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Palavra do leitor

ÉRAMOS SEIS: a vida imita a arte!

Segundo o site wikipedia: “Éramos Seis é o título de um romance escrito por Maria José Dupré, publicado em 1943 e adaptado para o cinema e a televisão em quatro ocasiões, na forma de telenovela. A obra foi premiada pela Academia Brasileira de Letras com o prêmio Raul Pompeia, tendo ainda sido traduzido em vários idiomas”.

O título do romance vem da situação da personagem principal, a qual, em certa etapa da vida, não mais usufruía da presença permanente dos outros cinco integrantes da sua família, face às contingências que permeiam a vida (morte, mudança, casamento dos filhos).

De um certo modo, a aritmética do título desta obra literária encontrou eco no momento atual da minha vida.

Na verdade, nasci num lar que, quando já devidamente formado (o irmão caçula nasceu em 1970), fora composto de sete integrantes (pai, mãe e cinco filhos), número que excede o título da obra citada acima.

Todavia, com o passar dos anos, a maioria dos meus irmãos se casou, passando a residir em suas próprias casas. E, por volta do ano de 1999, a minha mãe, preocupada com a viuvez e solidão da minha avó, que morava apenas com uma filha - portadora de distúrbios mentais -, propôs morarmos numa só casa. Assim, como o título deste texto (e da obra literária), “éramos seis”: avó materna, minha tia, meu pai, minha mãe, eu e meu irmão mais novo.

Assim como acontece com as estações do ano, as nossas vidas também não são apenas constituídas de “primaveras” e “verões”, e os “outonos” e “invernos” existenciais têm o seu tempo de chegada.

O meu “outono” iniciou-se em 2004, quando do falecimento repentino do meu irmão “caçula”, estação que continuou também por 2005 e 2006, com a partida, também irremediavelmente definitiva, de minha avó materna e de meu pai, respectivamente.

Daí, começou um período gradativo, ainda que lento, de enfraquecimento do quadro de saúde de minha mãe, agravado pelas perdas irreparáveis sofridas anos antes e por um enfisema pulmonar, deflagrado pelos mais de 40 anos em que foi fumante (vício deixado apenas em 1996).

Não bastassem os fatos relatados, enfrentei vários problemas de saúde (ortopédicos e também cardiológicos, inclusive tendo que me submeter a uma cirurgia de revascularização miocárdica em 2010), culminando com uma aposentadoria em 2012, quando completara 45 anos.

Sempre tive a certeza de que, em minha vida, o ”inverno da alma” (título inclusive de um excelente filme americano) só chegaria quando minha mãe partisse (também ¨definitivamente”), e isto aconteceu em 1º de agosto deste ano, pouco tempo depois dela ter completado 77 anos.

Dado ao falecimento de minha mãe, e considerando ser a minha tia portadora de deficiência mental, não vi outra alternativa senão convencer o meu tio (irmão dela) a acolhê-la no seio de sua família, onde a mudança ocorreu no início do mês passado, o que tem sido uma benção para ela, que tem vivido um tempo novo, cheio de experiências boas, com passeios e viagens programadas.

Hoje, à exemplo da obra literária, do ponto de vista humano, tenho que concordar: “éramos seis”.

Não fosse a fé, este simples texto se encerraria na linha anterior, mas, a despeito da ausência da presença física de todos os que estiveram comigo desde 1999 (decorrente das mortes citadas e da mudança de minha tia), não me sinto só, pois a presença das pessoas da Santísssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) é inequivocamente real no meu viver e caminhar cotidianos.

O meu momento atual repousa, em fé, nas seguintes declarações feitas pelo meu Deus, em Sua Santa Palavra: ” Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão” (Gênesis 8:22) ... “Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria” (Malaquias 4:2)

No plano espiritual, o verão breve recomeçará em minha vida !

Eu creio nisto !
Recife - PE
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