Palavra do leitor
- 16 de julho de 2013
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Artigo publicado em resposta a Por um movimento missionário pós-colonial
Descolonizando a Missão
Ao ler o título do artigo da Braulia Ribeiro, fiquei extremamente ansiosa para ler todo o seu conteúdo. Há poucas semanas, os pensamentos de Aníbal Quijano e Walter Mignolo tinham sido alvo de discussão na sala de aula do meu mestrado. Encontrar um tema difundido no meio acadêmico contextualizado em uma revista cristã muito me alegrou.
Os autores citados ao tratarem da colonialidade do poder explicam que a raça, enquanto critério legitimador para a distribuição dos papeis na estrutura de poder da nova sociedade, colocou negros e índios em um bloco uniforme e inferior aos europeus. Em um contexto de invisibilidade sociológica, os povos colonizados foram subjugados e despojados de suas singularidades. Sem poder participar das decisões sobre a organização social e politica da sociedade, tais povos perderam sua autodeterminação na produção da subjetividade, cultura e conhecimento, restando-lhes apenas uma identidade racial, colonial ditada em termos negativos. Com a expropriação da identidade e o monopólio europeu do conhecimento científico, as cosmovisões dos povos colonizados e suas produções de sentido foram alocadas para lugares subalternos, fazendo emergir a ideia de que o não-europeu era incapaz de ser produtor da Modernidade. Cabia, então, aos europeus, difundir essa modernidade entre os nativos. Competia-lhes a “missão” de modernizar todos aqueles que não fossem europeus.
O mesmo olhar etnocêntrico é ainda visto em projetos missionários (coloniais) que desconsideram o valor dos saberes construídos a partir das historias locais e seus padrões de produção de subjetividade, de sentido. Essa visão equivocada impede o reconhecimento das múltiplas identidades traçando uma rígida fronteira que separa os missionários dos povos não-alcançados.
O alvo da nova expressão missionária, como coloca Bráulia Ribeiro, deve ser o de criar pontes entre as culturas de modo a não desvalorizar as culturas indígenas que constituem também expressão da graça multiforme de Deus. Somente com esse olhar, será possível reconhecer o outro em sua alteridade.
A chegada do outro traz consigo a surpresa, é uma chegada inesperada permeada por conflitos. Todavia, é esse conflito surgido da interação com o outro que permite a abertura para múltiplos sentidos. A tomada de consciência do outro obriga o "eu" a reorientar sua ação para incluir esse outro sendo que tal relacionamento intersubjetivo permite ao indivíduo a tomada de consciência de si mesmo.
Nesse sentido, um movimento missionário pós-colonial deve considerar a PESSOA do nativo, tendo-se consciência de que o termo pessoa remete necessariamente a um diálogo, pois só é possível conhecer-se através do outro. Conforme afirma Hegel, "cada um está consciente de si mesmo no outro".
Os autores citados ao tratarem da colonialidade do poder explicam que a raça, enquanto critério legitimador para a distribuição dos papeis na estrutura de poder da nova sociedade, colocou negros e índios em um bloco uniforme e inferior aos europeus. Em um contexto de invisibilidade sociológica, os povos colonizados foram subjugados e despojados de suas singularidades. Sem poder participar das decisões sobre a organização social e politica da sociedade, tais povos perderam sua autodeterminação na produção da subjetividade, cultura e conhecimento, restando-lhes apenas uma identidade racial, colonial ditada em termos negativos. Com a expropriação da identidade e o monopólio europeu do conhecimento científico, as cosmovisões dos povos colonizados e suas produções de sentido foram alocadas para lugares subalternos, fazendo emergir a ideia de que o não-europeu era incapaz de ser produtor da Modernidade. Cabia, então, aos europeus, difundir essa modernidade entre os nativos. Competia-lhes a “missão” de modernizar todos aqueles que não fossem europeus.
O mesmo olhar etnocêntrico é ainda visto em projetos missionários (coloniais) que desconsideram o valor dos saberes construídos a partir das historias locais e seus padrões de produção de subjetividade, de sentido. Essa visão equivocada impede o reconhecimento das múltiplas identidades traçando uma rígida fronteira que separa os missionários dos povos não-alcançados.
O alvo da nova expressão missionária, como coloca Bráulia Ribeiro, deve ser o de criar pontes entre as culturas de modo a não desvalorizar as culturas indígenas que constituem também expressão da graça multiforme de Deus. Somente com esse olhar, será possível reconhecer o outro em sua alteridade.
A chegada do outro traz consigo a surpresa, é uma chegada inesperada permeada por conflitos. Todavia, é esse conflito surgido da interação com o outro que permite a abertura para múltiplos sentidos. A tomada de consciência do outro obriga o "eu" a reorientar sua ação para incluir esse outro sendo que tal relacionamento intersubjetivo permite ao indivíduo a tomada de consciência de si mesmo.
Nesse sentido, um movimento missionário pós-colonial deve considerar a PESSOA do nativo, tendo-se consciência de que o termo pessoa remete necessariamente a um diálogo, pois só é possível conhecer-se através do outro. Conforme afirma Hegel, "cada um está consciente de si mesmo no outro".
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