Palavra do leitor
11 de março de 2011
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"Des-graçado Deus"
Em meio à correria do trabalho pesado, não nos faltou tempo com as famílias para os deliciosos cafezinhos nos finais das tardes. Juntos trabalhamos, rimos e choramos.
Nos últimos vinte dias estive trabalhando na pequena Vieira, vila que pertence ao município de Teresópolis. Lá, mais de oitenta pessoas perderam suas vidas devido à volumosa chuva da madrugada do dia 11 de Janeiro. Quem não perdeu algum membro da família, perdeu no mínimo um grande amigo. A quase dois meses da tragédia, o Anderson chora o luto dos que se foram. Ele perdeu sua esposa e seu único filho, um lindo menino de cinco anos. O Djalma chora a morte do pai e irmãos, a Patrícia chora a perda de sua casa, construída com o suor do trabalho duro na lavoura. O Zé chora a perda das cebolinhas que estavam prontas para serem colhidas, elas alimentariam as famílias da cidade grande, e o que sobraria do fracionado lucro o sustentaria por algum tempo. A Ângela chora porque o governo não tardou em desanimá-la, depois de idas e vindas à Caixa, o aluguel social ainda não está disponível. Outro dia ela assistiu uma reportagem sobre os desabrigados de Santa Catarina, que três anos após a tragédia, alguns dos de lá continuam morando em barracas "provisórias".
Há uns “portadores da verdade” que sobem a Serra com seus carros e caminhões carregados de donativos, interesses e arrogância, que dizem para os Vieirenses: Deus está julgando a Serra, vocês precisam se voltar para Jesus... O Anderson não consegue entender porque que o Deus que ele pensava ser amoroso e misericordioso matou seu filho e esposa. As poucas palavras que sai de sua boca são: Eu não estou entendendo, mas Deus sabe o que faz!
Deus realmente sabe, Ele sabe por que boa parte das pessoas que estão nos abrigos são pobres e negras, Ele sabe!
Nossa fé animista não consola o Anderson e nem confronta as repetidas injustiças. No curto prazo, nossos caminhões e voluntários subiram a Serra, uns com boa vontade, outros com arrogância e respostas prontas, usando a situação de destruição e luto como estratégia para podermos empurrar nossa estranha visão sobre o causo.
Amanhã faz dois meses do acontecido. O cenário mudou completamente, as necessidades são outras. A grande maioria das pessoas já não precisa mais de roupas, água ou cestas básicas. O momento é de reconstrução. Reconstrução da casa da Patrícia, reconstrução do relacionamento entre o Anderson e seu “des-graçado” Deus. É momento de cobrarmos dos que prometeram, é momento de expressarmos o amor e a verdadeira graça do Deus que é Pai e amigo do Anderson, da Patrícia, Ângela, Djalma, Zé...
Nos últimos vinte dias estive trabalhando na pequena Vieira, vila que pertence ao município de Teresópolis. Lá, mais de oitenta pessoas perderam suas vidas devido à volumosa chuva da madrugada do dia 11 de Janeiro. Quem não perdeu algum membro da família, perdeu no mínimo um grande amigo. A quase dois meses da tragédia, o Anderson chora o luto dos que se foram. Ele perdeu sua esposa e seu único filho, um lindo menino de cinco anos. O Djalma chora a morte do pai e irmãos, a Patrícia chora a perda de sua casa, construída com o suor do trabalho duro na lavoura. O Zé chora a perda das cebolinhas que estavam prontas para serem colhidas, elas alimentariam as famílias da cidade grande, e o que sobraria do fracionado lucro o sustentaria por algum tempo. A Ângela chora porque o governo não tardou em desanimá-la, depois de idas e vindas à Caixa, o aluguel social ainda não está disponível. Outro dia ela assistiu uma reportagem sobre os desabrigados de Santa Catarina, que três anos após a tragédia, alguns dos de lá continuam morando em barracas "provisórias".
Há uns “portadores da verdade” que sobem a Serra com seus carros e caminhões carregados de donativos, interesses e arrogância, que dizem para os Vieirenses: Deus está julgando a Serra, vocês precisam se voltar para Jesus... O Anderson não consegue entender porque que o Deus que ele pensava ser amoroso e misericordioso matou seu filho e esposa. As poucas palavras que sai de sua boca são: Eu não estou entendendo, mas Deus sabe o que faz!
Deus realmente sabe, Ele sabe por que boa parte das pessoas que estão nos abrigos são pobres e negras, Ele sabe!
Nossa fé animista não consola o Anderson e nem confronta as repetidas injustiças. No curto prazo, nossos caminhões e voluntários subiram a Serra, uns com boa vontade, outros com arrogância e respostas prontas, usando a situação de destruição e luto como estratégia para podermos empurrar nossa estranha visão sobre o causo.
Amanhã faz dois meses do acontecido. O cenário mudou completamente, as necessidades são outras. A grande maioria das pessoas já não precisa mais de roupas, água ou cestas básicas. O momento é de reconstrução. Reconstrução da casa da Patrícia, reconstrução do relacionamento entre o Anderson e seu “des-graçado” Deus. É momento de cobrarmos dos que prometeram, é momento de expressarmos o amor e a verdadeira graça do Deus que é Pai e amigo do Anderson, da Patrícia, Ângela, Djalma, Zé...
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