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Palavra do leitor

Esperança

Quando eu tinha lá pelos meus sete ou nove anos de idade, minha visão do céu era de uma particularidade impressionante. Para mim, o céu era um lugar onde todos os bonzinhos iriam morar um dia. Alcançariam essa graça aqueles que vivessem como se estivessem escalando uma escada, galgando cada degrau. Se você praticasse uma boa ação subiria um degrau, se praticasse uma má ação desceria um degrau. De modo que algum dia você poderia chegar a ser santo o bastante para se encontrar com Deus, ou pecador demais para não ir morar com Ele.

Quando cresci, descobri uma historia que mexeu com minhas convicções infantis sobre como chegar ao céu. Descobri que minha entrada no céu não dependia do quanto eu era “bonzinho” ou merecedor. Descobri que apenas um homem, e só ele, foi capaz de escalar todos os degraus de uma só vez. Com sua atitude de amor, este homem concedeu direito ao céu a pessoas que passaram a vida inteira fazendo o caminho inverso daqueles que subiam a escada. Descobri então o poder da graça de Deus.

Já crescido, e com as marcas de Cristo em mim, tenho agora uma visão nítida sobre o amor de Deus. Compreendo agora que o ladrão que fora crucificado ao lado direito do mestre no gólgota, precisou apenas de subir um degrau para conseguir aquilo que muitos tentam conseguir com esforço próprio gigantesco.

Não tenho a intenção de anular em minhas palavras a vida consagrada a Deus por meio de sacrifício pessoal (como jejum, ação sacrifical de amor ou mortificação da carne por ascese). Mas é preciso saber diferenciar salvação da alma de consagração a Deus embora, as duas coisas estejam intimamente entrelaçadas. A salvação da alma nos é gratuita, qualquer sacrifício nosso não pagaria o preço de um pecado sequer e não teríamos assim o direito à salvação. Por isso damos glórias a Deus por ter enviado seu filho para pagar por nossos pecados.

Uma vida de consagração a Deus por sua vez, nos custa caro. Sobretudo porque lutamos contra nós mesmos nesse sentido. Lutamos contra nossa própria herança, mortificando a carne e aborrecendo aquilo que uma parte de nós deseja em silencio.
Para nós, que nos preocupamos em ter uma vida consagrada a Deus, os dias em que vivemos não nos alegra a alma, antes nos faz desejar ardentemente ser revestidos por quem havemos um dia de ser. Mas enquanto aqui vivemos lutamos, nos entristecemos, denunciamos, acertamos, erramos e, sobretudo mortificamos a carne. Enfrentamos aqui todo e qualquer tipo de provação. Mas não temos motivo para desanimarmos diante disso.

Uma gloriosa promessa nos foi feita: Vou preparar-vos lugar. (...) e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. (João 14. 2,3). Nossos dias são semelhantes aos dias de Neemias, que enfrentava o perigo e a oposição, para ver cumprida a promessa de Deus. Dessa maneira temos a alegria em saber que não lutamos em vão e nem sozinhos. A promessa de vida plena com Deus é real e gloriosa, e o Espirito do Senhor não nos deixa esquecer que o céu, é logo ali.
Mairinque - SP
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