Palavra do leitor
- 24 de novembro de 2024
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Entre a morte do cachorrinho e o nascimento do bebezinho
Ao lado de uma residência surgem gritos desesperados semelhantes a pedido de socorro. Entre o senso de urgência e a necessária cautela, imagina-se um vizinho em perigo. Era uma mulher pranteando a morte de seu cachorrinho.
Pouco depois, pessoas chegam trajando roupa social e gravata. Funcionários de uma funerária. Extremamente profissionais: semblantes reverentes, sisuda empatia, disposição solícita - um deles segura o Mini Caixão preparando-se para o momento de recolher o dog sem vida.
Em 1991, o ex-ministro do Trabalho e Previdência, Antônio R. Magri, ao levar sua cadela a uma clínica veterinária no carro do governo federal, indagado pela imprensa sobre a ética de sua conduta aliada a uma espécie de "patrimonialismo imoral", respondeu: cachorro também é gente.
Se a "hipérbole" do ex-ministro de Collor ao valorizar pets ou vida animal ao patamar humano foi tida por escárnio contra cidadãos pagadores de impostos, em outro contexto muitos países já cobram uma taxa anual sobre animais de estimação. "Em 2023, por exemplo, a Alemanha arrecadou o equivalente a R$ 2,6 bilhões por meio desse imposto. Nesse país com taxa anual sobre pets através do governo municipal, a expectativa é de que chegue a R$ 5 bi de arrecadação nos próximos anos."
Segundo o programa jornalístico brasileiro (NDTV), "além das despesas com ração, veterinário, roupinhas e inclusive remédios e tratamentos, em cada cidade alemã existe uma taxa anual para os bichinhos de estimação. E com um detalhe: os valores oscilam entre raças mais perigosas e menos perigosas". Em 2023, a arrecadação do mercado pet no Brasil foi em torno de 69 milhões de reais.
Em outra reportagem veiculada em 2021, o mesmo programa de notícias (NDTV) relatou que "a pandemia não atingiu o comércio dos pets, na verdade, ele cresceu e se fortaleceu. Com a pandemia, responsável por desempregos e inclusive quebradeiras, um segmento não teve do que reclamar: [... os petshops]. Segundo o jornalista Paulo Alceu, "nesse período de isolamento e dificuldades, houve um incremento de 54% na adoção de animais domésticos".
Da perspectiva bíblica, ao serem criados por Deus e submetidos ao devido cuidado humano como parte da mordomia cristã, os animais deveriam ser protegidos e zelados, embora não idolatrados. Assim, o reconhecimento do ser humano como a mais importante das criaturas confirmaria a correta orientação das prioridades nas afeições no desafio de dignificar o ser humano e conferir-lhe apreço acima dos animais.
É compreensível que algumas pessoas enalteçam a companhia de animais a preferir determinados humanos, mas ainda que argumentem sobre a pureza, carinho e fidelidade dos bichos ou a vantagem de amá-los ou sentir-se incondicionalmente por eles amados - sem decepções, falsidade ou vulnerabilidade da maldade humana -, não é preciso análise tão profunda para desmistificar certos exageros.
O "carinho, lealdade, companhia e apego" de um animal de estimação não deixa de ser cativante, embora consequência dos seus instintos em resposta à interação humana e laços desenvolvidos. Nesse sentido, suas reações resultam daquilo que ele foi destinado a ser por natureza. Guardadas as devidas proporções, um cãozinho é "robô" programado para agradar e obedecer a quem dele cuida.
Em contrapartida, a fidelidade, amor, amizade e estima entre humanos requer escolha racional livre. Assim sendo, diálogo, conselhos, lealdade e genuíno apreço não se dissociam da possibilidade de traição, ofensa e desapontamento - num relacionamento onde somente pessoas podem oferecer graves riscos ou sublimes alegrias.
Se as pessoas que nos amam (ou amamos) são aquelas que mais convivem com nossos defeitos e a recíproca afetuosa imperfeita é menos imprevisível no carinho de um bichinho irracional, seria um mecanismo sofisticado do psiquismo humano elevar os pets ao status de "filhos" ou "amigos"? Em muitos casos, um subterfúgio que revelaria facetas de uma sociedade hodierna solitária, egoísta e carente de relacionamentos profundos que demandam responsabilidade e sacrifícios?
Se Jesus deixou claro que as pessoas valem muito mais que os animais (Mateus 10:31; 12:11), tal declaração implica dizer o óbvio: nenhum pet no mundo é mais precioso para Deus do que um único ser humano. Assunto sério e profundo!
Em outras palavras, animais são preciosos, mas nenhum papagaio engraçado, cão que joga futevôlei, gato enfeitado ou qualquer pet ou animal querido etc., vale mais que um único maltrapilho que nos pede moeda num semáforo ou qualquer menor de rua ou outro ser humano de quem nos afastamos por justo (ou não) incômodo, frieza, repulsa, receio, ódio ou cautela.
