Palavra do leitor
- 03 de maio de 2009
- Visualizações: 3214
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Escândalos, políticos e sociedade
Os escândalos políticos se sucedem no cenário brasileiro. Pouco provável que exista país sem eles, já que o ser humano é o mesmo em todos os lugares. A pergunta que faço, no cardápio disponível: o que podemos aprender com eles?
Diz um provérbio popular que "o uso do cachimbo faz a boca torta" - o uso do dinheiro público faz o gestor sentir-se dono. O núcleo da questão atual é a definição do que é direito do político, em função do cargo que exerce, e do que extrapola esse direito.
Que "todo trabalhador é digno do seu salário" é algo que não se discute. Questiona-se o valor do salário, a atribuição de valor monetário justo a uma determinada atividade, a disparidade salarial vigente e a consequente desigualdade social, reconhecida como uma das maiores do mundo – se não a maior.
Qual é o salário justo de um político profissional? Porque existem políticos amadores, que não fazem da atividade seu meio de vida: os eleitores. Como atribuir um valor monetário justo? Qual vale mais, é mais útil, é essencial para a sociedade? O lixeiro? O açougueiro? O agricultor? O professor? O militar? O médico?... Nem sempre o tempo de estudo é recompensado adequadamente (os professores que o digam), a insalubridade coberta (como diriam os lixeiros), os riscos compensados (como as famílias dos policiais percebem). A lógica que rege esta escolha é complexa, e passa pelo grau de escolaridade e pela comparação entre diversas atividades profissionais.
O que deve o salário cobrir? A subsistência, a saúde, o progresso familiar e o lazer.
Os políticos profissionais têm um salário que é incomum na nossa sociedade brasileira. O seu valor os coloca na elite econômica, o que implica terem condições excepcionais, em relação aos demais assalariados, de satisfazerem os quatro pontos acima citados.
São funcionários públicos diferenciados – os únicos que dependem do voto para ocuparem uma vaga por, na maioria das vezes, quatro anos. O salário e o emprego saem diretamente do bolso e da vontade do eleitor. Contrariamente aos empregos ordinários, onde o patrão pede contas ao empregado, eles habitualmente não prestam contas. Fica o eleitor encarregado de acompanhar sua atividade (legislativa e executiva), caso deseje alguma satisfação.
Qual funcionário recebe percentual extra para custear sua moradia e sua alimentação? Afinal, salário existe para isto. Qual empregado tem assessoria livremente por ele escolhida paga pelo patrão? Afinal, em todas as empresas supõe-se a lealdade dos funcionários independente do gerente do plantão.
Analisando pelo prisma ético, como fica a igualdade de condições entre o político empregado e aquele que vai lhe disputar o cargo, se o patrão paga ao primeiro para que mantenha contato com seus eleitores (o que significa a possibilidade de conseguir favores – uma das poucas "avaliações" da atividade política empregada) e o segundo começa do nada?
São eleitos por nós para, em nosso nome, escolherem projetos, planejarem o desenvolvimento, patrocinarem a justiça social, em suma, a melhoria para todos em todos os lugares. Para isto, tem acesso ao nosso bolso.
Uma das trágicas lições do atual escândalo (qual será o primeiro evangélico denunciado?) é que os parlamentares federais têm como direito seu uma séries de benefícios que outros trabalhadores não dispõe e nunca os receberão! E são eles que, em nosso nome, afirmam terem direito natural a passagens aéreas para onde quiserem, com quem quiserem, para o que quiserem, somado ao de fazerem o que quiserem com elas. Habituados a verem o cofre permanentemente, passaram a considerar direito seus privilégios inacessíveis aos seus concidadãos, mas não mais iguais.
Enquanto patronos, por dever de ofício, da igualdade social, eles falham; enquanto promotores da justiça social, por dever de ofício, dão péssimo exemplo; enquanto planejadores de nossa sociedade, por vocação inerente a função, dão provas de incompetência. Insensíveis ao clamor geral, à perversa desigualdade brasileira, a origem de sua função e do seu salário, debocham dos milhões de miseráveis e pobres da nação. Consciências anestesiadas, regidas por uma moral estranha ao restante da nação, antibíblica e demoníaca, só lhes resta desocuparem o cargo maculado para uma geração verdadeiramente vocacionada. Não por causa do atual escândalo, mas pela somatória ao longo dos anos.
Diz um provérbio popular que "o uso do cachimbo faz a boca torta" - o uso do dinheiro público faz o gestor sentir-se dono. O núcleo da questão atual é a definição do que é direito do político, em função do cargo que exerce, e do que extrapola esse direito.
