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Palavra do leitor

Dom Robinson Cavalcanti e a Síndrome de Caim

Dom Robinson Cavalcanti e a Síndrome de Caim

A frase dita ecoa até os nossos apoteóticos dias, a saber:

- ''Sou eu, porventura, responsável pelo meu irmão?''...


A notícia da morte trágica e lastimável de Dom Robinson Cavalcanti e sua esposa traz a tona a trajetória do ser humano por, expressamente, tratar o próximo como algo a ser descartado. Muito embora possa ocorrer e ocorrerão miríades de justificativas e argumentações, teses e elucubrações do por qual motivo da ocorrência dessa catastrófica situação, lá no fundo, percebermos haver, em cada um de nós, uma fagulha de devastação. É bem verdade, uma concomitância de episódios, como o fatídico mencionando, são correntes em todos os nichos de uma realidade social fragmentada e dispersa do próximo. São pais que solapam a existência dos filhos e vice - versa; como também, são pais que submetem suas filhas a uma espécie de apropriação espúria do corpo para, tão somente, atender seus desejos deformados; são mães despreparadas que abandonam seus filhos em latas de lixo; são filhos que abandonam seus genitores idosos e os mandam para asilos ou autênticos estados de ostracismo social e humano.

Vale dizer, o por que ou o para que pairará nas elucubrações de muitos, inclusive da minha que recebi relevante permeabilidade pelos textos do estimado irmão. Agora, ao atentar, com maior minúcia ao acontecido, me reporto a postura de Caim e, decerto, reflete a tendência da natureza para a erradicação do próximo, quando suas volições ou meros caprichos não são atendidos. Seja em maior ou menor grau, somos sujeitos e tentados a irromper com as fronteiras do próximo.

Pouco importa se atingirá inocentes, despreparados, convalidados e por a i vai. Dou mais uma pincelada e observo essa proposital negligência com relação ao semelhante, diante das inumeráveis situações de violações acarretadas dentro da familia de Davi (o estupro de Amnon em face de Tamar, a sublevação de Absalão, apenas para citar). Vamos adiante, vira e mexe, as guerras religiosas sempre se valeram do estandarte divino para, na sua gênese, corroborar a expressão - ''sou eu, porventura, responsável pelo meu irmão''. Afinal de contas, assim o nazi - facismo exterminou judeus, ciganos, homossexuais, opositores, intelectuais e na mais pura verdade vítima da sandice humana pelo poder, pelo domínio e pelo prevalecer de seu eu. A guerra do vietnã, as revoluções militares, as revoluções de cunho teocrático (caso a do Irã, em 1979), a guerra do Líbano, as mais recentes invasões do Iraque e do Afeganistão, a guerra fria, as milícias nas periferias, as colisões do tráfico por pontos de venda e assim percebemos um desdobrar de mazelas nas faces da humanidade. Sem titubear, as rupturas desencadeadas na economia mundial e por onde colocam contingentes de pessoas no desemprego, na informalidade, no subemprego e na construção de um mundo de incluídos e excluídos também não se encaixam na frase de Caim?

Não paro por aqui, a irradiação de uma sociedade engessada pelo individualismo, pelo relativismo, pelo utilitarismo e pelo niilismo não ressoam nas suas veias a mesma tonalidade? Nessa linha de raciocínio, uma espiritualidade voltada a atender as demandas de uma geração alienada e obcecada por ser vista, notada, reconhecida e percebida pelo mercado de aparências não representa a razão de um evangelho amorfo, maniqueísta, sem ética, sem faces, sem companheirismo, sem interpessoalidade, sem salvação? Eis aqui, quiçá, o contexto de um evangelho plasmado por cristãos desvencilhados do evangelismo, do discipulado, do serviço e da vida comunitária. Deveras, faço alusão a um evangelho andarilho, volátil, pra lá e cá, sem fincar raízes e dimensão, sem marcar e impactar a cultura ao seu alderedor, sem participar e partilhar a palavra restauradora e aportadora de uma esperança genuina.

Sou eu, porventura, responsável pelo meu irmão? Observo o quanto consideramos com reticência a palavra ''responsável ou assumir o compromisso para trabalhar pelo bem - estar do próximo. Se este vai aceitar ou rejeitar não nos cabe determinar, mas devemos espraia - lo, por meio de uma espiritualidade solidária, fraterna, séria, envolvente pelo perdão e pelo amor advindo de Cristo e que atinge gente comum, erudita, proviciana, vanguardista, crédula, mística e, enfim, gente como eu e você.

Então, como podemos aceitar discursos sobre vertentes de cruzadas evangelísticas, de fenônemos de um pós - moderno avivamento se não conseguimos exercer o papel de compromisso e de participação efetiva em favor do resgate dos deserdados de sentido na sua existência. Faz - se notar, o pesar da morte de Dom Robinson constitui mais uma parcela de um contexto social e cultural, cada vez mais, condicionado a fazer do próximo - ''outro'' e, por isso, pouca acrescenta se para alcançar certos objetivos deve ser tirado de cena. Então, por mais que muitos relutem, em meio a tantas contradições, o carregar a Cruz ou a responsabilidade pelo próximo representa a dádiva cristã.
São Paulo - SP
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