Palavra do leitor
- 28 de abril de 2009
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Desimportante
Decididamente, Deus não me chamaria para ser um "grande homem de Deus". As pessoas não dariam meu nome aos seus filhos se o meu nome não fosse emprestado de um vulto da história.
Insolente e vaidoso demais, preguiçoso na fé e no ministério, omisso na piedade, não-caridoso; quando olho para o chão estou à procura de degraus. Sou assim, terrivelmente humano; crente, mas a que preço meu Deus?!
Ao longo da história da Igreja eu seria aproveitado com sucesso por Lutero, cuidaria das suas anotações; um excelente secretário para Calvino, de brinde, minha opinião nas Institutas; tratador dos cavalos de Wesley e lhe sugeriria períodos para frugalidades, além de preservá-lo dos desastres afetivos.
Cicerone de Simonton; cocheiro de Granbery; pajem de Carey; carregador das malas de Livingstone; mordomo de C. S. Lewis, com esmero; acompanhante de D. L. Moody. Acostumaram-me mal, soberbo até pra servir. Quem corrige os originais de Augustus Nicodemus? E a agenda de Stott, quem organiza?
Não, não estou pela história à procura de emprego, é que temos esses dias nos quais, sem prazer algum tiramos a máscara de dedicados e inatacáveis homens de Deus e olhamos pra nós mesmos, como somos sem tirar nem pôr. Foi-me negada a glossolália, por prudência foi negada. De misericórdia é que me encheu o Espírito Santo ( diagnóstico do pr. Arnaldo); não há lugar para vanglória quando dou banho em mendigos, os visto, alimento-os, deixo-os limpos após usarem o sanitário e trato-lhes as feridas, em geral purulentas e então os evangelizo.
Li, pela enésima vez a “Oração para cada dia da semana - transcrevo aqui um trecho bastante significativo: “ Sobretudo livra-me, ó Deus, da idolatria de amar a mim mesmo. Sei que essa é a razão de todos os males. Sei que me criaste não para fazer a minha própria vontade, mas a Tua. Sei que o principal pecado do diabo é ter uma vontade contrária à Tua. “Ajude-me contra ele, o mais perigoso de todos os ídolos, para que eu possa discernir todas as suas argúcias e resistir a todo o seu poder.
Pastor de Israel recebe-me esta noite e me coloca sob Tua proteção. Aceita os meus pobres serviços e perdoa todos os meus pecados (...) “que todos nós que esperamos a tua salvação possamos amá-lo e louvá-lo eternamente” - John Wesley.
Pergunto-me quando comecei a andar do lado errado da estrada, penso no outro João, o batista; o que ele via e sabia? Sim, que sentimentos moviam aquele homem, quando vieram lhe dizer que os que antes o seguiam, agora seguem Aquele. Que tipo de amor nutria-o a ponto de afirmar: importa que eu diminua e que Ele cresça?
Sirvo a Deus, ciente que nada há de mais importante e urgente, sirvo-O, no entanto, com a sensação de ter feito menos que devia, aquém do proposto. Que oração devo fazer? Que canção hei de entoar? Que atos piedosos faltam ao meu dia, pra que eu não me sinta faltoso, sempre?
Às vezes penso servi-lo abnegadamente, então me apanho a esperar recompensas.
Sou assim, creio ter sido sempre; na espera interminável por um olhar de aprovação de Deus; síndrome de ralé do céu; anseios de crente sem títulos ao portador emitidos pelo tesouro celestial, propenso a engrossar as filas nos templos neopentecostais à espera de respostas palpáveis, visíveis, mercantis.
Mas é só um momento; logo o preceptor divino começa a sussurrar: “Descansa ó alma; eis o Senhor ao lado; paciente leva, e sem queixar-te, a cruz. Deixa o Senhor tomar de ti cuidado: Ele não muda, o teu fiel Jesus! Prossegue ó alma: o amigo celestial protegerá os teus passos no espinhal. Confia, ó alma: a hora vem chegando, irás com Cristo, o teu Senhor, morar. Sem dor nem mágoas gozarás, cantando, as alegrias do celeste lar; descansa ó alma; agora há pranto e há dor, depois, o gozo, a paz, o céu de amor.” Então tudo toma forma e cor; na esfera da fé, onde deveria sempre me mover compreendo as promessas do Senhor; “que não vê como o homem vê, mas está atento ao coração”.
Meus pios e misericordiosos atos não movem o coração do Senhor, como podem movê-lo a minha teimosia em ser, diuturnamente filho, mesmo torto, desavisado, descaridoso, desimportante.