Que "todo trabalhador é digno do seu salário" é algo que não se discute. Questiona-se o valor do salário, a atribuição de valor monetário justo a uma determinada atividade, a disparidade salarial vigente e a consequente desigualdade social, reconhecida como uma das maiores do mundo – se não a maior.
Qual é o salário justo de um político profissional? Porque existem políticos amadores, que não fazem da atividade seu meio de vida: os eleitores. Como atribuir um valor monetário justo? Qual vale mais, é mais útil, é essencial para a sociedade? O lixeiro? O açougueiro? O agricultor? O professor? O militar? O médico?... Nem sempre o tempo de estudo é recompensado adequadamente (os professores que o digam), a insalubridade coberta (como diriam os lixeiros), os riscos compensados (como as famílias dos policiais percebem). A lógica que rege esta escolha é complexa, e passa pelo grau de escolaridade e pela comparação entre diversas atividades profissionais.
O que deve o salário cobrir? A subsistência, a saúde, o progresso familiar e o lazer.
Os políticos profissionais têm um salário que é incomum na nossa sociedade brasileira. O seu valor os coloca na elite econômica, o que implica terem condições excepcionais, em relação aos demais assalariados, de satisfazerem os quatro pontos acima citados.
São funcionários públicos diferenciados – os únicos que dependem do voto para ocuparem uma vaga por, na maioria das vezes, quatro anos. O salário e o emprego saem diretamente do bolso e da vontade do eleitor. Contrariamente aos empregos ordinários, onde o patrão pede contas ao empregado, eles habitualmente não prestam contas. Fica o eleitor encarregado de acompanhar sua atividade (legislativa e executiva), caso deseje alguma satisfação.
Qual funcionário recebe percentual extra para custear sua moradia e sua alimentação? Afinal, salário existe para isto. Qual empregado tem assessoria livremente por ele escolhida paga pelo patrão? Afinal, em todas as empresas supõe-se a lealdade dos funcionários independente do gerente do plantão.
Analisando pelo prisma ético, como fica a igualdade de condições entre o político empregado e aquele que vai lhe disputar o cargo, se o patrão paga ao primeiro para que mantenha contato com seus eleitores (o que significa a possibilidade de conseguir favores – uma das poucas "avaliações" da atividade política empregada) e o segundo começa do nada?
São eleitos por nós para, em nosso nome, escolherem projetos, planejarem o desenvolvimento, patrocinarem a justiça social, em suma, a melhoria para todos em todos os lugares. Para isto, tem acesso ao nosso bolso.
Uma das trágicas lições do atual escândalo (qual será o primeiro evangélico denunciado?) é que os parlamentares federais têm como direito seu uma séries de benefícios que outros trabalhadores não dispõe e nunca os receberão! E são eles que, em nosso nome, afirmam terem direito natural a passagens aéreas para onde quiserem, com quem quiserem, para o que quiserem, somado ao de fazerem o que quiserem com elas. Habituados a verem o cofre permanentemente, passaram a considerar direito seus privilégios inacessíveis aos seus concidadãos, mas não mais iguais.
Enquanto patronos, por dever de ofício, da igualdade social, eles falham; enquanto promotores da justiça social, por dever de ofício, dão péssimo exemplo; enquanto planejadores de nossa sociedade, por vocação inerente a função, dão provas de incompetência. Insensíveis ao clamor geral, à perversa desigualdade brasileira, a origem de sua função e do seu salário, debocham dos milhões de miseráveis e pobres da nação. Consciências anestesiadas, regidas por uma moral estranha ao restante da nação, antibíblica e demoníaca, só lhes resta desocuparem o cargo maculado para uma geração verdadeiramente vocacionada. Não por causa do atual escândalo, mas pela somatória ao longo dos anos.
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
- 03 de maio de 2009
- Visualizações: 3214
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Revista Ultimato
- +lidos
- +comentados
- Por quê?
- O salário do pecado é a morte, em várias versões!
- É possível ser cristão e de "esquerda"?
- Não andeis na roda dos escarnecedores: quais escarnecedores?
- A democracia [geográfica] da dor!
- Os 24 anciãos e a batalha do Armagedom
- Mergulhados na cultura, mas batizados na santidade (parte 2)
- A religião verdadeira é única, e se tornou uma pessoa a ser seguida
- Não nos iludamos, animal é animal!
- Até aqui ele não me deixou