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Palavra do leitor

Discípulo de Jesus e membro de igreja evangélica: ao mesmo tempo, (quase) impossível

A cada dia, a igreja evangélica se esforça em me mostrar sua total diferença em relação à vida que Jesus propôs. Resolvi, então, registrar aqui o porquê da quase que total incompatibilidade entre ser um discípulo de Jesu (cristão) e um membro de igreja (aqui fico com uma parcela denominada evangélica).

Por falar em denominação, o que o cristianismo tem de mais diabólico é a sua capacidade de autodivisão. Essa conversa de "Somos uma Igreja só, apenas temos jeitos de ser diferentes" é, no mínimo, ridícula. Cada um, em sua facção, acredita pertencer à melhor delas. Se minto, então peço a todos os pastores que retirem de seus prédios as placas que indicam a respectiva denominação e digam: "Somos uma Igreja só". E, é claro, que parem com a corrida (quase que armamentista) de quem "converte" mais pessoas fazendo "missões" na África.

2 ilusões bem trabalhadas na igreja evangélica são as de mérito e culpa. Os membros realmente acreditam que sua espiritualidade é medida pela assiduidade nos cultos e pelas atividades desenvolvidas (meios transformados em fins em si mesmos) e, por isso, são merecedores de certas recompensas divinas e elogios ("Fulano é uma benção, consagrado"). Por outro lado, ao faltar a uma determinada reunião, logo a pessoa justifica(pra ela mesma em sua pesada consciência) o porquê de sua ausência, temendo a punição divina (e pastoral) por ter preferido ir ao Maracanã a estar em sua igreja. Com a ilusão de culpa, portanto, a igreja se transforma num sistema de controle muito eficaz.

A igreja evangélica insiste em afirmar que aquele prédio é a casa de Deus, que o altar(?) é lugar sagrado e que passar 2 ou 3 horas de domingo ali é mais espiritual (e importante) que almoçar entre familiares ou amigos; o evangelho do não (não beba, não fume, não dance) é pregado em detrimento do evangelho de Jesus (sim, ame; sim, perdoe). Aliás, um manequim qualquer de loja não bebe, não fuma, não dança e, nem por isso, vai pro Céu.

A salvação tornou-se sinônimo de ascenção social. O calvinismo aqui entra em cena e procura traços de uma pessoa salva: empresário bem-sucedido? Ok! Foi promovido mais de uma vez em um ano? Ok! Passou no concurso público? Ok! Aprovado pro Céu!

Em penúltimo lugar e não menos importante, hoje em dia é muito fácil andar com a Bíblia embaixo do braço. Estranho comparar nosso mundo ocidental fácil de ser cristão com a dificuldade de pregar o evangelho em Atos. Até porque hoje a pregação é restrita aos que já são "de dentro". Se der tempo, falamos aos "de fora" quem é esse Jesus.

Por último, essa comparação que observei outro dia em um livro é sensacional: afirma categoricamente certo autor que os evangélicos são os novos fariseus. Cá entre nós, motivos não lhe faltam para tal comparação: os fariseus surgiram num momento de decadência do judaísmo com o objetivo de resgatar a "pureza" da religião, enquanto os protestantes surgiram num momento de decadência do cristianismo para resgatar a "pureza" da religião; os fariseus eram reconhecidos como pessoas justas e separadas do mundo, não tocavam o que era imundo e compareciam regularmente aos templos, o que é totalmente compatível com os protestantes de hoje, os quais ajudaram a transformar a mensagem de Jesus em religião dominical das doutrinas corretas (embora a católica tenha sido pioneira nisso), possuem um modo de vida exclusivista (e anti-Jesus) e, ao mesmo tempo, são reconhecidos como pessoas boas e ordeiras.

Alguns acham esses motivos insuficientes para se abandonar a igreja evangélica. Tascam um "a Igreja é feita de pessoas imperfeitas" e pronto! Tudo está justificado. Outros apontam que isso tudo é a existência do joio no meio do trigo. Acredito que não é nem um, nem outro. A igreja institucional destruiu a mensagem de Jesus e, paradoxalmente, manteve viva a sua memória. E, infelizmente, temos que conviver com essa realidade.
Rio De Janeiro - RJ
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