Palavra do leitor
- 31 de janeiro de 2011
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Dor em tempos de hipocrisia
Eu sirvo a Deus e faço isso servindo a pessoas que, pela própria vida que tiveram antes de serem acolhidos, tornam os nossos dias um campo minado.
Retirar homens das ruas implica em acolher suas mudanças bruscas de humor, suas paranóias, um sem fim de reprováveis hábitos, mentiras e fantasias. Nos primeiros dias andamos por tato (nós e eles).
Mesmo com todos os anos de experiência na recuperação de viciados em drogas, alcoólatras e mendigos, a decisão de dividir nossas vidas com pessoas que sofreram demais e que fizeram outras sofrerem tem sido, via de regra, uma experiência nova, desafiadora e de expectativas interessantes.
Homens assim costumam estabelecer relacionamentos superficiais e convenientes, regra áurea de sobrevivência no mundo das calçadas e marquises. (já reparou? Tem cada vez menos marquises na cidade).
Amá-los e trazê-los a um nível de relacionamento responsável, promover mudanças no diálogo saindo da cômoda condição de observador pra situação de confronto; a autoridade missionária confere-me autonomia para confrontar o comportamento nocivo na mesma proporção que me concede a oportunidade de ser amistoso; não rude no trato.
Obedecer e gastar-me nessa aparentemente infrutífera tarefa de comunicar o amor e vida nova contidas no Evangelho de Jesus Cristo a pessoas que se adequaram ao fracasso cotidiano; a coragem de continuar mesmo vendo outros desistirem se mistura a esperança renovada em cada restauração.
Cito a coragem como virtude na forma de confiar nos variados aspectos que envolvem um programa de recuperação do porte da Missão Vida, no qual tudo é planejado e praticado com vistas ao choque.
Encontrar o quarto limpo, roupas de cama e banho decentes, alimentação variada e farta além de uma estrutura missionária com obreiros preparados especificamente para cuidar-lhes; ser tratado dignamente após tanto tempo sendo confundido com o lixo, crendo até ser parte do monturo; ser cuidado de modo franco e prático como nunca antes, nem mesmo pela família. Um choque contundente e positivo.
Não obstante, a despeito do que podemos oferecer a uma pessoa, se não caminharmos ali, logo ao lado, identificando os desvios de caráter e tratando-os bíblica e efetivamente, auxiliando na mudança de comportamento e relacionamento, caímos na armadilha de “alimentar e vestir” sem visitar as reais e interiores necessidades, com as quais a maioria se recusa a lidar.
O adesivo da Missão Vida traz uma afirmação esclarecedora quanto à opção de servir: “Porque eu amo gente!”. Amar gente é se importar, se importar é se dispor a caminhar até as últimas consequências visando a promoção humana, o que muitas vezes leva ao confronto, e nos devolve ao assunto.
A maioria dos internos que cuidamos não tem alguém que se importe o suficiente pra dizer-lhes a verdade acerca do seu comportamento, por isso eles viveram até aqui de forma nociva; por medo ou falta de interesse não houve pessoas para quebrar o silêncio e dizer o necessário.
Como crentes em Jesus é nossa responsabilidade abordar assuntos espinhosos e desconfortáveis; quando ampliamos o assunto chegamos aos relacionamentos na igreja, escola, trabalho e família; confrontar alguém da liderança local, um dileto membro do conselho ou algum colega de trabalho a quem apreciamos nunca é confortável, nem fácil.
Na carta aos gálatas lemos: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão.” Gl 6: 1 – NVI – Todas as vezes que deixamos de cumprir este ensinamento, varremos o lixo pra debaixo do tapete, colocamos uma pedra sobre o assunto e perdemos a chance da cura e do crescimento.
Andaremos unidos e bem quando andarmos livres de assuntos mal resolvidos, quando esclarecermos as pendências e eliminarmos os equívocos; assertividade é ser absolutamente honesto, sendo gentilmente claro quanto ao que se pensa do que o outro faz e fala ou deixa de fazer e falar.
Estamos todos cansados de ficar em silêncio em nome da paz, ainda mais uma paz não real; ausentamo-nos quando deixamos pra lá, deixamos de lado, deixamos como está pra ver como é que fica. Nossos relacionamentos e os ministérios se deterioram por covardia e alguns fingem não enxergar o caos logo à frente.
Não importa se no Centro de Recuperação de Mendigos da Missão Vida ou na Igreja, onde Deus te estabeleceu, importe-se, “abandone a velha natureza e fale a verdade ao seu próximo, pois somos membros de um mesmo corpo.” Faça isso, com mansidão e prudência, descubra que ser transparente é ser parecido com o Senhor. Mansamente firme e firmemente suave. O Deus da paz será com você, certamente.
