Palavra do leitor
- 09 de julho de 2013
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Eminência Parda
Eminência Parda
Revirei uns “trem antigo” enquanto lia as notícias, (sempre tão iguais) e desembestei ao tropeçar no rock ácido e empoeirado do “Camisa de Vênus”; ler a Bíblia falando de Acã e ouvir “Lobo Expiatório” é dose; aquela voz escrachada e sem nenhuma misericórdia ao falar dos pulhas que nunca saem de cena, jamais nos dão o prazer das suas ausências.
As manifestações pipocam por todo o país nos fazendo, os quarentões, lembrarmo-nos de nós mesmos na campanha das “Diretas Já!” e “Fora Collor!” guardadas as proporções.
Então, em meio a tanta manifestação interessante surge a nossa, a Marcha pra Jesus. Fiquei observando todo aquele mar de crentes levados como a enxurrada sempre faz com o que encontra no caminho; a impressão é de que nós não pensamos nem reagimos. Movemo-nos pela vista esquecendo o que ocorre no quadro geral. Pra que serve a Marcha?
Sendo tão somente honesto eu não simpatizo com o Feliciano por este ou aquele motivo, não foi algo que ele fez ou disse (o que ele faz e diz seriam motivos suficientes, eu sei), mas é pelo que ele não é, mas insiste em se apresentar: o representante da igreja protestante deste país, isso ofende, viu?
Encurralar todos os crentes numa massa disforme acrítica, acreditar e publicar que estamos todos sob o mesmo manto talibã tupiniquim é crueldade e desinformação.
Nossas afirmações de fé, nossa bíblica forma de viver está distante demais dos discursos desconexos desses que se desatam a falar em nosso nome, sem procuração. A discussão vai mais longe, ou deveria ir, não é o simples que está em jogo quando as igrejas se perdem em falatórios alheios e publicações nada graciosas.
Nós os crentes nos adaptamos às redes sociais, adoramos uma encrenca disputatória com os gays, os comunistas, os não alinhados, os católicos e quem mais passar na nossa frente, um verdadeiro salseiro no front virtual.
Não vou gastar tempo explicando sobre Deus não ter amaldiçoado nós, os negões que viemos ou ficamos na mãe África, nem dizendo que não foi bem assim, que Deus não disparou a arma que matou o Lennon, nem empurrou a aeronave que matou os caras esquisitos e engraçados dos Mamonas; assunto assim são processos caducos de catarse, não respondem às perguntas velhas no coração do povo de Deus.
É urgente, parem de enfiar o nome de Deus em conversas das quais, tenho certeza Ele, que é amor e compaixão nem quer participar, as pessoas precisam falar e assumir suas bobagens descaradamente sem calçar suas sandices com o nome do Criador, que é Santo, tres vezes.
Como funciona a nossa memória? A do povo do Eterno É uma memória frágil, sem real consciência de fatos e pessoas que ofuscam e tiram de nós a alegria de sermos chamados pelo nome de Jesus, o Cristo de Deus. Caso eu procure por um período de notoriedade relativo aos cristãos dou de cara com escândalos financeiros, políticos, morais, sexuais de alguns que até outro dia eram exemplos a serem seguidos, cegamente.
É impressionante a ausência de bons dados na nossa memória; abrir uma revista ou jornal, acessar uma rede nesses tempos de Feliciano, ativistas gays e opiniões alhures é sempre uma afronta, um baque, nenhuma notícia que traga esperança às nossas vidas. Quando acredito que a temporada de caça aos evangélicos ou aos gays está encerrada, estreiam outra, e outra.
Não sabemos mais viver sem caçar alguém, sem acusar ou rotular, é impossível desistir do escarnecimento, tripúdio aos “inimigos da fé”; desmerecer e desrespeitar, diminuir e debochar se tornaram verbos de estimação dos crentes. Não gastamos mais o nosso tempo lendo e ouvindo opiniões, nos acercando das mesmas, pensado criticamente e concluindo, copiamos e colamos desavergonhadamente qualquer besteira que sirva de argumento na falta de argumentos nesse processo de embrutecimento do debate e da reflexão. Perdemos a chance diária de sermos pensantes e decentes.
A emergência que temos pela frente é separar a luta pelos direitos civis e constitucionais da agenda gay e da agenda evangélica: os ativistas gays querem uma constituição anexa e os talibãs evangélicos querem o Estado criminalizando o que a Bíblia afirma ser pecado.
A Constituição é uma só para todos, rege a todos igualitariamente; a Bíblia, viva e pulsante continuará sendo o ponto de encontro de milhões de pessoas com a graciosidade de Jesus, que liberta.
A urgência é nos livrar dos senhores feudais do pensamento, do comportamento e do credo, nos dispensar da companhia desagradável de gente que pega carona nos nossos sonhos e se acavalam neles como se donos fossem de um povo que é livre no ir, vir, pensar e crer.
O resto, bicho, é parada gay, marcha pra Jesus, eventos rudes, insanos com aparência de santidade e liberdade, mas com terríveis fins lucrativos tendo por finalidade funcionar como trampolim e palanque das eminências pardas e lobos expiatórios que empesteiam esse lugar, país e igreja.