( ex-interno do centro de recuperação de mendigos – Missão Vida)
www.mvida.org.br conheça-nos
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Insolente e vaidoso demais, preguiçoso na fé e no ministério, omisso na piedade, não-caridoso; quando olho para o chão estou à procura de degraus. Sou assim, terrivelmente humano; crente, mas a que preço meu Deus?!
Ao longo da história da Igreja eu seria aproveitado com sucesso por Lutero, cuidaria das suas anotações; um excelente secretário para Calvino, de brinde, minha opinião nas Institutas; tratador dos cavalos de Wesley e lhe sugeriria períodos para frugalidades, além de preservá-lo dos desastres afetivos.
Cicerone de Simonton; cocheiro de Granbery; pajem de Carey; carregador das malas de Livingstone; mordomo de C. S. Lewis, com esmero; acompanhante de D. L. Moody. Acostumaram-me mal, soberbo até pra servir. Quem corrige os originais de Augustus Nicodemus? E a agenda de Stott, quem organiza?
Não, não estou pela história à procura de emprego, é que temos esses dias nos quais, sem prazer algum tiramos a máscara de dedicados e inatacáveis homens de Deus e olhamos pra nós mesmos, como somos sem tirar nem pôr. Foi-me negada a glossolália, por prudência foi negada. De misericórdia é que me encheu o Espírito Santo ( diagnóstico do pr. Arnaldo); não há lugar para vanglória quando dou banho em mendigos, os visto, alimento-os, deixo-os limpos após usarem o sanitário e trato-lhes as feridas, em geral purulentas e então os evangelizo.
Li, pela enésima vez a “Oração para cada dia da semana - transcrevo aqui um trecho bastante significativo: “ Sobretudo livra-me, ó Deus, da idolatria de amar a mim mesmo. Sei que essa é a razão de todos os males. Sei que me criaste não para fazer a minha própria vontade, mas a Tua. Sei que o principal pecado do diabo é ter uma vontade contrária à Tua. “Ajude-me contra ele, o mais perigoso de todos os ídolos, para que eu possa discernir todas as suas argúcias e resistir a todo o seu poder.
Pastor de Israel recebe-me esta noite e me coloca sob Tua proteção. Aceita os meus pobres serviços e perdoa todos os meus pecados (...) “que todos nós que esperamos a tua salvação possamos amá-lo e louvá-lo eternamente” - John Wesley.
Pergunto-me quando comecei a andar do lado errado da estrada, penso no outro João, o batista; o que ele via e sabia? Sim, que sentimentos moviam aquele homem, quando vieram lhe dizer que os que antes o seguiam, agora seguem Aquele. Que tipo de amor nutria-o a ponto de afirmar: importa que eu diminua e que Ele cresça?
Sirvo a Deus, ciente que nada há de mais importante e urgente, sirvo-O, no entanto, com a sensação de ter feito menos que devia, aquém do proposto. Que oração devo fazer? Que canção hei de entoar? Que atos piedosos faltam ao meu dia, pra que eu não me sinta faltoso, sempre?
Às vezes penso servi-lo abnegadamente, então me apanho a esperar recompensas.
Sou assim, creio ter sido sempre; na espera interminável por um olhar de aprovação de Deus; síndrome de ralé do céu; anseios de crente sem títulos ao portador emitidos pelo tesouro celestial, propenso a engrossar as filas nos templos neopentecostais à espera de respostas palpáveis, visíveis, mercantis.
Mas é só um momento; logo o preceptor divino começa a sussurrar: “Descansa ó alma; eis o Senhor ao lado; paciente leva, e sem queixar-te, a cruz. Deixa o Senhor tomar de ti cuidado: Ele não muda, o teu fiel Jesus! Prossegue ó alma: o amigo celestial protegerá os teus passos no espinhal. Confia, ó alma: a hora vem chegando, irás com Cristo, o teu Senhor, morar. Sem dor nem mágoas gozarás, cantando, as alegrias do celeste lar; descansa ó alma; agora há pranto e há dor, depois, o gozo, a paz, o céu de amor.” Então tudo toma forma e cor; na esfera da fé, onde deveria sempre me mover compreendo as promessas do Senhor; “que não vê como o homem vê, mas está atento ao coração”.
Meus pios e misericordiosos atos não movem o coração do Senhor, como podem movê-lo a minha teimosia em ser, diuturnamente filho, mesmo torto, desavisado, descaridoso, desimportante.
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