Palavra do leitor
- 23 de junho de 2010
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Em algum lugar na prateleira
"O desafio da igreja, no aflorescer da considerada era da hipermodernidade, representa decidir por ser uma comunidade de relacionamentos abertos e dialogais."
Falar de amor, em meio a um contexto estigmatizado pela hipermodernidade, ressoa como um conceito abstrato e irreal. Deve ser considerado, embora transite pelos corredores do pensamento humano, quando olhamos para uma realidade tão contraditória, culminamos no descrédito.
Além do mais, diante de tantos e intermináveis episódios de barbáries protagonizados pelo homem, tão bem descrito na história da humanidade. Então, sem ser alienado, arrisco sublinhar uma abertura a efeito de abordarmos o amor e quem sabe alforriá-lo de todo um enxame de interrupções equivocadas, preconceituosas e patológicas.
Para tanto, buscamos, nos ensinos do pensador Paul Tillich, uma contribuição alvissareira no que alude a uma visão simples do amor. Transcrevemos as suas colocações que demonstram quanto o tema causa interpretações temerárias e confusas:
‘’Contudo, a diversidade de significados que se atribuem aos conceitos de amor, poder e justiça não é o único fator que nos põe uma barreira quase intransponível; existe, ainda, o estado confuso em que se encontra a discussão acerca de cada um deles em particular e o estado ainda mais confuso de discussão sobre as suas relações mútuas.’’ (Paul TILLICH, Amor, Poder e Justiça, p. 17).
Cumpre salientar, depois de ponderarmos nas palavras ditas acima, conseguir traçar uma linha acuradora do amor ‘como a manifestação da dignidade do ser.
Ainda assim, as afirmações colocadas, pouco nos ofertam de esclarecedor. Por causa disso, ancoramo-nos nas inclinações de Paul Tillich em pautar o amor sobre uma dimensão analítica e descritiva. De tal modo, desvencilhá-lo de princípios metafísicos e abstratos.
Aliás, tais proposições nos levarão a compreendermos o amor vinculado e arraigado a própria vivência. Isto, sem nenhum margem de dúvida, representa uma convivência em relação ao mundo, com o próximo e consigo próprio. Sem hesitar, o amor, em direção oposta a idéias especulativas, se assenta na realidade concreta que nos impulsiona a participar e partilhar da vida.
Destarte, derrubamos as versões patológicas de um amor que mata, sufoca, manipula e desumaniza o próximo. Evidentemente, nesse enfoque do amor nas relações concretas, não podemos rejeitar a afetuosidade e a emoção. Afinal de contras, constitui um componente primordial para uma humanidade liberta, saudável e curada.
Por ora, delimitar-me-ei a ler o amor, por meio de determinadas manifestações, vertentes e desdobramentos num processo contínuo de interação mútua. Em cada um dessas manifestações, encontraremos um nascedouro de sentido, de destino e motivo de ser. Diria, a partir desses horizontes, encontrarmos os fundamentos do amor evocado por Cristo.
De imediato, adentramos na manifestação e no abortar de eros.
Aqui, em virtude de uma interpretação restrita ao hedonismo extremado, nos deparamos com o amor arraigado, estritamente, ao desejo direcionado a própria satisfação sexual, conforme difundido pela psicanálise de Freud.
Diametralmente oposto, embasado nas lições do amor a Deus, ao próximo e a ti mesmo, pontuo a importância de eros ou do desejo de se inter-relacionar, de se identificar na interdependência, de ir ao próximo, de uma dimensão transpessoal do amor.
Deve ser dito, enquanto eros irrompe com os empecilhos de uma separação com o próximo, em philia conseguimos identificar a relevância da convivência amorosa no processo de interdependência comunitária, de conceber o próximo em familiaridade, em irmandade, em responsabilidade, em compromisso...
Então, depois de esmiuçarmos eros e philia, culminamos em ágape. Verdadeiramente, no mais tímido soar de ágape, efetivamos uma definição, a princípio, de um amor metafísico, abstrato e transcendental.
Agora, deveríamos observar o amor ágape como a manifestação do amor em profundidade, em uma identidade de nos tornar próximos do outro, de Deus e da vida. Por fim, o amor preconizado por Cristo, indiscutivelmente, mantém uma relação de interação mútua, da cura do ser e de assumirmos o compromisso pela vida e essa afirmativa põe em xeque as resistências pela comunhão espiritual do servir, do ouvir e do tolerar.
