Palavra do leitor
- 03 de maio de 2009
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Escândalos, políticos e sociedade
Os escândalos políticos se sucedem no cenário brasileiro. Pouco provável que exista país sem eles, já que o ser humano é o mesmo em todos os lugares. A pergunta que faço, no cardápio disponível: o que podemos aprender com eles?
Diz um provérbio popular que "o uso do cachimbo faz a boca torta" - o uso do dinheiro público faz o gestor sentir-se dono. O núcleo da questão atual é a definição do que é direito do político, em função do cargo que exerce, e do que extrapola esse direito.
Que "todo trabalhador é digno do seu salário" é algo que não se discute. Questiona-se o valor do salário, a atribuição de valor monetário justo a uma determinada atividade, a disparidade salarial vigente e a consequente desigualdade social, reconhecida como uma das maiores do mundo – se não a maior.
Qual é o salário justo de um político profissional? Porque existem políticos amadores, que não fazem da atividade seu meio de vida: os eleitores. Como atribuir um valor monetário justo? Qual vale mais, é mais útil, é essencial para a sociedade? O lixeiro? O açougueiro? O agricultor? O professor? O militar? O médico?... Nem sempre o tempo de estudo é recompensado adequadamente (os professores que o digam), a insalubridade coberta (como diriam os lixeiros), os riscos compensados (como as famílias dos policiais percebem). A lógica que rege esta escolha é complexa, e passa pelo grau de escolaridade e pela comparação entre diversas atividades profissionais.
O que deve o salário cobrir? A subsistência, a saúde, o progresso familiar e o lazer.
Os políticos profissionais têm um salário que é incomum na nossa sociedade brasileira. O seu valor os coloca na elite econômica, o que implica terem condições excepcionais, em relação aos demais assalariados, de satisfazerem os quatro pontos acima citados.
São funcionários públicos diferenciados – os únicos que dependem do voto para ocuparem uma vaga por, na maioria das vezes, quatro anos. O salário e o emprego saem diretamente do bolso e da vontade do eleitor. Contrariamente aos empregos ordinários, onde o patrão pede contas ao empregado, eles habitualmente não prestam contas. Fica o eleitor encarregado de acompanhar sua atividade (legislativa e executiva), caso deseje alguma satisfação.
Qual funcionário recebe percentual extra para custear sua moradia e sua alimentação? Afinal, salário existe para isto. Qual empregado tem assessoria livremente por ele escolhida paga pelo patrão? Afinal, em todas as empresas supõe-se a lealdade dos funcionários independente do gerente do plantão.
Analisando pelo prisma ético, como fica a igualdade de condições entre o político empregado e aquele que vai lhe disputar o cargo, se o patrão paga ao primeiro para que mantenha contato com seus eleitores (o que significa a possibilidade de conseguir favores – uma das poucas "avaliações" da atividade política empregada) e o segundo começa do nada?
São eleitos por nós para, em nosso nome, escolherem projetos, planejarem o desenvolvimento, patrocinarem a justiça social, em suma, a melhoria para todos em todos os lugares. Para isto, tem acesso ao nosso bolso.
Uma das trágicas lições do atual escândalo (qual será o primeiro evangélico denunciado?) é que os parlamentares federais têm como direito seu uma séries de benefícios que outros trabalhadores não dispõe e nunca os receberão! E são eles que, em nosso nome, afirmam terem direito natural a passagens aéreas para onde quiserem, com quem quiserem, para o que quiserem, somado ao de fazerem o que quiserem com elas. Habituados a verem o cofre permanentemente, passaram a considerar direito seus privilégios inacessíveis aos seus concidadãos, mas não mais iguais.
Enquanto patronos, por dever de ofício, da igualdade social, eles falham; enquanto promotores da justiça social, por dever de ofício, dão péssimo exemplo; enquanto planejadores de nossa sociedade, por vocação inerente a função, dão provas de incompetência. Insensíveis ao clamor geral, à perversa desigualdade brasileira, a origem de sua função e do seu salário, debocham dos milhões de miseráveis e pobres da nação. Consciências anestesiadas, regidas por uma moral estranha ao restante da nação, antibíblica e demoníaca, só lhes resta desocuparem o cargo maculado para uma geração verdadeiramente vocacionada. Não por causa do atual escândalo, mas pela somatória ao longo dos anos.
