Palavra do leitor
- 29 de agosto de 2008
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Eleições presidenciais americanas
Para quem ouviu e viu o pastor Rick Warren no Brasil e assistiu à sua entrevista com os candidatos à presidência da república dos EUA fica a forte impressão de que existe uma correlação muita estreita entre o que se passa no cenário político do país mais poderoso da atualidade e as igrejas evangélicas da maior potência da América Latina.
Ao contrário das eleições brasileiras que possui a apatia como o principal tempero, a campanha americana é recheada de paixão e idealismo (ainda). Ninguém precisa ser um "expert" em política para detectar que esse idealismo americano se arraiga em valores cristãos que impreguinam aquela sociedade, talvez, de forma mais intensa que a nossa.
Mais do que valores cristãos, como liberdade, justiça e democracia (uma variante sociopolítica grega do livre arbítrio bíblico israelita), há algumas décadas (principalmente após o fatídico ano de 1968) que o debate político tem se concentrado em divergências morais advindas do racha direita conservadora versus esquerda liberal.
Na sociedade brasileira esse racha é menos tenso. Primeiro porque nossa direita não tem seus valores morais fundamentados no puritanismo. Segundo porque nossa esquerda, com o grave problema socioeconômico que vivenciamos há séculos, tem mais demandas nessa área do que em questiúnculas da vida sexual dos cidadãos. Assim a direita católica em solo brasileiro, mais forte, porém mais liberal (em questões morais) que a protestante, se concentrou em afastar o fantasma de uma revolução comunista, e isso contribuiu para que a esquerda católica, menos radical (em questões morais) se fortalece nas questões sociais.
Mas quando nos concentramos somente no universo "evangélico" brasileiro temos então uma clara visão dos principais desafios que nos são apresentados no campo sócio político, os quais derivam diretamente do que representa os ícones Obama e McCain. Notemos que ambos são cristãos evangélicos, mas com atitudes completamente diferentes frente aos problemas da sociedade pós-moderna em que vivemos e fazemos parte.
Não é a toa que Obama em seu discurso na convenção democrata afirma veementemente que McCain se preocupa com os problemas sociais americanos. Ele se preocupa, diz Obama, mas não os conhece bem. Ele se preocupa, mas não tem soluções eficazes para eles.
O que Barack no fundo está dizendo pode ser visto no "debate" feito na igreja em Sadleback: o afro americano não tem questões fechadas, está aberto ao diálogo, sabe que as questões são complexas e não podem ser entendidas de forma dogmática. Fruto de um lar transcultural sabe que as diferenças de valores, crenças e culturas podem, através do diálogo, respeito e tolerância ser superadas através de pontos comuns que promovam a unidade. Obama sabe que está ali não para defender o interesse de um grupo contra o de outro.
O candidato republicano, por outro lado, fecha as questões com respostas precisas e determinadas, que arrancam aplausos fervorosos dos crentes: existe o mal e tem que ser combatido e ele e pernosnificado em Osama Bin Laden! Vamos capturá-lo! Aborto? Absurdo! Homosexualismo? Contra. (Tal fundamentalismo tem porém só contribuído para dividir e esquentar o ódio entre as pessoas).
Não que Obama tenha dito algo contrário no campo moral ou não tenha também empolgado os evangélicos daquela igreja californiana. Não. Mas ele soube conter-se bem no seu espaço político sem avançar no espaço ético religioso.
Infelizmente a direita, tanto americana como brasileira, não conseguiram ainda respeitar essa linha divisória. Alguém poderia argumentar que a esquerda também não. Mas minha impressão é que, enquanto a esquerda liberal "partidária" tenta avançar no campo religioso cometendo então um delito, a direita conservadora "religiosa" avança no campo partidário agravando tal delito.
A grande diferença para os teólogos da libertação na América Latina é que eles não estão discutindo "moral" sexual ou religião, mas ideologia política. O que é legítimo. Por quê? Pois estão discutindo um problema que os afeta diretamente, justiça social. Enquanto a direita se apega ao trinômio homossexualismo-aborto-evolucionismo eles jogam um tema puramente ético religioso no cenário político. Mas esse tema não os afeta diretamente, pois eles já têm suas próprias convicções! Ou será que algum evangélico heterossexual teria medo que se o casamento gay for liberado, ele próprio um dia saia do armário? Ou que seu filho que aprendeu em casa e na EBD que Deus criou o universo um dia rompa com isso e adote o que foi ensinado na escola? Ou será que seu medo é que sua mulher que adulterou faça a opção pelo aborto?
Nesse ponto eu louvo o pastor Warren: melhor discutir tais questões dentro dos muros eclesiásticos, com espaço para ambos os lados, do que deixar o rebanho alienado. Essa é a ênfase correta.
