemos em uma sociedade plural, multicultural, multiconfessional, onde temos de aprender a aceitar o direito de qualquer credo religioso se expressar até o ponto permitido pelo nosso acordo comum de convivência, chamado de lei, função do parlamento.
3. "Juca deveria respeitar homens e mulheres horados, que por meio de seu exemplo tentam mostrar ao mundo que existe uma maneira diferente de viver...ver homens dispostos a demonstrar diferenças no meio de uma sociedade falida"
* Este comentário vai ao cerne do postado anteriormente no Crer é Pensar. Qual o testemunho que está sendo dado? As frases nas camisetas incomodam porque remetem ao comportamento do atleta em campo, "fair play"? Nas atitudes durante o treino e no relacionamento com os colegas? Estampar uma declaração de fé ou amor (etc) a Jesus é coerente com o atleta? Suas declarações públicas demonstram preocupação prática com o amor ao próximo, com a justiça social, com a defesa "dos órfãos e das viúvas"? Se for esta a razão do incômodo, os atletas dentro e fora do campo incomodam pelo seu jeito alternativo de viver, o Juca está errado. Mas se as declarações de fé e amor forem incoerentes com o proceder de quem as faz, dentro e fora do campo, ele estão certo ao acusar a violação do mandamento "não usarás o nome do Senhor teu Deus em vão".
Pergunto-me: quem são os cristãos que se tem destacado positivamente na sociedade brasileira?
4. "a crença religiosa é elemento da vida privada que não deve ser misturado com a atividade da pessoa"
* Neste caso, temos uma esquizofrenia. As pessoas são diferentes conforme o gosto de quem as vê, e não seres integrais, complexos, com suas incongruências, impedidas de se manifestarem com decoro onde se apresentam. Esta visão conduz ao caminho da uniformidade acrítica da sociedade, ao monopólio comportamental, cultural, ético e religioso. Quem vai ao campo, vai assistir um jogo disputado por pessoas; jogos sem emoções e manifestações particulares somente eletrônicos.
5. "será que esse pessoal acha que Deus não tem outras coisas para fazer a não ser 'manipular' resultados de futebol"
* Outro comentário que ecoa no já postado: as atitudes dos atletas dão testemunho de quê? Em uma situação de tempo extremamente reduzida, o momento do gol, temos apenas imagem. E esta vale por mil palavras. E a interpretação da imagem é não direcionada - quem a faz tem pouco controle sobre o quê o leitor vai entender. Será que a mensagem passada pela imagem é aquela desejada pelo seu autor?
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Postado no Crer é Pensar em 08/01/2009
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