Missão Vida. Porque eu amo gente!
Retirar homens das ruas implica em acolher suas mudanças bruscas de humor, suas paranóias, um sem fim de reprováveis hábitos, mentiras e fantasias. Nos primeiros dias andamos por tato (nós e eles).
Mesmo com todos os anos de experiência na recuperação de viciados em drogas, alcoólatras e mendigos, a decisão de dividir nossas vidas com pessoas que sofreram demais e que fizeram outras sofrerem tem sido, via de regra, uma experiência nova, desafiadora e de expectativas interessantes.
Homens assim costumam estabelecer relacionamentos superficiais e convenientes, regra áurea de sobrevivência no mundo das calçadas e marquises. (já reparou? Tem cada vez menos marquises na cidade).
Amá-los e trazê-los a um nível de relacionamento responsável, promover mudanças no diálogo saindo da cômoda condição de observador pra situação de confronto; a autoridade missionária confere-me autonomia para confrontar o comportamento nocivo na mesma proporção que me concede a oportunidade de ser amistoso; não rude no trato.
Obedecer e gastar-me nessa aparentemente infrutífera tarefa de comunicar o amor e vida nova contidas no Evangelho de Jesus Cristo a pessoas que se adequaram ao fracasso cotidiano; a coragem de continuar mesmo vendo outros desistirem se mistura a esperança renovada em cada restauração.
Cito a coragem como virtude na forma de confiar nos variados aspectos que envolvem um programa de recuperação do porte da Missão Vida, no qual tudo é planejado e praticado com vistas ao choque.
Encontrar o quarto limpo, roupas de cama e banho decentes, alimentação variada e farta além de uma estrutura missionária com obreiros preparados especificamente para cuidar-lhes; ser tratado dignamente após tanto tempo sendo confundido com o lixo, crendo até ser parte do monturo; ser cuidado de modo franco e prático como nunca antes, nem mesmo pela família. Um choque contundente e positivo.
Não obstante, a despeito do que podemos oferecer a uma pessoa, se não caminharmos ali, logo ao lado, identificando os desvios de caráter e tratando-os bíblica e efetivamente, auxiliando na mudança de comportamento e relacionamento, caímos na armadilha de “alimentar e vestir” sem visitar as reais e interiores necessidades, com as quais a maioria se recusa a lidar.
O adesivo da Missão Vida traz uma afirmação esclarecedora quanto à opção de servir: “Porque eu amo gente!”. Amar gente é se importar, se importar é se dispor a caminhar até as últimas consequências visando a promoção humana, o que muitas vezes leva ao confronto, e nos devolve ao assunto.
A maioria dos internos que cuidamos não tem alguém que se importe o suficiente pra dizer-lhes a verdade acerca do seu comportamento, por isso eles viveram até aqui de forma nociva; por medo ou falta de interesse não houve pessoas para quebrar o silêncio e dizer o necessário.
Como crentes em Jesus é nossa responsabilidade abordar assuntos espinhosos e desconfortáveis; quando ampliamos o assunto chegamos aos relacionamentos na igreja, escola, trabalho e família; confrontar alguém da liderança local, um dileto membro do conselho ou algum colega de trabalho a quem apreciamos nunca é confortável, nem fácil.
Na carta aos gálatas lemos: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão.” Gl 6: 1 – NVI – Todas as vezes que deixamos de cumprir este ensinamento, varremos o lixo pra debaixo do tapete, colocamos uma pedra sobre o assunto e perdemos a chance da cura e do crescimento.
Andaremos unidos e bem quando andarmos livres de assuntos mal resolvidos, quando esclarecermos as pendências e eliminarmos os equívocos; assertividade é ser absolutamente honesto, sendo gentilmente claro quanto ao que se pensa do que o outro faz e fala ou deixa de fazer e falar.
Estamos todos cansados de ficar em silêncio em nome da paz, ainda mais uma paz não real; ausentamo-nos quando deixamos pra lá, deixamos de lado, deixamos como está pra ver como é que fica. Nossos relacionamentos e os ministérios se deterioram por covardia e alguns fingem não enxergar o caos logo à frente.
Não importa se no Centro de Recuperação de Mendigos da Missão Vida ou na Igreja, onde Deus te estabeleceu, importe-se, “abandone a velha natureza e fale a verdade ao seu próximo, pois somos membros de um mesmo corpo.” Faça isso, com mansidão e prudência, descubra que ser transparente é ser parecido com o Senhor. Mansamente firme e firmemente suave. O Deus da paz será com você, certamente.
Missão Vida. Porque eu amo gente!
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