Coloquemos nossos irmãos na America diante de Deus em oração, nesse momento especial, para que possamos viver em um mundo de paz.
Ao contrário das eleições brasileiras que possui a apatia como o principal tempero, a campanha americana é recheada de paixão e idealismo (ainda). Ninguém precisa ser um "expert" em política para detectar que esse idealismo americano se arraiga em valores cristãos que impreguinam aquela sociedade, talvez, de forma mais intensa que a nossa.
Mais do que valores cristãos, como liberdade, justiça e democracia (uma variante sociopolítica grega do livre arbítrio bíblico israelita), há algumas décadas (principalmente após o fatídico ano de 1968) que o debate político tem se concentrado em divergências morais advindas do racha direita conservadora versus esquerda liberal.
Na sociedade brasileira esse racha é menos tenso. Primeiro porque nossa direita não tem seus valores morais fundamentados no puritanismo. Segundo porque nossa esquerda, com o grave problema socioeconômico que vivenciamos há séculos, tem mais demandas nessa área do que em questiúnculas da vida sexual dos cidadãos. Assim a direita católica em solo brasileiro, mais forte, porém mais liberal (em questões morais) que a protestante, se concentrou em afastar o fantasma de uma revolução comunista, e isso contribuiu para que a esquerda católica, menos radical (em questões morais) se fortalece nas questões sociais.
Mas quando nos concentramos somente no universo "evangélico" brasileiro temos então uma clara visão dos principais desafios que nos são apresentados no campo sócio político, os quais derivam diretamente do que representa os ícones Obama e McCain. Notemos que ambos são cristãos evangélicos, mas com atitudes completamente diferentes frente aos problemas da sociedade pós-moderna em que vivemos e fazemos parte.
Não é a toa que Obama em seu discurso na convenção democrata afirma veementemente que McCain se preocupa com os problemas sociais americanos. Ele se preocupa, diz Obama, mas não os conhece bem. Ele se preocupa, mas não tem soluções eficazes para eles.
O que Barack no fundo está dizendo pode ser visto no "debate" feito na igreja em Sadleback: o afro americano não tem questões fechadas, está aberto ao diálogo, sabe que as questões são complexas e não podem ser entendidas de forma dogmática. Fruto de um lar transcultural sabe que as diferenças de valores, crenças e culturas podem, através do diálogo, respeito e tolerância ser superadas através de pontos comuns que promovam a unidade. Obama sabe que está ali não para defender o interesse de um grupo contra o de outro.
O candidato republicano, por outro lado, fecha as questões com respostas precisas e determinadas, que arrancam aplausos fervorosos dos crentes: existe o mal e tem que ser combatido e ele e pernosnificado em Osama Bin Laden! Vamos capturá-lo! Aborto? Absurdo! Homosexualismo? Contra. (Tal fundamentalismo tem porém só contribuído para dividir e esquentar o ódio entre as pessoas).
Não que Obama tenha dito algo contrário no campo moral ou não tenha também empolgado os evangélicos daquela igreja californiana. Não. Mas ele soube conter-se bem no seu espaço político sem avançar no espaço ético religioso.
Infelizmente a direita, tanto americana como brasileira, não conseguiram ainda respeitar essa linha divisória. Alguém poderia argumentar que a esquerda também não. Mas minha impressão é que, enquanto a esquerda liberal "partidária" tenta avançar no campo religioso cometendo então um delito, a direita conservadora "religiosa" avança no campo partidário agravando tal delito.
A grande diferença para os teólogos da libertação na América Latina é que eles não estão discutindo "moral" sexual ou religião, mas ideologia política. O que é legítimo. Por quê? Pois estão discutindo um problema que os afeta diretamente, justiça social. Enquanto a direita se apega ao trinômio homossexualismo-aborto-evolucionismo eles jogam um tema puramente ético religioso no cenário político. Mas esse tema não os afeta diretamente, pois eles já têm suas próprias convicções! Ou será que algum evangélico heterossexual teria medo que se o casamento gay for liberado, ele próprio um dia saia do armário? Ou que seu filho que aprendeu em casa e na EBD que Deus criou o universo um dia rompa com isso e adote o que foi ensinado na escola? Ou será que seu medo é que sua mulher que adulterou faça a opção pelo aborto?
Nesse ponto eu louvo o pastor Warren: melhor discutir tais questões dentro dos muros eclesiásticos, com espaço para ambos os lados, do que deixar o rebanho alienado. Essa é a ênfase correta.
Coloquemos nossos irmãos na America diante de Deus em oração, nesse momento especial, para que possamos viver em um mundo de paz.
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