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Palavra do leitor

Divergências políticas e perdas de amizade

Amizade sem divergência não é amizade, mas um contrato de vassalagem. Entre dois amigos verdadeiros não pode existir relação de saudável apreço sem valorização da alteridade. Se a alteridade é o caminho para a identidade (e vice-versa), precisamos do outro até para ajudar a definir (pela diferença) quem somos, pois é fácil ter afeição apenas por pessoas da nossa "bolha" (mesmas opiniões), mesmo podendo ser essa uma das piores formas de narcisismo.

Para Fabrício Carpinejar a amizade é a liberdade de falar e de falhar. "Não tem ninguém ao lado controlando os seus erros e controlando suas palavras", diz ele. Afirma ainda que "a amizade é um amor livre de chantagens, de extremismos, de condicionais".

Contudo, frequentemente temos visto laços familiares e de amizades sendo desfeitas em razão de intolerâncias políticas e divergências ideológicas. À semelhança de criancinhas chiliquentas, muitos adultos só faltam juntar os dois dedos indicadores e bater o pezinho (à espera do amiguinho com um dos dedos de cima para baixo no ritual infantil de quebra de amizade) exigindo: "corte aqui e não fale mais comigo! Tô de mal, coma sal..."

É exatamente assim que agem os adultos que publicam frases com dizeres "Se você vota em tal candidato, faça-me a gentileza de me excluir dos seus contatos". Mas estes recados diretos ou indiretos, levanta algumas possibilidades de interpretação e sinais:

1) Quem posta tais alfinetadas e indiretas para outro prova incapacidade de fazer jus ao título de amigo 2) Quem posta tais frases confirma birra, infantilidade e tirania típica daqueles "ditadores mirins" que desde cedo aprendem chantagear e manipular até mesmo seus pais 3) Quem posta frases desse tipo acredita que possui o "monopólio da virtude e verdade", além de se considerar tão superior ao ponto de encarar como inadmissível o outro não enxergar a "realidade" pelas lentes desfocadas do seu ponto de vista absolutista 4) Quem posta uma frase assim certamente estaria concedendo ao outro uma chance dourada de livramentos - sair da "amizade" isento de danos iminentes irreversíveis? 5) Quem posta uma frase assim pode não ser apenas um doente pedindo socorro, mas alguém carente dessas amizades preciosas que ele ameaça jogar fora, pois, quem sabe somente tal paciência, tolerância e lealdade seriam instrumentos usados por Deus para tratar fanatismos e extremismos extremamente autodestrutivos? Será?

De fato, toda pessoa que condiciona uma relação fraterna ou a permanência de estima mútua desta a um único modo da outra "pensar" etc., evidencia em sua própria postura a maior soberba e intolerância que se pode comprovar nas convivências entre pessoas com distintas visões de mundo.

Parafraseando o neurocirurgião Ben Carson em seu brilhante discurso (na presença de Barack Obama – à época) contra a "ditadura do politicamente correto": amordaçar os outros é uma maneira de afastar as pessoas e "matar debates importantes", pois ao adjetivar o interlocutor com pechas e termos (às vezes argumento do grito) socialmente concebidos como monstruosos é a retórica daqueles que insistem em se comportar como uma criança da terceira série – que não imaginam ser possível coexistir discordâncias de ideias sem desrespeitar pessoas.

Ao contrário da "ditadura do politicamente correto" chanceladas na hipocrisia social, notáveis amizades entre personalidades históricas e emblemáticas ficaram marcadas pelas fortes divergências: Chesterton e Bernard Shaw, Platão e Aristóteles, C.S. Lewis e Tolkien e tantos outros.

Uma citação atribuída ao iluminista Voltaire, reza: "Posso não concordar com nenhuma de suas palavras, mas defenderei até o fim o seu direito de dizê-las". Desde que se arque legalmente com o ônus penal, concordo. Mas a fragilidade das modernas relações espelham um tipo de democracia caricaturada: reiteradas tentativas de se eliminar ou limitar a liberdade de expressão ou efetivo exercício do pluralismo político.

Disse-me um amigo: casos de inimizades como os irmãos Gagliasso (supostamente político-ideológico) evidencia que o Brasil não se harmonizará tão cedo com o atual espírito de polarização política plantado só recentemente, segundo ele.

A idolatria política é a mãe da hostilidade partidarista. Como nas revoluções sangrentas e regimes totalitários, mesmo membros familiares entregavam uns aos outros para serem eliminados (noutro contexto lembramos Mt 24:10), pois eram vistos como "bodes expiatórios", empecilhos da "causa justa", amparado por ideais que culminaram não em paraíso prometido, mas verdadeiro inferno na terra, reino de escravidão e terror.

Enfim, independentemente do resultado das eleições presidenciais, oro para que as tensões diminuam, amigos e familiares outrora desafetos se reconciliem de coração. Irmãos, ao menos através de outro "pão e circo" (Copa do Mundo), mesmo que eu esteja iludido, estejamos todos vestidos de verde e amarelo, abraçados como amigos, gritando bem mais que por um simples momento: Viva o Brasil!
Alagoinhas - BA
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