Magno Aquino - Centro de Recuperação de Mendigos - Missão Vida de Brasília
Revirei uns “trem antigo” enquanto lia as notícias, (sempre tão iguais) e desembestei ao tropeçar no rock ácido e empoeirado do “Camisa de Vênus”; ler a Bíblia falando de Acã e ouvir “Lobo Expiatório” é dose; aquela voz escrachada e sem nenhuma misericórdia ao falar dos pulhas que nunca saem de cena, jamais nos dão o prazer das suas ausências.
As manifestações pipocam por todo o país nos fazendo, os quarentões, lembrarmo-nos de nós mesmos na campanha das “Diretas Já!” e “Fora Collor!” guardadas as proporções.
Então, em meio a tanta manifestação interessante surge a nossa, a Marcha pra Jesus. Fiquei observando todo aquele mar de crentes levados como a enxurrada sempre faz com o que encontra no caminho; a impressão é de que nós não pensamos nem reagimos. Movemo-nos pela vista esquecendo o que ocorre no quadro geral. Pra que serve a Marcha?
Sendo tão somente honesto eu não simpatizo com o Feliciano por este ou aquele motivo, não foi algo que ele fez ou disse (o que ele faz e diz seriam motivos suficientes, eu sei), mas é pelo que ele não é, mas insiste em se apresentar: o representante da igreja protestante deste país, isso ofende, viu?
Encurralar todos os crentes numa massa disforme acrítica, acreditar e publicar que estamos todos sob o mesmo manto talibã tupiniquim é crueldade e desinformação.
Nossas afirmações de fé, nossa bíblica forma de viver está distante demais dos discursos desconexos desses que se desatam a falar em nosso nome, sem procuração. A discussão vai mais longe, ou deveria ir, não é o simples que está em jogo quando as igrejas se perdem em falatórios alheios e publicações nada graciosas.
Nós os crentes nos adaptamos às redes sociais, adoramos uma encrenca disputatória com os gays, os comunistas, os não alinhados, os católicos e quem mais passar na nossa frente, um verdadeiro salseiro no front virtual.
Não vou gastar tempo explicando sobre Deus não ter amaldiçoado nós, os negões que viemos ou ficamos na mãe África, nem dizendo que não foi bem assim, que Deus não disparou a arma que matou o Lennon, nem empurrou a aeronave que matou os caras esquisitos e engraçados dos Mamonas; assunto assim são processos caducos de catarse, não respondem às perguntas velhas no coração do povo de Deus.
É urgente, parem de enfiar o nome de Deus em conversas das quais, tenho certeza Ele, que é amor e compaixão nem quer participar, as pessoas precisam falar e assumir suas bobagens descaradamente sem calçar suas sandices com o nome do Criador, que é Santo, tres vezes.
Como funciona a nossa memória? A do povo do Eterno É uma memória frágil, sem real consciência de fatos e pessoas que ofuscam e tiram de nós a alegria de sermos chamados pelo nome de Jesus, o Cristo de Deus. Caso eu procure por um período de notoriedade relativo aos cristãos dou de cara com escândalos financeiros, políticos, morais, sexuais de alguns que até outro dia eram exemplos a serem seguidos, cegamente.
É impressionante a ausência de bons dados na nossa memória; abrir uma revista ou jornal, acessar uma rede nesses tempos de Feliciano, ativistas gays e opiniões alhures é sempre uma afronta, um baque, nenhuma notícia que traga esperança às nossas vidas. Quando acredito que a temporada de caça aos evangélicos ou aos gays está encerrada, estreiam outra, e outra.
Não sabemos mais viver sem caçar alguém, sem acusar ou rotular, é impossível desistir do escarnecimento, tripúdio aos “inimigos da fé”; desmerecer e desrespeitar, diminuir e debochar se tornaram verbos de estimação dos crentes. Não gastamos mais o nosso tempo lendo e ouvindo opiniões, nos acercando das mesmas, pensado criticamente e concluindo, copiamos e colamos desavergonhadamente qualquer besteira que sirva de argumento na falta de argumentos nesse processo de embrutecimento do debate e da reflexão. Perdemos a chance diária de sermos pensantes e decentes.
A emergência que temos pela frente é separar a luta pelos direitos civis e constitucionais da agenda gay e da agenda evangélica: os ativistas gays querem uma constituição anexa e os talibãs evangélicos querem o Estado criminalizando o que a Bíblia afirma ser pecado.
A Constituição é uma só para todos, rege a todos igualitariamente; a Bíblia, viva e pulsante continuará sendo o ponto de encontro de milhões de pessoas com a graciosidade de Jesus, que liberta.
A urgência é nos livrar dos senhores feudais do pensamento, do comportamento e do credo, nos dispensar da companhia desagradável de gente que pega carona nos nossos sonhos e se acavalam neles como se donos fossem de um povo que é livre no ir, vir, pensar e crer.
O resto, bicho, é parada gay, marcha pra Jesus, eventos rudes, insanos com aparência de santidade e liberdade, mas com terríveis fins lucrativos tendo por finalidade funcionar como trampolim e palanque das eminências pardas e lobos expiatórios que empesteiam esse lugar, país e igreja.
Magno Aquino - Centro de Recuperação de Mendigos - Missão Vida de Brasília
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