Descanse: Deus não está dormindo

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"Eis que aquele que guarda Israel não cochilará nem dormirá." (Salmo 121.4)

Saber, através do salmista, que o Senhor não dorme e nem mesmo cochila, traz ao povo de Deus a garantia de que seguramente podemos descansar nas promessas e no cuidado do próprio Criador. É incrível como a Bíblia desde o Antigo Testamento apresenta a ação divina em nos convidar a descansar na sua graça e na sua provisão. (Sl 46.10, Is 30.15, Sl 37.18-19). Tendo em vista a nossa grande dificuldade em nos lançar aos cuidados de Deus e aceitar o seu descanso, alguns pontos sobre esse tema merecem destaque servindo de ajuda para transformar a maneira de prosseguirmos em nossa peregrinação por esse mundo.

O primeiro ponto é que o descanso em Deus nos leva à constante lembrança de que o caminho que nos trouxe à vida é o mesmo que nos fará ter condições de continuar vivendo. O novo nascimento da humanidade (Jo 3.3-7) acontece pela graça mediante a fé em Jesus Cristo (Ef 2.8). Não nascemos de novo pelos métodos e obras carnais, mas pela fé no poder de Deus. Porém, essa não é a realidade apenas do nascimento, mas também da continuação da vida (Hc 2.4). Enquanto cristãos vivemos imersos no descanso em Deus, a jornada é encaminhada pela graça do início ao fim. Renunciamos às nossas pretensões, às nossas próprias inclinações carnais, para nos submeter ao anseio daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz (1Pe 2.9). Nós descansamos na boa, perfeita e agradável vontade do Pai.

O segundo ponto é que se Deus não dorme e nem cochila, conforme o salmista ensina, isso significa que quando acordamos para começar o nosso dia (com as suas mais variadas tarefas), Deus já está operando neste mundo há muito tempo. Na verdade, temos a tendência de achar que foi com a nossa vinda a esse planeta que algumas coisas passaram a existir e a se manterem existindo. A questão é que bem antes dos nossos projetos sonharem em vir à mesa, Deus já cuidava da sua criação, ele já agia. Talvez, por essa razão, seria prudente e sábio da nossa parte sempre perguntarmos a Deus o que ele deseja que façamos na obra que ele já começou. Do contrário, nossa ação será uma catastrófica interferência na criação.

O terceiro ponto é que descansar em Deus não é sinônimo de ausência de trabalho, na verdade, como disse John Steinbeck, "a arte do descanso é uma parte da arte de trabalhar". Paulo já nos ensina que a graça divina que o havia alcançado o fez trabalhar ainda mais dentro da missão que lhe fora confiada (1 Co 15.10). No final das contas, descansar em Deus é trabalhar para ele. Um bom exemplo disso são nossas práticas de oração. Quando oramos, não apenas nos relacionamos com Deus, mas descansamos em seu cuidado. Por diversas vezes, Deus estabelece a sua vontade em cooperação com a oração do seu povo (2 Cr 7.14, Mt 9.38, Mt 26.41). Em vez de agir pela força e pelo trabalho carnal, descansamos no poder de Deus e, ao fazer isso, trabalhamos juntamente com ele. Se refletirmos bem, perceberemos que todas as vezes que oramos, estamos em trabalho para nos submeter à vontade de Deus, para nos render aos seus conselhos sobre as situações que nos cercam, para silenciar as vozes da nossa mente e ouvir a voz daquele que sustenta a criação. Ou seja, ao orarmos, descansamos no trabalho que Deus haverá de fazer mediante os seus decretos perfeitos.

Por fim, o Novo Testamento continua nos convidando a ir até Deus e nos rendendo ao seu descanso (Mt 11.28-30, Hb 4.1-3). Podemos descansar, porque ele montará guarda e nos protegerá, nada nos arrebatará das suas mãos (Jo 10.28). O seu convite é que vivamos um descanso na liberdade dada por Cristo, nos afastando do trabalho que o serviço ao pecado nos submetia. Quão bom é saber que o nosso Deus não dorme e nem mesmo cochila!

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Opinião do leitor