Diz um provérbio popular que "o uso do cachimbo faz a boca torta" - o uso do dinheiro público faz o gestor sentir-se dono. O núcleo da questão atual é a definição do que é direito do político, em função do cargo que exerce, e do que extrapola esse direito.
Que "todo trabalhador é digno do seu salário" é algo que não se discute. Questiona-se o valor do salário, a atribuição de valor monetário justo a uma determinada atividade, a disparidade salarial vigente e a consequente desigualdade social, reconhecida como uma das maiores do mundo – se não a maior.
Qual é o salário justo de um político profissional? Porque existem políticos amadores, que não fazem da atividade seu meio de vida: os eleitores. Como atribuir um valor monetário justo? Qual vale mais, é mais útil, é essencial para a sociedade? O lixeiro? O açougueiro? O agricultor? O professor? O militar? O médico?... Nem sempre o tempo de estudo é recompensado adequadamente (os professores que o digam), a insalubridade coberta (como diriam os lixeiros), os riscos compensados (como as famílias dos policiais percebem). A lógica que rege esta escolha é complexa, e passa pelo grau de escolaridade e pela comparação entre diversas atividades profissionais.
O que deve o salário cobrir? A subsistência, a saúde, o progresso familiar e o lazer.
Os políticos profissionais têm um salário que é incomum na nossa sociedade brasileira. O seu valor os coloca na elite econômica, o que implica terem condições excepcionais, em relação aos demais assalariados, de satisfazerem os quatro pontos acima citados.
São funcionários públicos diferenciados – os únicos que dependem do voto para ocuparem uma vaga por, na maioria das vezes, quatro anos. O salário e o emprego saem diretamente do bolso e da vontade do eleitor. Contrariamente aos empregos ordinários, onde o patrão pede contas ao empregado, eles habitualmente não prestam contas. Fica o eleitor encarregado de acompanhar sua atividade (legislativa e executiva), caso deseje alguma satisfação.
Qual funcionário recebe percentual extra para custear sua moradia e sua alimentação? Afinal, salário existe para isto. Qual empregado tem assessoria livremente por ele escolhida paga pelo patrão? Afinal, em todas as empresas supõe-se a lealdade dos funcionários independente do gerente do plantão.
Analisando pelo prisma ético, como fica a igualdade de condições entre o político empregado e aquele que vai lhe disputar o cargo, se o patrão paga ao primeiro para que mantenha contato com seus eleitores (o que significa a possibilidade de conseguir favores – uma das poucas "avaliações" da atividade política empregada) e o segundo começa do nada?
São eleitos por nós para, em nosso nome, escolherem projetos, planejarem o desenvolvimento, patrocinarem a justiça social, em suma, a melhoria para todos em todos os lugares. Para isto, tem acesso ao nosso bolso.
Uma das trágicas lições do atual escândalo (qual será o primeiro evangélico denunciado?) é que os parlamentares federais têm como direito seu uma séries de benefícios que outros trabalhadores não dispõe e nunca os receberão! E são eles que, em nosso nome, afirmam terem direito natural a passagens aéreas para onde quiserem, com quem quiserem, para o que quiserem, somado ao de fazerem o que quiserem com elas. Habituados a verem o cofre permanentemente, passaram a considerar direito seus privilégios inacessíveis aos seus concidadãos, mas não mais iguais.
Enquanto patronos, por dever de ofício, da igualdade social, eles falham; enquanto promotores da justiça social, por dever de ofício, dão péssimo exemplo; enquanto planejadores de nossa sociedade, por vocação inerente a função, dão provas de incompetência. Insensíveis ao clamor geral, à perversa desigualdade brasileira, a origem de sua função e do seu salário, debocham dos milhões de miseráveis e pobres da nação. Consciências anestesiadas, regidas por uma moral estranha ao restante da nação, antibíblica e demoníaca, só lhes resta desocuparem o cargo maculado para uma geração verdadeiramente vocacionada. Não por causa do atual escândalo, mas pela somatória ao longo dos anos.
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