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Palavra do leitor

Deus: morto ou necessário?

"O sacrifício de Cristo nos convida a irmos ao cotidiano secular e difundirmos a proposta de salvação integral e interpessoal; ou seja, todas as vertentes da vida devem ser abarcadas pela Graça, pela liberdade, pela justiça, pela ética e comunhão da interdependência!"...

A frase, "Deus está morto", assaz difundida, com maior incidência, nos corredores de pensar teológico e filosófico, preconizada pelo pensador de Nietzshe, vira e mexe, tem sido debatida.

Ouso, então, guardadas as devidas restrições, reinterpretá-la da seguinte maneira:

- Deus: morto e necessário?

Parto dessa indagação e arguo, alfineto o étimo de evangelho em voga, cartaz, exposição em cada esquina, em cada templo, em cada metropole e por ai vai.

Digo tais palavras, em razão de irmos em direção da palavra delatora da vida, Cristo Jesus.

Muito embora, aja relutâncias e ataques mordazes no tocante a presente linha de raciocínio, procuro reiterar a relevância da Igreja assumir ou reassumir o seu legado de ser a presença da Graça apaixonada pela vida.

Neste itinerário, devemos atentar para a elaboração da vida envolta pela palavra-mestra, pela comunhão da interdependência, pelo serviço criativo e pela fé lúdica.

Vou mais além, a palavra-mestra, Cristo Jesus, personifica as suas vestes a efeito de instaurar uma Igreja, pessoas banhadas pela liberdade integral e restauradora, regida por vínculos de intensidade, intimidade e irmandade.

Então, amplio e aprofundo a aludida questão sobre Deus morto ou necessário não ser o espelho da nossa trajetória cristã ( neste contexto não sou isento)?

Deveras, o evangelho tem sido propalado avassaladoramente, em nosso País, mas o processo de crescimento e desenvolvimento desprovido de uma ortopráxis pujante, de uma salvação do caráter, de uma evangelização focada a arraigar comunidades de identidade e não de anônimos, de massas atomizadas, de pessoas convergidas a atender os seus interesses e só.

Por isso, antes de execrarmos este ou aquele movimento evangélico, torna-se de bom alvitre aceitarmos um confronto pessoal a fim de verificar se não somos os discípulos de um Deus morto e necessário?

Vale citar, morto com relação a atentarmos e nos levantarmos contra um sistema de desumanização e degração da vida; necessário por cultivarmos um evangelho rotineiro, de participar de reuniões semanais, de restringir a vida espiritual mais a uma tradição insossa e enfadonha.

Isto traz a tona a urgência de irmos ao núcleo de uma inter-relação revolucionária com Cristo.

Em tempos marcados pelo individualismo, relativismo, do cada um por si e Deus por todos, do utilitarismo torna-se condição sine qua non recuperarmos o ide, o pregai e formais discípulos, gestar vidas para Cristo, nortear vidas para Cristo, participar e consubstanciar um evangelho de serviço e engajamento, de oração e meditação desafiadora da palavra.

Tão somente assim, conseguiremos clher uma humanidade refinada, não perfeita e sim imbuída pela docilidade, pela candura, pela suavidade e imaginação de um Deus dialogal e de recomeços.

A grosso modo, em Cristo Jesus todas as vertentes da vida encontrão sentido, destino e motivação; as esferas da secularidade (a economia, o direito, a política, a ciência, a cultura, a ética e o ser humano logrará equilíbrio e docilidade).

Enquanto insistirmos por desenharmos a feitura de um Cristo emudecido as vicissitudes, as agruras e ambiguidades do ser humano; um Cristo de mantras, de fórmulas mirabolantes e estapafúrdias; um Cristo que nos promete extrair a dinâmica da vida e seus entrechoques, tetricamente, sucumbiremos e sermos ecos verberadores de um evangelho de farsas, de um Deus morto e necessário.
São Paulo - SP
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