Numa sociedade onde pets se tornam "filhos" (no divórcio até assunto jurídico) e o início da vida intrauterina uma relativização e contestação, as palavras de Chesterton tornam-se real constatação: Onde quer que haja adoração de animais, ali haverá sacrifício de humanos.
Pouco depois, pessoas chegam trajando roupa social e gravata. Funcionários de uma funerária. Extremamente profissionais: semblantes reverentes, sisuda empatia, disposição solícita - um deles segura o Mini Caixão preparando-se para o momento de recolher o dog sem vida.
Em 1991, o ex-ministro do Trabalho e Previdência, Antônio R. Magri, ao levar sua cadela a uma clínica veterinária no carro do governo federal, indagado pela imprensa sobre a ética de sua conduta aliada a uma espécie de "patrimonialismo imoral", respondeu: cachorro também é gente.
Se a "hipérbole" do ex-ministro de Collor ao valorizar pets ou vida animal ao patamar humano foi tida por escárnio contra cidadãos pagadores de impostos, em outro contexto muitos países já cobram uma taxa anual sobre animais de estimação. "Em 2023, por exemplo, a Alemanha arrecadou o equivalente a R$ 2,6 bilhões por meio desse imposto. Nesse país com taxa anual sobre pets através do governo municipal, a expectativa é de que chegue a R$ 5 bi de arrecadação nos próximos anos."
Segundo o programa jornalístico brasileiro (NDTV), "além das despesas com ração, veterinário, roupinhas e inclusive remédios e tratamentos, em cada cidade alemã existe uma taxa anual para os bichinhos de estimação. E com um detalhe: os valores oscilam entre raças mais perigosas e menos perigosas". Em 2023, a arrecadação do mercado pet no Brasil foi em torno de 69 milhões de reais.
Em outra reportagem veiculada em 2021, o mesmo programa de notícias (NDTV) relatou que "a pandemia não atingiu o comércio dos pets, na verdade, ele cresceu e se fortaleceu. Com a pandemia, responsável por desempregos e inclusive quebradeiras, um segmento não teve do que reclamar: [... os petshops]. Segundo o jornalista Paulo Alceu, "nesse período de isolamento e dificuldades, houve um incremento de 54% na adoção de animais domésticos".
Da perspectiva bíblica, ao serem criados por Deus e submetidos ao devido cuidado humano como parte da mordomia cristã, os animais deveriam ser protegidos e zelados, embora não idolatrados. Assim, o reconhecimento do ser humano como a mais importante das criaturas confirmaria a correta orientação das prioridades nas afeições no desafio de dignificar o ser humano e conferir-lhe apreço acima dos animais.
É compreensível que algumas pessoas enalteçam a companhia de animais a preferir determinados humanos, mas ainda que argumentem sobre a pureza, carinho e fidelidade dos bichos ou a vantagem de amá-los ou sentir-se incondicionalmente por eles amados - sem decepções, falsidade ou vulnerabilidade da maldade humana -, não é preciso análise tão profunda para desmistificar certos exageros.
O "carinho, lealdade, companhia e apego" de um animal de estimação não deixa de ser cativante, embora consequência dos seus instintos em resposta à interação humana e laços desenvolvidos. Nesse sentido, suas reações resultam daquilo que ele foi destinado a ser por natureza. Guardadas as devidas proporções, um cãozinho é "robô" programado para agradar e obedecer a quem dele cuida.
Em contrapartida, a fidelidade, amor, amizade e estima entre humanos requer escolha racional livre. Assim sendo, diálogo, conselhos, lealdade e genuíno apreço não se dissociam da possibilidade de traição, ofensa e desapontamento - num relacionamento onde somente pessoas podem oferecer graves riscos ou sublimes alegrias.
Se as pessoas que nos amam (ou amamos) são aquelas que mais convivem com nossos defeitos e a recíproca afetuosa imperfeita é menos imprevisível no carinho de um bichinho irracional, seria um mecanismo sofisticado do psiquismo humano elevar os pets ao status de "filhos" ou "amigos"? Em muitos casos, um subterfúgio que revelaria facetas de uma sociedade hodierna solitária, egoísta e carente de relacionamentos profundos que demandam responsabilidade e sacrifícios?
Se Jesus deixou claro que as pessoas valem muito mais que os animais (Mateus 10:31; 12:11), tal declaração implica dizer o óbvio: nenhum pet no mundo é mais precioso para Deus do que um único ser humano. Assunto sério e profundo!
Em outras palavras, animais são preciosos, mas nenhum papagaio engraçado, cão que joga futevôlei, gato enfeitado ou qualquer pet ou animal querido etc., vale mais que um único maltrapilho que nos pede moeda num semáforo ou qualquer menor de rua ou outro ser humano de quem nos afastamos por justo (ou não) incômodo, frieza, repulsa, receio, ódio ou cautela.
Numa sociedade onde pets se tornam "filhos" (no divórcio até assunto jurídico) e o início da vida intrauterina uma relativização e contestação, as palavras de Chesterton tornam-se real constatação: Onde quer que haja adoração de animais, ali haverá sacrifício de humanos.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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