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Palavra do leitor

Dependência ou morte!

À beira do Rio Ipiranga, D. Pedro I fez soar o brado que ecoaria por toda a história do Brasil: Independência ou morte!

Naquele momento, a proposta era de libertar o Brasil do domínio português nem que fosse através da (própria) morte. No entanto, sob o jugo de Portugal, o povo brasileiro não viveria mais. Para o Brasil ser livre, haveria de ser um País independente.

Ao trazer à memória tal evento pela liberdade, não tenho o propósito de avaliar “o mérito da questão” em si. Abordo, apenas, a idéia que paira sobre aquele dia e evento, que é a de que liberdade só é possível quando não está sob qualquer jugo.

Será que liberdade é, mesmo, estar isento de todo e qualquer jugo?

Não creio que qualquer ser humano possa, em algum momento, viver isento de todo jugo. Não acredito que alguém consiga chegar a esta liberdade plena em sua existência.
Concordo, sim, que há relativa e substanciosa liberdade quando se consegue sair do jugo opressor e dominador.

No entanto, o ser humano, enquanto indivíduo, pode alcançar tal “façanha”? E, no que se trata da existência, a liberdade está atrelada a isenção de todo e qualquer jugo? Será que, no caso da alma, a independência é um benefício, uma conquista da liberdade? Será que não ter qualquer autoridade sobre nós é garantia de liberdade?

Há jugos mais pesados do que os impostos pelos governos opressores. Contudo, pergunto, ainda: são os brasileiros livres de todo e qualquer jugo? Depois que nos libertamos de Portugal, nenhum jugo foi posto sobre a nação? Goza, cada cidadão brasileiro, de plena liberdade?

Se não podemos experimentar a plena liberdade na independência, onde a poderemos encontrar? Será que não estamos nos iludindo e andando no caminho inverso de onde está a verdadeira e plena liberdade? Será que a liberdade não está muito mais ligada à questão da dependência do que da independência?

Pensemos: Pode o ser humano tornar-se plenamente independente em sua existência? É possível ser totalmente livre? É possível uma total independência? Ou o ser humano está intrinsecamente “preso” a alguma “lei da dependência”?

Por exemplo: Enquanto corpo físico, todo ser humano é dependente de “água e pão” para poder viver. E no que diz respeito à existência? Seremos, todos nós, dependentes de “água e pão” que transcendem a matéria para podermos viver e existir?

E se, em parte, esta aversão à autoridade não está relacionada a um outro jugo? O jugo do pecado de nos rebelarmos contra a autoridade divina? Aí, pergunto: é possível se rebelar contra a autoridade de Deus e ser livre? Será que não está havendo uma confusão com o livre arbítrio e independência em relação a Deus? Sendo Deus a origem da vida, é possível viver independente Dele?

Se a resposta é não, então, o brado não seria “independência ou morte”, mas “independência é morte”. Neste caso, buscar viver independente de Deus é provocar a própria morte. É condenar-se a si mesmo. É caminhar para o inferno.

Entendo que para alcançar relativa liberdade faz-se necessário alguns rompimentos e a libertação de alguns jugos opressores. Entretanto, entendo que para se alcançar a plena (e não apenas relativa) liberdade, ao contrário da independência, faz-se necessário o vínculo com Deus. Na verdade, mais que um vínculo, faz-se necessário uma completa dependência de se viver e existir sob a Graça e a Vontade de Deus. E essa “lei da dependência” ficou clara na encarnação de Deus – Jesus Cristo, quando Ele afirma que sem Ele nada podemos fazer e que se não crermos Nele, morreremos em nossos pecados, pois Ele é verdadeira bebida e verdadeira comida.

Sendo assim, no caso de se querer viver e existir fora da Graça e da Vontade de Deus, a independência é morte. Ou seja, ou o ser humano depende de Deus e vive, ou busca viver independente de Deus e morre. Mas aí já não é a morte física, mas a morte eterna; a morte da alma.

Entretanto, para concluir este texto em “alto-astral”, trago à nossa memória outro “brado” soado bem antes do brado de D. Pedro I, que é o “brado” do Nazareno, o Filho de Deus, Jesus: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. E ainda: “Se vocês conhecerem a verdade, a verdade libertará vocês... Se, pois, o Filho libertar vocês, vocês serão verdadeiramente livres”. Ou seja, quando nos rendemos a Cristo Jesus e vivemos e existimos sob a dependência da Graça e Providência de Deus, então, encontraremos a verdadeira e plena liberdade.

Podemos não viver isentos de todo e qualquer jugo. No entanto, podemos trocar os jugos pesados por jugos leves e suaves. Escute e atenda ao convite de Jesus: “Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados e Eu darei alívio a vocês. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, porque Sou manso e humilde de coração; e vocês acharão descanso para suas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.
Fortaleza - CE
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