Falar de amor, em meio a um contexto estigmatizado pela hipermodernidade, ressoa como um conceito abstrato e irreal. Deve ser considerado, embora transite pelos corredores do pensamento humano, quando olhamos para uma realidade tão contraditória, culminamos no descrédito.
Além do mais, diante de tantos e intermináveis episódios de barbáries protagonizados pelo homem, tão bem descrito na história da humanidade. Então, sem ser alienado, arrisco sublinhar uma abertura a efeito de abordarmos o amor e quem sabe alforriá-lo de todo um enxame de interrupções equivocadas, preconceituosas e patológicas.
Para tanto, buscamos, nos ensinos do pensador Paul Tillich, uma contribuição alvissareira no que alude a uma visão simples do amor. Transcrevemos as suas colocações que demonstram quanto o tema causa interpretações temerárias e confusas:
‘’Contudo, a diversidade de significados que se atribuem aos conceitos de amor, poder e justiça não é o único fator que nos põe uma barreira quase intransponível; existe, ainda, o estado confuso em que se encontra a discussão acerca de cada um deles em particular e o estado ainda mais confuso de discussão sobre as suas relações mútuas.’’ (Paul TILLICH, Amor, Poder e Justiça, p. 17).
Cumpre salientar, depois de ponderarmos nas palavras ditas acima, conseguir traçar uma linha acuradora do amor ‘como a manifestação da dignidade do ser.
Ainda assim, as afirmações colocadas, pouco nos ofertam de esclarecedor. Por causa disso, ancoramo-nos nas inclinações de Paul Tillich em pautar o amor sobre uma dimensão analítica e descritiva. De tal modo, desvencilhá-lo de princípios metafísicos e abstratos.
Aliás, tais proposições nos levarão a compreendermos o amor vinculado e arraigado a própria vivência. Isto, sem nenhum margem de dúvida, representa uma convivência em relação ao mundo, com o próximo e consigo próprio. Sem hesitar, o amor, em direção oposta a idéias especulativas, se assenta na realidade concreta que nos impulsiona a participar e partilhar da vida.
Destarte, derrubamos as versões patológicas de um amor que mata, sufoca, manipula e desumaniza o próximo. Evidentemente, nesse enfoque do amor nas relações concretas, não podemos rejeitar a afetuosidade e a emoção. Afinal de contras, constitui um componente primordial para uma humanidade liberta, saudável e curada.
Por ora, delimitar-me-ei a ler o amor, por meio de determinadas manifestações, vertentes e desdobramentos num processo contínuo de interação mútua. Em cada um dessas manifestações, encontraremos um nascedouro de sentido, de destino e motivo de ser. Diria, a partir desses horizontes, encontrarmos os fundamentos do amor evocado por Cristo.
De imediato, adentramos na manifestação e no abortar de eros.
Aqui, em virtude de uma interpretação restrita ao hedonismo extremado, nos deparamos com o amor arraigado, estritamente, ao desejo direcionado a própria satisfação sexual, conforme difundido pela psicanálise de Freud.
Diametralmente oposto, embasado nas lições do amor a Deus, ao próximo e a ti mesmo, pontuo a importância de eros ou do desejo de se inter-relacionar, de se identificar na interdependência, de ir ao próximo, de uma dimensão transpessoal do amor.
Deve ser dito, enquanto eros irrompe com os empecilhos de uma separação com o próximo, em philia conseguimos identificar a relevância da convivência amorosa no processo de interdependência comunitária, de conceber o próximo em familiaridade, em irmandade, em responsabilidade, em compromisso...
Então, depois de esmiuçarmos eros e philia, culminamos em ágape. Verdadeiramente, no mais tímido soar de ágape, efetivamos uma definição, a princípio, de um amor metafísico, abstrato e transcendental.
Agora, deveríamos observar o amor ágape como a manifestação do amor em profundidade, em uma identidade de nos tornar próximos do outro, de Deus e da vida. Por fim, o amor preconizado por Cristo, indiscutivelmente, mantém uma relação de interação mútua, da cura do ser e de assumirmos o compromisso pela vida e essa afirmativa põe em xeque as resistências pela comunhão espiritual do servir, do ouvir e do tolerar.
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