Deus acima de tudo?

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"Se a igreja permanecer em discussões, para provar a existência de Deus, ao invés de participar e O fazer viver no ser humano, com toda certeza, não passará de uma figura, embora até parte de uma tradição, desconectado da realidade’’.

Texto de Amós 5. 18 a 24

O lema Deus acima de tudo virou uma espécie de mandamento categórico ou como um mantra a ser seguido por aqueles voltados a defender certos ideais ou idealismos. Sem sombra de dúvida, expressamente, incorporado para as questões relacionadas e correlacionadas a política e, como não poderia ir à direção oposta, concebido como uma bandeira para caracterizar os denominados verdadeiros cristãos, em particular. É bem verdade, ao adentrar no espaço do tema política, estou sujeito a lidar com questões e assuntos polêmicos, inquietantes, controvertidos e desconfortáveis.

Decerto, acredito ser um dos maiores erros e equívocos cometido por muitas pessoas, por não perceber o quanto a política envolve dimensões multifacetadas, amplas, profundas, difusas e complexas, a qual pode ser definida como o meio para convivência possível entre os indivíduos, entre as famílias, entre as comunidades, entre as coletividades, entre eu e você, seja com intensidade ou não, seja com profundidade ou com superficialidade, seja direta ou indiretamente.

Destarte, quando evoco a frase – ‘’Deus acima de tudo’’, corremos o perigo eminente de validar, de endossar e de testificar os mocinhos, os bons e os certos, de um lado e, entrementes, os carrascos, os maus e os errados, de outro lado. Então, devemos considerar a igreja dotada de uma dimensão também política, de um chamado para ser o espaço voltado a promover a convivência entre os seres humanos, em suas particularidades e peculiaridades, em suas variedades e diferenças.

Assim sendo, não podemos nos esquecer de ser o papel da igreja não voltado a ditar e a editar os mandatos e as diretrizes de como o Estado deve se conduzir, como se fosse encarregada de impor as ações, as pautas e as agendas governamentais. Faz-se observar, o Estado (seja nas esferas do executivo, do legislativo e do judiciário) não recebeu nenhuma outorga, nenhuma ordem, nenhuma atribuição para estabelecer as agendas, as pautas e os princípios da igreja.

Deve ser dito, a igreja, embora não tenha nenhuma tutela sobre o Estado, não pode se curvar diante de ideologias que esvaziam o ser humano de sua humanidade, de seu encontro com o outro, de verdades objetivas, de ideias, de crenças e de valores que viram as costas e descartam, por completo, a redenção da pessoa humana. Semelhantemente, não pode se afinar e se afeiçoar aos aplausos e se tornar passiva, neutra, conformada e indiferente diante de pretensos discursos distantes do verdadeiro chamado do evangelho.

Em outras palavras, a igreja deve ser um não claro a tudo aquilo que se opõe a mensagem do evangelho de Jesus Cristo. Digo isso, em função de a igreja ser incumbida de levar, ao mundo e ao outro, o evangelho compromissado e comprometido com o disseminar do amor que importa, do amor que estima e do amor que se atenta; o respeito que vê o outro como imagem e semelhança do Deus Ser Humano Jesus Cristo; a esperança que nos faz ir adiante, em cada mover e movimentar da vida. Por fim, ao falar de político, falo dos passos de um certo Jesus Cristo e que nos ensina a pratica arrebatadora do conviver e, logo, a expressão – ‘’Deus acima de tudo’’, deve ser removida para que o Deus Ser Humano Jesus Cristo esteja e se faça entre pessoas, mesmo que seja necessário o enfrentamento para derrubar com todas as manipulações demônicas ou destrutivas de quem se vale da Cruz para deformar, divergir, dissentir e destruir.

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Opinião do leitor