Palavra do leitor
- 13 de setembro de 2011
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É a religião um ópio das massas?
Esta é uma acusação recorrente sobre qualquer religião institucionalizada, atribuída aos fundadores do movimento comunista. No ocidente, a pecha de religião caiu sobre o cristianismo, sistema hegemônico nesta parte do globo.
Recentemente meu primogênito passou a defender esta ideia.
Será verdade?
Afinal, o que é religião?
Segundo Rubem Alves, em um livreto publicado pela Editora Brasiliense, "O que é religião" (disponível na internete), é necessidade humana que a vida faça sentido. Para seres que são capazes de se questionar, imaginar e sonhar mundos alternativos, de se olhar no espelho e enxergar seu desejo inscrito na sua face, dar um sentido à própria existência é necessidade psicológica de primeira grandeza. Seja qual for o sentido, algum terá de ser escolhido no processo de se tornar ser humano. É uma atividade acientífica, ainda que possa ser estudado cientificamente. Sendo significado, religião pode ser teísta ou ateísta, por ser ela, primariamente, busca por um significado. Aceitar-se enquanto religioso não implica em aceitar a existência de deus(es).
Como pode uma necessidade humana básica constituir-se em ópio?
Antes de mais nada, ópio é uma substância com ação no sistema nervoso central capaz de levar a um estado de euforia e sono repleto de sonhos, capaz de tornar seu usuário crônico dela dependente. Esta dependência mina a capacidade do indivíduo de ser cidadão participativo e solidário nas responsabilidades comunitárias, exilando-o do convívio com seus pares.
Ópio, portanto, é, antes de tudo, algo que inutiliza seu usuário para a vida comunitária e para consigo mesmo.
É isto que a religião faz? Para não cair no risco da dúvida da existência histórica, a religião tornou Gandhi, Martins Luter King, Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier, dentre tantos exemplos, indivíduos inúteis socialmente? Foram cientistas de segunda categoria Newton e Kepler? Filósofos de botequim Pascal, Descartes, Thomas de Aquino?
Parece que a intenção original de Karl Marx era dizer que "A religião é o suspiro do oprimido, o coração de um mundo insensível, a alma de situações desalmadas. É o ópio do povo."
Entendo que o filósofo dizia que a religião, enquanto ideologia, é uma forma de opressão política, a partir do momento em que ela está domesticada, ou a serviço do Estado, anulando sua capacidade de dar sentido à vida e deixando apenas o simulacro de sonhar com aquilo que não será, encerrando a pessoa em uma inatividade, incapaz de interferir nos rumos de sua vida ou da sociedade onde vive.
Não é isto que a ideologia nacional-socialista fez a Alemanha nos anos 30 a 40? Não foi um estado semelhante construído por Stalin, que providenciou o culto a sua personalidade como os imperadores de Roma?
A religião domesticada, a ideologia de plantão, são úteis para qualquer Estado com ambições totalitárias. Mas a religião livre, como bem demonstraram Gandhi, e Luter King, é inimiga de todo sistema opressor, seja estatal, seja familiar ou social.
Recentemente meu primogênito passou a defender esta ideia.
Será verdade?
Afinal, o que é religião?
Segundo Rubem Alves, em um livreto publicado pela Editora Brasiliense, "O que é religião" (disponível na internete), é necessidade humana que a vida faça sentido. Para seres que são capazes de se questionar, imaginar e sonhar mundos alternativos, de se olhar no espelho e enxergar seu desejo inscrito na sua face, dar um sentido à própria existência é necessidade psicológica de primeira grandeza. Seja qual for o sentido, algum terá de ser escolhido no processo de se tornar ser humano. É uma atividade acientífica, ainda que possa ser estudado cientificamente. Sendo significado, religião pode ser teísta ou ateísta, por ser ela, primariamente, busca por um significado. Aceitar-se enquanto religioso não implica em aceitar a existência de deus(es).
Como pode uma necessidade humana básica constituir-se em ópio?
Antes de mais nada, ópio é uma substância com ação no sistema nervoso central capaz de levar a um estado de euforia e sono repleto de sonhos, capaz de tornar seu usuário crônico dela dependente. Esta dependência mina a capacidade do indivíduo de ser cidadão participativo e solidário nas responsabilidades comunitárias, exilando-o do convívio com seus pares.
Ópio, portanto, é, antes de tudo, algo que inutiliza seu usuário para a vida comunitária e para consigo mesmo.
É isto que a religião faz? Para não cair no risco da dúvida da existência histórica, a religião tornou Gandhi, Martins Luter King, Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier, dentre tantos exemplos, indivíduos inúteis socialmente? Foram cientistas de segunda categoria Newton e Kepler? Filósofos de botequim Pascal, Descartes, Thomas de Aquino?
Parece que a intenção original de Karl Marx era dizer que "A religião é o suspiro do oprimido, o coração de um mundo insensível, a alma de situações desalmadas. É o ópio do povo."
Entendo que o filósofo dizia que a religião, enquanto ideologia, é uma forma de opressão política, a partir do momento em que ela está domesticada, ou a serviço do Estado, anulando sua capacidade de dar sentido à vida e deixando apenas o simulacro de sonhar com aquilo que não será, encerrando a pessoa em uma inatividade, incapaz de interferir nos rumos de sua vida ou da sociedade onde vive.
Não é isto que a ideologia nacional-socialista fez a Alemanha nos anos 30 a 40? Não foi um estado semelhante construído por Stalin, que providenciou o culto a sua personalidade como os imperadores de Roma?
A religião domesticada, a ideologia de plantão, são úteis para qualquer Estado com ambições totalitárias. Mas a religião livre, como bem demonstraram Gandhi, e Luter King, é inimiga de todo sistema opressor, seja estatal, seja familiar ou social.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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