Palavra do leitor
- 12 de julho de 2010
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Do fanatismo nosso de cada dia
Há algumas semanas li um texto em meu Pequeno Grupo; pareceu-me tão edificante, que quis compartilhá-lo.
Por coincidência, o estudo da noite era Apocalipse 3, 15-16: não se deve ser morno. Devemos buscar igualar nosso viver ao de Jesus, ou seja, devemos ser, em plenitude, compassivos, éticos, responsáveis, humanitários.
Porém, já durante a leitura percebi ser olhada como se eu estivesse proferindo blasfêmias das mais horrendas.
Ao final da mesma, algumas das presentes elogiaram a verdade ali contida, mas houve quem ainda mais se horrorizasse com tal atitude, qual se, num repente, estivéssemos defendendo um bacanal ou algo semelhante. A oração com a qual a reunião foi encerrada, foi um verdadeiro exorcismo, uma súplica a Deus para que tivesse piedade dos infiéis e lhes falasse ao coração.
Sei que vivo numa cidade muito peculiar. Aqui, ser evangélico é modismo. E os membros dessa estranha seita (sim, porque ser cristão é bem diferente do que tenho visto) formam uma máfia, onde todos se acobertam e são adeptos fiéis da lei de Gérson. Se compete a um evangélico uma seleção de pessoal, os de sua igreja serão os preferidos, não importa se seus currículos não estejam de acordo com a necessidade; e por aí vai.
Semana passada, uma senhora precisava de doadores de sangue para a cirurgia de sua mãe. Pedi a um “irmão” e por resposta, a pergunta: Mas ela é evangélica? Ou seja, se não for, dane-se!
Deixo bem claro, que há exceções. Mas são poucas. Tanto da parte dos pastores, como das ovelhas.
O que aqui impera, é o fanatismo, a hipocrisia, a absoluta falta de cultura, de discernimento, de espírito cristão. Em cada esquina, um templo. Há uma compulsão por erigir igrejas, que causa espanto – já o edificar homens...
Como há a compulsão por determinar que nós somos salvos e os demais, sem exceção, condenados ao fogo do inferno.
Um bom missionário, um cristão autêntico, tem aqui um campo fértil!
Mas vamos ao texto, que é um breve relato entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o Dalai Lama, narrado pelo próprio teólogo:
"No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:
'Santidade, qual é a melhor religião?'
Esperava que ele dissesse: 'É o budismo tibetano' ou 'São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo'.
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos – o que me desconcertou um pouco, porque eu sabia da malícia contida na pergunta – e afirmou: 'A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor.'
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
'O que me faz melhor?'
Respondeu ele: 'Aquilo que te faz mais compassivo, aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... Mais ético. A religião que conseguir fazer isso de ti, é a melhor religião.'
Calei maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável.
Não me interessa, amigo, a tua religião ou mesmo se tem ou não tem religião. O que realmente importa é a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo."
O Deus no qual eu creio, é amor e misericórdia. E isso me faz crer que, salvo, é todo aquele que vivencia esses princípios. Creio em Jesus com toda a extensão do meu sentimento, da minha verdade. E por conhecê-Lo, vejo seu sacrifício estendido a cada ser dito humano. Até porque, Ele jamais criou qualquer denominação religiosa e nos deixou um único mandamento: A Deus, sobre todas as coisas – e ao próximo, como a mim mesma.
Estou desistindo de ser crente, evangélica, católica, muçulmana, espírita, judia, ou o que mais for.
Que Deus me ajude a ser, tão somente, CRISTÃ! Então, salvarei ovelhas no sábado, sentar-me-ei à mesa com os que não fazem ablução, conversarei com as prostitutas. Talvez, assim, eu também possa ser uma luz no mundo.
Paz em Deus!
Por coincidência, o estudo da noite era Apocalipse 3, 15-16: não se deve ser morno. Devemos buscar igualar nosso viver ao de Jesus, ou seja, devemos ser, em plenitude, compassivos, éticos, responsáveis, humanitários.
Porém, já durante a leitura percebi ser olhada como se eu estivesse proferindo blasfêmias das mais horrendas.
Ao final da mesma, algumas das presentes elogiaram a verdade ali contida, mas houve quem ainda mais se horrorizasse com tal atitude, qual se, num repente, estivéssemos defendendo um bacanal ou algo semelhante. A oração com a qual a reunião foi encerrada, foi um verdadeiro exorcismo, uma súplica a Deus para que tivesse piedade dos infiéis e lhes falasse ao coração.
Sei que vivo numa cidade muito peculiar. Aqui, ser evangélico é modismo. E os membros dessa estranha seita (sim, porque ser cristão é bem diferente do que tenho visto) formam uma máfia, onde todos se acobertam e são adeptos fiéis da lei de Gérson. Se compete a um evangélico uma seleção de pessoal, os de sua igreja serão os preferidos, não importa se seus currículos não estejam de acordo com a necessidade; e por aí vai.
Semana passada, uma senhora precisava de doadores de sangue para a cirurgia de sua mãe. Pedi a um “irmão” e por resposta, a pergunta: Mas ela é evangélica? Ou seja, se não for, dane-se!
Deixo bem claro, que há exceções. Mas são poucas. Tanto da parte dos pastores, como das ovelhas.
O que aqui impera, é o fanatismo, a hipocrisia, a absoluta falta de cultura, de discernimento, de espírito cristão. Em cada esquina, um templo. Há uma compulsão por erigir igrejas, que causa espanto – já o edificar homens...
Como há a compulsão por determinar que nós somos salvos e os demais, sem exceção, condenados ao fogo do inferno.
Um bom missionário, um cristão autêntico, tem aqui um campo fértil!
Mas vamos ao texto, que é um breve relato entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o Dalai Lama, narrado pelo próprio teólogo:
"No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:
'Santidade, qual é a melhor religião?'
Esperava que ele dissesse: 'É o budismo tibetano' ou 'São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo'.
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos – o que me desconcertou um pouco, porque eu sabia da malícia contida na pergunta – e afirmou: 'A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor.'
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
'O que me faz melhor?'
Respondeu ele: 'Aquilo que te faz mais compassivo, aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... Mais ético. A religião que conseguir fazer isso de ti, é a melhor religião.'
Calei maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável.
Não me interessa, amigo, a tua religião ou mesmo se tem ou não tem religião. O que realmente importa é a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo."
O Deus no qual eu creio, é amor e misericórdia. E isso me faz crer que, salvo, é todo aquele que vivencia esses princípios. Creio em Jesus com toda a extensão do meu sentimento, da minha verdade. E por conhecê-Lo, vejo seu sacrifício estendido a cada ser dito humano. Até porque, Ele jamais criou qualquer denominação religiosa e nos deixou um único mandamento: A Deus, sobre todas as coisas – e ao próximo, como a mim mesma.
Estou desistindo de ser crente, evangélica, católica, muçulmana, espírita, judia, ou o que mais for.
Que Deus me ajude a ser, tão somente, CRISTÃ! Então, salvarei ovelhas no sábado, sentar-me-ei à mesa com os que não fazem ablução, conversarei com as prostitutas. Talvez, assim, eu também possa ser uma luz no mundo.
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